 
A governadora Rosalba Ciarlini encerra o primeiro ano de gestão  anunciando a municipalização do Programa do Leite, o principal da área  de assistência social do Governo. Hoje são 115 mil famílias beneficiadas  pelo programa, que a partir do próximo ano passará a ter a parte de  distribuição executada pelas 167 prefeituras do Rio Grande do Norte  (leia mais sobre as mudanças na página 6). O anúncio foi feito ontem,  durante café da manhã da governadora com jornalistas. Ela descartou, na  ocasião, o retorno da inspeção veicular. Por outro lado, admitiu que não  há prazo para implantação do plano de cargos das 14 categorias que  aguardam os reajustes e a execução da lei aprovada ainda no ano passado.  Para os policiais civis e delegados aprovados em concurso público, a  governadora Rosalba trouxe um alento: a convocação sairá nos próximos  dias. Já para o Tribunal de Contas do Estado o anúncio do nome do novo  conselheiro não tem data. A governadora também respondeu sobre as eleições do próximo ano. A chefe  do Executivo disse que um dos critérios a ser adotado para a escolha  dos candidatos será a reciprocidade e a lealdade. "O critério que vamos  avaliar é, primeiro, quem me apoiou, quem estava comigo na hora mais  difícil.", disse a governadora, durante o encontro de final de ano com  jornalistas. Ela foi enfática ao afirmar que em todos os municípios  potiguares assumirá posição. "Candidato teremos e pode estar certo,  nunca fui de ficar em cima do muro. Tenho um lado", destacou. Rosalba  chegou a defender o decreto que limitava manifestações no Centro  Administrativo. Mas, no final da noite, anunciou a revogação do mesmo  decreto (leia mais sobre o assunto na página 12). Seguem os principais  trechos da entrevista que a governadora Rosalba Ciarlini concedeu ontem. 
Municipalização do Programa do Leite 
Quando  assumimos encontramos o Programa do Leite com muitas dívidas. Realmente  precisávamos continuar pagando o atrasado e continuar o programa. Uma  parte do programa é feito com recursos do Governo Federal, que só veio  regularizar (o pagamento) agora em outubro. Foi o ano todo o Estado  tendo que arcar sem receber essa regularização. Quando você está devendo  é difícil organizar como fazer melhor. Mas mesmo assim começamos a  observar que havia muita reclamação na qualidade, inclusive houve alguns  laticínios interditados pela Covisa. Foi feita interdição e demos prazo  para eles melhorarem. E também a questão de que não tínhamos o controle  da quantidade. Recebíamos como sendo 156 mil beneficiários, estávamos  pagando para isso, mas ninguém tinha o controle. É necessário fazer o  controle, recadastrar tudo de novo. Fomos analisando, vendo experiência  em outros Estados e vi que a medida muito boa era se a gente pudesse  municipalizar. Fazer com que os municípios, que estão na base, no dia a  dia, assumissem. Era feito da seguinte forma, tinha pessoa para  entregar, essa pessoa era escolhida por critério político, a  fiscalização era supervisão que passava só Deus sabe quando.  
Transferência aos municípios  
Não  será obrigatório a Prefeitura assumir o Programa do Leite. Mas haverá  essa opção do município usar sua estrutura e reconheço que a melhor é de  Saúde (das secretarias municipais de Saúde). 
Eleições e municipalização 
"Para  evitar que esse programa seja eleitoreiro nós vamos ter uma comissão  formada na cidade, com a igreja, com Ministério Público. Vamos todos  formar uma comissão que será reguladora de tudo isso. Pior era do jeito  que estava. Já fui prefeita e sei que quando o programa era feito pelo  Governo do Estado se fazia reunião em época de eleição para trocar o  cartão e ver quem era padrinho daquele programa. Vamos dar mais  transparência. Até porque vamos ter o acompanhamento da nutrição. Hoje  pergunte quantas crianças de seis meses a dois anos tem no programa.  Isso você não sabe. Se municipaliza, nós teremos controle maior. Não  será um programa do prefeito, mas da cidade. Não vamos implantar de uma  vez só. Vamos começar agora. A comissão de fiscalização terá também  engajamento do Ministério Público, da Igreja, exatamente para evitar  qualquer tipo de exploração que não seja a nutrição da criança". 
Centrais do Cidadão  
"Encontrei  as Centrais do Cidadão com internet atrasada, aluguéis que nunca  pagaram. Uma série de defasagem que estamos organizando. No primeiro  trimestre vamos fazer uma reformulação total tanto de melhoria de  condição como de novos serviços que serão incorporados. Quando você está  com pouco recurso e tem que ir na bodega para ficar na cadernetinha,  você não tem como ir ao supermercado. Estamos pagando as dívidas,  tivemos dificuldades também porque as gratificações não só das Centrais,  foram suspensas, até porque não existiam normatizações. Eram dadas sem  critério, nem de escolaridade. Muitas pessoas não eram nem de Estado,  tinham só uma matrícula de município que traziam para o Estado.  Reconheço que as Centrais não estão boas e vamos melhorar. O Detran tem  que melhorar dentro das Centrais". 
Novos serviços 
"Vamos  ver como o Detran pode ser mais ágil. Fazer todos os serviços lá (nas  centrais) sem precisar você se deslocar ao Detran. Às vezes faz só a  carteira, mas para fazer um registro tem que ir ao Detran e vamos  implantar todos lá". 
Inspeção veicular 
"Foi  suspensa e está suspensa. Não pretendo retomar a inspeção veicular.  Quando assumi mandei todo processo da Inspar ser analisado pela  Procuradoria, Controladoria e Consultoria Geral do Estado. Depois me  trouxeram relatório e já estava suspenso. Descarto a possibilidade da  inspeção veicular voltar". 
Convocação dos policiais 
"Serão  convocados. É isso que eu acho engraçado, quando eu anunciei que iria  convocar eles vieram com essa história (dos delegados regionais  entregarem os cargos caso não fossem convocados os novos delegados).  Está sendo levantado o número. Temos a Lei de Responsabilidade Fiscal, o  processo passa pela autorização do Tribunal. Estamos checando o número  de aposentados para chamar os policiais civis, como chamamos os  bombeiros. Veja que os bombeiros foram chamados. Precisou de nota de  bombeiro dizendo (que queria ser chamado)? Precisou de nota dos médicos  para serem chamados? Na hora que a gente anuncia (a convocação) aparece  nota (cobrando e pressionando o Governo). Vamos convocar ainda esse ano.  De hoje (ontem) para amanhã estará pronta a relação. Estou só esperando  para checar os números. Não adianta pressão do sindicato, não vai mudar  minha maneira de fazer". 
Novo conselheiro do TCE 
"Tem tempo. Em 2012 é outro ano e vamos ter novidades. Só decido em 2012". 
Definição de candidato  
"Vamos  definir candidaturas, como sempre fizemos. Chegará a hora que  sentaremos e estaremos unidos com um candidado para ganhar a eleição.  Foi assim nos últimos 20 anos".  
Aliança com Larissa Rosado 
"Temos  muitos nomes bons que, com certeza, já provaram e poderá dar uma grande  contribuição a Mossoró. Em política nada é impossível, mas tem o  improvável (apoiar a candidatura de Larissa Rosado para prefeita de  Mossoró)". 
Dívidas herdadas 
"Já  pagamos em torno de 30% e há muita coisa para ser sanada. Mas esteja  certo de que todas as medidas necessárias nós tomamos, inclusive medidas  que eram antipáticas, medidas de certa forma impopulares. Mas eram  necessárias para a gente ajustar o Governo e ter o Rio Grande do Norte  equilibrado. O equilíbrio financeiro é fundamental. Antes o Estado  gastava mais do que arrecadava".  
Perspectivas para 2012 
"Vamos  ter um ano em que, pelo menos, vamos trabalhar com o orçamento real.  Estamos trabalhando com orçamento dentro da realidade, porque até isso  era feito um orçamento dentro de expectativas que nunca se realizavam.  Na realidade, em 2012, será orçamento real e todos vão poder acompanhar  melhor. Tem que ser real o orçamento".  
Dívidas no Governo 
"Até  sexta-feira os médicos serão pagos. Ficará o mês de dezembro porque o  normal é pagar em janeiro. Também não vamos levar dívidas do Programa do  Leite. O produtor está em dia desde o mês de novembro. O programa do  Leite custa R$ 7 milhões mês. O que estava faltando (para quitar o  Programa do Leite) era regularizar a parte de 2010 do laticínio".  
O que esperar em 2012 
"Imagine  o que é receber 14 planos que foram todos colocados para a nova gestão e  não ter deixado recurso em caixa para isso. Se tivessem feito o plano e  deixado recursos, estava tudo implantado. A educação teve o que nunca  teve: o piso nacional do professor. Agora temos a garantia de que já nos  preparamos para fazer frente ao que mudará no piso. Meu interesse,  minha vontade era de que todo funcionário tivesse reivindicação  atendida, mas as vezes não dá para atender". 
Plano de cargos em 2012 
"Se  a receita permitir, se tivermos um crescimento de receita... O que está  acontecendo é que as pessoas interpretam os números (do balanço do  Estado) e se esquecem de que temos despesa".  
Fusão de secretarias 
"Não  estamos pensando nisso. Temos a Secretaria Especial de Cultura e a  Secretaria de Turismo. Vamos trabalhar cada vez mais próximos, como a  Secretaria de Trabalho e Ação Social. Estamos agora nos reunindo para  feira de artesanato, em um trabalho conjunto Setas, Turismo e Cultura". 
Mudanças no secretariado 
"Não  (farei mudança no secretariado em janeiro). Já mudou o que tinha que  mudar. Nenhum secretário se manifestou informando que vai disputar o  pleito 2012." 
Novo diretor geral do Detran 
"Willy Saldanha vai continuar interino, tem tempo. Tudo é possível (de ser efetivado)". 
Campanha de 2012 
"Vamos  analisar município a município. O critério que vamos avaliar é,  primeiro, quem me apoiou, quem estava comigo na hora mais difícil? Essas  coisas veremos. Cada município tem sua história". 
Pleito 2012 em Natal 
"A  criança nasce, esteja certa. Tudo será analisado dentro de um programa  de decisão do partido e dos partidos que estão conversando. Candidato  teremos e pode estar certo, nunca fui de ficar em cima do muro. Tenho um  lado". 
Candidatura do DEM 
"Claro  que o ideal era que o DEM, o meu partido, tivesse um candidato. Mas  isso não significa dizer que o candidato a ser apoiado por mim, em  Natal, será obrigatoriamente do DEM. Pode ser um candidato da coligação  que vai se formar". 
Restrição ao PSD 
"Cada município é uma realidade. A gente não pode também chegar e impor. Tem que ver a realidade". 
Prefeitos oposicionistas 
"Não  haverá diferença. O tratamento será igualitário como está sendo agora. O  que faço é para o povo. Temos mandatos finitos. Já pensou se a  presidente Dilma Rousseff estivesse me tratando como adversária  política? Sei que na campanha política ela terá seu palanque, mas nas  questões do Estado ela está tratando de forma republicana. É assim que  deve ser. Nosso Estado está de parabéns que está se unindo nas questões  de interesse do nosso Estado. Tenho feito trabalho intenso. Quando vou a  Brasília não fico chamando A ou B, chamo todos os deputados. O que  consigo para o Estado é bom para todos nós". 
 Postado Por:Daniel Filho de Jesus