A Indonésia adiou a execução de prisioneiros, inclusive do paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, prevista para este mês, alegando que a prisão onde as sentenças de morte seriam cumpridas não está pronta. Rodrigo, de 42 anos, está preso desde julho de 2004, após tentar entrar na Indonésia com 6kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe. Ele foi condenado à morte no ano seguinte.
O porta-voz do procurador-geral da Indonésia, Tony
Spontana, disse à BBC que "está quase certo" que as execuções não serão
realizadas neste mês, mas não anunciou quando elas irão ocorrer. As
penas de morte por fuzilamento são realizadas na ilha de Nusakambangan
e, segundo ele, os preparativos se atrasaram.
A família de Rodrigo, no entanto, tenta impedir
que ele seja executado, solicitando a transferência do brasileiro para
um hospital psiquiátrico, após um médico do governo indonésio tê-lo
diagnosticado com esquizofrenia. A família espera que o diretor do
presídio onde o brasileiro é mantido assine o laudo médico nesta
quarta-feira. O documento, então, deverá ser enviado ao procurador-geral
da Indonésia, que poderá solicitar a transferência do brasileiro para
um hospital, disse à BBC Brasil Angelita Muxfeldt, prima de Rodrigo, que
está na Indonésia.Este é o último recurso para evitar a morte do paranaense, já que seus dois pedidos de clemência foram negados e, segundo a família, a lei indonésia proíbe a morte de um prisioneiro que não esteja em plenas condições mentais. Na Indonésia, a execução é por fuzilamento.
"A pressão está fazendo efeito", disse ela, por telefone. "Ele realmente está doente e precisa de tratamento, não estamos inventando".
A mãe de Rodrigo, Clarisse Gularte, esteve com ele na prisão nesta terça-feira. Segundo Angelita, Rodrigo teve "conversas desconexas e falava nada com nada".
"O mundo dele é outro, a realidade dele é outra. Não adianta falar (com ele). Ele não acredita em nada", disse ela.
No mês passado, outro brasileiro condenado à morte por tráfico de drogas na Indonésia — o carioca Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos — foi executado com outros cinco prisioneiros, apesar do pedido por clemência feito pela presidenta Dilma Rousseff. O presidente indonésio, Joko Widodo, se elegeu no ano passado após prometer rigor no combate ao crime e que negaria pedidos de clemência. O governo tem defendido o direito de usar a pena de morte para enfrentar o que chama de situação de emergência causada pelo tráfico de drogas.
O adiamento também beneficia outros prisioneiros, inclusive
dois australianos — Myuran Sukumaran e Andrew Chan — condenados à morte
em 2006 por liderar um grupo de tráfico de drogas conhecido como "Os
Nove de Bali". Eles são mantidos em Bali e ainda têm que ser
transferidos para Nusakambangan.
Mais cedo, o procurador-geral H.M. Prasetyo
disse que a transferência dos australianos havia sido adiada para que
eles pudessem passar mais tempo com seus familiares.Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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