A ex-senadora Marina Silva, pré-candidata ao cargo de vice-presidente da República na chapa de Eduardo Campos (PSB), afirmou que o Brasil deve "aposentar a Velha República" que governa o País de forma indireta.
Para ela, é preciso fazer um realinhamento político e fugir da polarização do PT e PSDB. Segundo Marina, o Governo de Fernando Henrique Cardoso sofreu a tutela dos Magalhães, se referindo Antônio Carlos Magalhães, e atualmente o Governo do PT passa o mesmo com o senador José Sarney.
"O PT e o PSDB ganharam as eleições e acabaram pelas circunstâncias de ser tutelado pela Velha República" A ex-senadora argumenta que o grupo político do PSB com a Rede, partido não oficializado que ela comanda, é a representação da nova política no País que mistura democratização do PSB e as ideias de sustentabilidade da Rede.
Jovem
Na disputa pelo Governo cearense, Marina Silva destacou o apoio e a confiança na pré-candidata do PSB, Nicole Barbosa, e avaliou como exitoso o processo no Ceará. "Uma jovem candidata a governadora que está se dispondo a fazer o debate com a sociedade".
A ex-senadora também ressaltou a participação de Geovana Cartaxo, pré-candidata ao Senado na chapa de Nicole. Marina relata que a expectativa do PSB nacional para com o estadual é o compartilhamento na busca da nova política aliando a visão de sustentabilidade social e ambiental da Rede.
Marina explicou que está conversando com o partido no Estado para posteriormente sistematizar as propostas para o programa de Nicole, para o Governo, e de Geovana para o Senado. "Nosso esforço é de que esse encontro possa possibilitar também a integração no programa do PSB no plano nacional e no plano local da ideia da sustentabilidade porque a Rede fez uma aliança programática".
Marina participou na Capital cearense de uma conferência internacional, no Hotel Vila Galé, sobre impactos nas mudanças climáticas. A ex-senadora mandou um recado ao pré-candidato à presidência da República, Aécio Neves (PSDB) afirmando que nenhum candidato deveria ter a pretensão de tratar candidaturas de outros como auxiliar.
"No primeiro turno é bom que tenhamos muitas candidaturas, não ter a pretensão de tratar nenhuma candidatura como se fosse linha auxiliar de ninguém, cada projeto tem que se colocar e as diferenças existem também, tanto é que temos candidaturas diferentes".
Governabilidade
A ex-senadora ainda explicou que a aliança da Rede com o PSB de Eduardo Campos tem base de suporte coerente entre a mistura da democracia e a sustentabilidade. "Um projeto político com a visão de uma governabilidade programática e não pragmática com base na distribuição de cargos". O grupo político tem adesão em 14 estados e trabalha para aumentar as alianças até o final de junho.
Segundo a ex-senadora, ela e Eduardo Campos têm atitudes diferentes do PT e do PSDB e possuem a capacidade de dialogar com o legado deixado pelos dois partidos, um na inclusão social e o outro na capacidade econômica, respectivamente. "Talvez as pessoas ainda tenham muita dificuldade de nos encaixar dentro da formas tradicionais da política. Nós não temos a lógica da oposição pela oposição que só vê defeito mesmo quando as virtudes são evidentes".
Marina criticou a governabilidade baseada na distribuição de cargos, que segundo ela, está ameaçando as conquistas em todos os setores do País. "Nós queremos assumir posição no mérito das coisas, mantendo o bolsa família, investindo em educação e recuperar hoje os instrumentos da política macroeconômica que estão sendo perdidos".
A pré-candidata garantiu que o PSB não irá para o embate denegrindo a imagem dos opositores e que fará o debate apresentando os planos de Governo para saúde, educação e segurança.
Ela ainda avaliou que as pesquisas eleitorais são um retrato do início deste período eleitoral. Segundo diz, o governador Eduardo Campos é o menos conhecido e, por isso, tem um potencial de crescimento muito grande. "Observo que a candidatura do Eduardo é uma candidatura ascendente, as pessoas identificam que se ele for para o segundo turno ele tem como ganhar", informa.
Mudança
Para disputar com o Partido do Trabalhadores, que está no poder desde 2006, Marina informou que o PSB usará o diálogo com a sociedade e apresentação de propostas. A ex-senadora destacou a vontade de mudança vista na sociedade como ponto importante para esta eleição. Segundo Marina, a diferença deste pleito para o de 2010 é que 75% da população quer mudança e que na época 68% queriam continuidade.
"Eram movimentos diferentes. Agora ainda que a candidatura do Governo esteja à frente, mas 75% quer mudança. Então vai chegar o momento que haverá uma confluência entre o desejo de mudança e aquilo que as pessoas haverão de firmar como a sua decisão na hora do voto", avalia Marina, ao observar as últimas pesquisas.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus