A multinacional britânica Rolls-Royce — que também atua no fornecimento
de motores e turbinas para os setores de aviação e naval — informou
ontem que está disposta a cooperar com as investigações sobre o suposto
pagamento de propina a políticos e executivos da Petrobras. O comunicado
foi emitido após reportagem do jornal britânico Financial Times revelar
que a empresa fora citada pelo ex-gerente de Serviços da petrolífera,
Pedro Barusco, na Operação Lava Jato, que apura desvios de dinheiro da
companhia.
Barusco fez um acordo de delação premiada com a Justiça
Federal em novembro do ano passado e vem colaborando com as
investigações desde então. Segundo a reportagem, o ex-gerente afirmou
ter recebido, pessoalmente, R$ 200 mil em propina paga pela empresa, em
troca de um contrato no valor de U$S 100 milhões (cerca de R$ 283
milhões) com a estatal para fornecimento de módulos de geração de
energia.
O executivo diz ainda que os
pagamentos eram operados por Luiz Eduardo Barbosa, ex-funcionário do
grupo de engenharia suíço ABB, que também atuava em mediações para a
Alusa (antiga Alumni) e para a SBM, ambas também investigadas na
Operação. Ao Times, a Rolls-Royce afirmou que não foi procurada por
nenhuma autoridade brasileira. Procurada pelo DIA, a Petrobras não se
manifestou.
Em 2011, a Rolls-Royce fechou um contrato com a
estatal no valor de US$ 650 milhões para o fornecimento de
turbogeradores a gás para a petrolífera. No ano seguinte, a empresa
firmou um outro acordo com o Estaleiro Atlântico Sul para oferecer
sistemas de energia e propulsão para sete plataformas da Petrobras, no
valor de R$335 milhões.
Em 2013, um novo contrato foi firmado entre as
duas empresas, desta vez no valor de US$138 milhões, para serviços de
manutenção de turbinas de gás em quatro plataformas na Bacia de Campos.
No ano passado, a empresa anunciou ainda que investiria R$80 milhões em
uma fábrica para montagem de equipamentos navais em Duque de Caxias. Ao
Financial Times, a gigante alega que não sabe a qual contrato Barusco
teria se referido em seu depoimento.
Em seu site, a Rolls-Royce afirma que tem o
plano de dobrar suas receitas no Brasil até 2020, sendo que o
crescimento deve ser gerado principalmente por negócios na área de óleo e
gás. A empresa também tem investimentos no Rio na área automotiva.
Outra investigação em curso
A Rolls-Royce também é alvo de acusações de
pagamento de propina na Ásia. A empresa é investigada por um órgão
governamental britânico especializado em casos de corrupção. A
companhia, que também fornece motores e turbinas para o setor de aviação
civil, é suspeita de ter pago propinas a autoridades na China e na
Indonésia em troca de contratos no setor. A investigação foi aberta no
fim de 2013.
Atualmente, a Rolls-Royce emprega cerca de dois
mil empregados na China, segundo seu site. O país é um dos principais
mercados do grupo.
Segundo denúncias, a companhia teria pago para
Tommy Suharto, filho do ex-presidente da Indonésia, General Suharto, 13
milhões de libras (R$ 57 milhões), além de um carro de luxo. Em troca, a
empresa queria garantir contratos para a companhia de aviação estatal
Garuda.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus