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PAULO CESAR BRITO-POETA/ESCRITOR AREIABRANQUENSE
Agente, andando o tempo, se dá as recordações. A infância volta ao coração sem esquecer nada. Ou quase. E nos damos conta da beleza da infância. Dos seus sentimentos diante do mundo. As pessoas que nos rodeavam pareciam eternas. O próprio medo que, nas horas da noite, se agasalhava no colo da mãe nos vem à lembrança cheia de poesia. Meus Deus me digo coisas.
Porque será que a infância volta ao coração no entardecer da vida? Não, não será vontade do recomeço. Também não sei dizer o que seja. Medo do fim? Mais também pode ser porque, ao longo dos anos, o mesmo coração se torna diáfano a historia da vida, sejamos historiadores no sentido vulgar, ou não. Seja o que for o fato é que a infância nos volta à alma, no entardecer.
Outro dia estava a conversar com minhas lindas e amáveis filhas, digo, Aline, Cecillia, Victoria e Alyssandra, onde elas mim perguntavam sobre minha infância. E eu lhes falava feliz da vida sobre minha meninice e costumes do meu povo. Lembranças vivazes. Parece que estou vendo a festa de agosto, festejos alusivos a virgem dos navegantes, na minha terra. Momento de unir as famílias, mesmo àqueles que moravam a distancia em outras cidades do estado. O momento era de encontro e de felicidade. A festa em si, era muito simples desde a religiosa, a social. A parte religiosa eram nove dias de novenas, orações, confissões e comunhão. Tendo seu ponto principal a procissão marítima e terrestre. Na procissão marítima era obrigatório as empresas marítimas de nossa cidade cederem suas embarcações para trafegarem com os fiéis e peregrinos na procissão. As embarcações, iates, lanchas, baiteiras e canoas eram todas embandeiradas. A lancha São Salvador conduzia a imagem da santa.
Quando a procissão marítima chegava a seu destino final e os fiéis desembarcavam no cais, dali já se iniciava a procissão terrestre. A multidão tomava conta das ruas da cidade. O único carro de som existente na procissão era o carro de som da empresa Café Kimimo lembra-se caro leitor? Eu me lembro perfeitamente. Era uma mercedinha vermelha, com dezoito bocas de ferro. Sendo dozes nas laterais e seis na parte dianteira e traseira da mercedinha. Muitas das vezes eu ia dentro desse veiculo. Além da incalculável multidão, a procissão terrestre era seguida por veículos, na qual os proprietários transportavam seus familiares.
Já na parte social as festa com bandas tradicionais aconteciam nos dia 13,14 e 15 de agosto. As bandas que animavam a parte social da festa, a maioria era advindas da cidade pernambucana do Recife. Eram, Alcâno, Scorpions e Trepidant´s. Os clubes eram o Ivinanim, Credorn e a quadra da Escola Técnica de Comercio. Ambas nesses três dias de festas, realizavam rodízio. E o seu publico lhe era fiel, acompanhavam-nas.
Hoje a festa de agosto perdeu muito da sua essência. Na parte religiosa pouquíssima participação. Comparada antes. Enquanto a parte social a festa de agosto transformou-se em super produção. Onde as bandas, cantores e produtores saem com os bolsos cheios de dinheiro. Digo isso com os artistas forasteiros. Por que os dar terra mesmo, fazem à coisa perfeita acontecer. Mais quando chega à parte financeira é uma pequeníssima quantia. Bem não cabe a mim aqui discernir o que é certo ou errado, do antes e do depois. Era assim a festa de agosto. Pois é leitor. A infância volta ao coração, no entardecer.
Postado Por:Paulo Cesar Brito