No Rio Grande do Norte, o aparato técnico e de pessoal para as eleições
de 7 de outubro custará aos cofres do Tribunal Superior Eleitoral algo
em torno de R$ 8,1 milhões. Os recursos são transferidos diretamente
para o Tribunal Regional Eleitoral do RN. A informação é do
desembargador João Batista Rebouças, presidente do TRE-RN. Em entrevista , o desembargador informou que vão trabalhar, nestas
eleições, mais de 30 mil pessoas, entre servidores do TRE e convocados, e
que o custo maior da eleição é com a informática e transmissão de
dados. O desembargador, que assumiu a presidência do TRE-RN, no último
dia 31 de agosto, e comandará o processo eleitoral deste ano, falou
também da carência de juízes de Direito em vários municípios e disse que
foi preciso deslocar magistrados de cidades maiores para comarcas
menores. Hoje, segundo ele, todas as 69 zonas eleitorais estão
completas.
Nessas eleições, quais têm sido as dificuldades?
A
eleição está praticamente posta porque já vinham sendo feitos os atos
preparatórios. Mas é bom esclarecer que a competência da eleição é dos
juízes eleitorais, das zonas. O Tribunal tem que dá o apoio a logística,
a estrutura.
Quanto será o custo das eleições 2012 e quantas pessoas estão envolvidas?
Aproximadamente
30 mil e 70 pessoas vão trabalhar nessas eleições. Pessoas do quadro,
servidores requisitados, estagiários, técnicos e mesários convocados. E o
custo, este ano, chega a de R$ 8 milhões 116 mil, que banca toda a
estrutura preparatória e do dia das eleições, na parte de pessoal,
técnica e de apoio. Hoje, temos um eleitorado de superior a 3 milhões
355 mil aptos a votar.
Esse recurso vem do Tesouro Nacional?
São
oriundos do Orçamento Geral da União, providos pelo Tribunal Superior
Eleitoral, a partir de um planejamento estratégico de preparação da
eleição, para no dia está tudo dentro da normalidade. As urnas
eletrônicas, todas checadas, os veículos, o abastecimento, deslocamento
de policiais militares e tropas federais. Essa é uma estrutura que, no
dia da eleição, precisa está pronta, checada e testada.
Onde o TRE tem maior gasto durante as eleições?
O
custo maior da eleição é com a informática e transmissão de dados,
porque exige muita segurança. É um sistema que ele mesmo se auto
fiscaliza. Tem uma auditoria interna de garantia, de transparência. Você
tem que ter uma equipe muito bem preparada para lidar com esses
programas. Então, o investimento em treinamento e capacitação é muito
alto.
Nesse aspecto, o Tribunal está bem preparado?
Está
bem preparado, bem estruturado, inclusive já fez uma audiência pública
para verificação e checagem de todas as urnas eletrônicas, tanto das
urnas utilizadas, como das urnas reservas.
Como
os juízes eleitorais estão distribuídos no Estado e como o Tribunal tem
equacionado o problema da falta de juiz em algumas cidades do interior?
É
o seguinte: o juiz de Direito ele acumula a função de juiz eleitoral. O
juiz da comarca de Martins é juiz de Direito e juiz eleitoral da zona
de Martins. O juiz de Direito de Areia Branca é o juiz da 32ª Zona
Eleitoral, ele acumula. Só que quando a comarca não tem o juiz de
Direito não tem o juiz eleitoral. No caso nosso, o Estado tem 98 vagas
em aberto de juiz de Direito. Então, o que estamos fazendo é deslocar
juízes das comarcas maiores. Por exemplo, Mossoró tem 26 juízes de
Direito, somente dois são eleitorais porque o município só tem duas
zonas, a 33ª e 34ª, então a gente está contatando e designando para as
comarcas vagas. A gente vai pedindo a compreensão dos colegas
magistrados, porque toda zona eleitoral tem que ter um juiz titular.
Mas, hoje, todas as 69 zonas eleitorais já estão completas.
Essa situação cria alguma dificuldade?
Cria
porque ele tem que se deslocar. Temos juiz que sai de Mossoró para São
Miguel. Tem que ir duas, três vezes por semana. Quando tiver mais perto
do pleito ele tem que estar presente na cidade. É inegável que a Comarca
dele em Mossoró, nesse exemplo, que estou dando, sofre um prejuízo no
trabalho. Mas, o serviço eleitoral tem preferência e prioridade. Ai ele
vai sacrificar a Comarca, ou uma Vara pela qual responde para
corresponder à Justiça Eleitoral.
Essa é a primeira eleição com aplicação da chama Lei Ficha Limpa. Como senhor vê isso?
Eu
vejo isso como um fato muito positivo, porque a Lei Ficha Limpa surgiu
em decorrência de um movimento popular que colheu mais de 2 milhões de
assinatura. Acho que a sociedade já sem acreditar na classe política,
não querendo mais votar no candidato que não aplicou bem os recursos
públicos, o chamado candidato 'ficha suja', buscou uma forma de criar a
lei, a Lei Complementar 135 de 2010, que diz o que o candidato que já
foi gestor público, não aplicou bem os recursos e casou dano ao erário,
ele é considerado 'ficha suja'. É a primeira eleição em que os
candidatos estão sujeitos aos efeitos da lei e acho muito salutar que a
Justiça Eleitoral aplique e cumpra a lei com rigor, e exclua do processo
eleitoral o candidato que não cumpriu as determinações legais quando
foi gestor.
No Estado, quantos candidatos a prefeito foram julgados e excluídos das eleições deste ano pela Lei do Ficha Limpa?
No RN, 17 candidatos a prefeito que tiveram contas reprovadas tiveram suas candidaturas cassadas.
Na fiscalização da propaganda eleitoral qual tem sido a preocupação do TRE?
É
que haja um equilíbrio, tanto na propaganda, quanto na disputa do
pleito, que aquele que disputa e não tem dinheiro tenha condição de ter o
mesmo espaço que aquele que disputa e tem estrutura econômica. A
justiça impõe limites para que haja isonomia e igualdade entre todos os
candidatos, seja, de espaço publicitário, seja, de espaço de
movimentação política e de apoio financeiro. Hoje, a gente fiscaliza
muito as prestações de contas. O Tribunal tem hoje uma equipe para
análise da prestação de contas de partidos, coligações e candidatos.
Há reclamação de que há excesso na fiscalização. Como o senhor recebe essa crítica?
A
Justiça Eleitoral tem procurado agir preventivamente. Às vezes, você
identifica um veículo público, com adesivo, o que não pode. Uma
construtora que tem carros alugados para a Prefeitura e está lá
circulando com adesivos. A gente vai lá e tira, autua. Não é abuso.
Estamos tentando evitar que se use a máquina, o dinheiro público em
benefício de 'A' ou de "B" e, às vezes, a classe política não entende
isso. Não é que haja excessos. As medidas são todas preventivas, às
vezes não são bem compreendidas.
Por que o Tribunal não conseguiu cumprir o cronograma do julgamento dos recursos eleitorais? Todos
os tribunais regionais do Brasil deveriam ter julgado até dia 23 de
agosto todos os recursos de pedidos de registro de candidaturas, mas em
virtude da aplicação da Lei Ficha Limpa o volume foi três ou quatro
vezes maior. Se pensou que no Estado a gente ia ter 100 recursos,
tivemos 400. Isso exigiu que fizéssemos os mutirões.
O TSE tem 14 mil recursos a julgar. É possível julgar tudo antes da eleição?
Pelo
calendário, o TSE tem que julgar todos até o final do mês. Mas não é
fácil. Imagine só o volume, de julgar 14 mil processos. Tem que ter uma
estratégia de julgamento diferenciada, ou julgar por matéria, ou por
bloco, se quiser atingir o objetivo de julgar tudo antes da eleição.Em relação ao dia da eleição, que recomendação o senhor dá aos candidatos e partidos?
Que
observem a nossa legislação eleitoral, que cumpram a orientação de seus
advogados, que evitem tumulto. A orientação do TRE é de que não haja
aglomeração, próximo aos locais de votação, que os partidos e candidatos
facilitem a votação, que deixem que o eleitor compareça livremente e
escolha livremente seu candidato. Qualquer abordagem ao eleitor será
punida severamente.
Quanto à apuração, qual é a expectativa?
A
previsão é de que até meia-noite, se não houver imprevisto na
transmissão de dados, estejamos com todos os resultados do Estado
consolidados.
Por que, apesar do
governo ter garantido que a Polícia Militar daria contas eleições,
ainda houve pedido de reforço das Forças Federais? Há municípios de
maior vulnerabilidade?
No Estado, 112 municípios pediram
reforço de tropa federal, que foram deferidas elo Tribunal Regional.
Agora, o pleito está no TSE, que aprova e manda. E isso deve-se ao
seguinte: tem cidades do interior com seis distritos, cada um com uma
urna, e com destacamento policial muito pequeno, com cinco, quatro
policiais, e você não tem condição de colocar um policial por distrito.
Além da deficiência de pessoal, há também a vinculação. O policial está
ali muito tempo, conhece o prefeito, o vereador, às vezes até um
familiar dele é candidato, e isso leva ao descrédito. Chegando tropa
federal, que não conhece ninguém, impõe mais respeito, inibe e evita
maiores transtornos.
O que o senhor aponta como maior desafio à frente do TRE-RN?
Meu
maior desafio é tentar expandir a Biometria. A meta que estabeleci é
de que nas próximas eleições (2014), Natal já esteja com o sistema
biométrico. É uma forma de ter uma eleição mais segura, só votará aquele
que comparecer e colocar a impressão digital.
Em quantas cidades a biometria está implantada?
Nós
estamos com a biometria em 14 cidades. Mas, passando o pleito, vamos
voltar nossas atenções para trabalhar a expansão desse sistema.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus