A posse de Dilma Roussef trouxe um novo debate à política brasileira: qual roupa a presidente eleita vai usar no dia primeiro? Muito se especula sobre o design, a cor e o estilo. Dilma, entretanto, já encomendou o modelo. À bordo do Rolls Royce presidencial, a nova presidente do Brasil vai usar um tailleur branco off-white, uma variação da cor que a faz ter uma tonalidade de algo guardado. A peça foi escolhida pela própria Dilma, sem ajuda de um consultor de estilo. Ela optou pelo modelo exclusivo desenhado pela estilista gaúcha Luísa Standlander. O cabelo e a maquiagem serão feitos por Celso Kamura, responsável pela mudança do visual de Dilma no início da campanha. Já os sapatos, provavelmente, serão da loja brasiliense Agiafatto, a preferida da presidente.
O modelo já está quase pronto e faltam apenas ajustes finais. Ontem, depois de desembarcar no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), a presidente eleita foi direto para o ateliê da estilista, que fica no bairro Moinhos de Vento. No local, fez a prova do vestido e foi atendida com exclusividade pela costureira.
Não é a primeira vez que Luísa Standlander cria uma roupa para a presidente eleita. Ela desenhou, em abril de 2008, o vestido que Dilma usou no casamento da filha, Paula, assim como o vestido da noiva. O polêmico tailleur que ela colocou na diplomação, ocorrida na semana passada, também tem a assinatura de Luísa. A estilista, que só costura sob medida, é conhecida em Porto Alegre por fazer vestidos de noiva e de festa. A clientela do ateliê inclui boa parte da alta sociedade da capital gaúcha. A família de Luísa ainda é dona da Office Collection, uma empresa gaúcha que fabrica uniformes para recepcionistas, garçons e empregadas domésticas. Ela é quem desenha as coleções.
A cor do tailleur foi uma surpresa para quem acompanha o estilo da presidente eleita. As apostas eram que Dilma aparecesse com alguma peça vermelha, simbolizando a cor do PT. “A nova presidente tem que ter em mente que agora ela é uma figura pública e tudo o que ela veste passa uma mensagem”, analisa a consultora de moda e professora da faculdade Santa Marcelina, Andréia Miron. Uma roupa vermelha, por exemplo, poderia sugerir uma segregação: agradar apenas aqueles que votaram nela. Cores neutras poderiam significar uma abertura maior ao diálogo e cumprir da promessa que ela fez no seu discurso de vitória: “Governar para todos os brasileiros”. “O branco é neutro, discreto e elegante. A cor não cria vínculos nem a prende a nada”, argumenta Marcio Banfi, consultor de moda e professor da faculdade Santa Marcelina.
SurpresaO nome de Luísa também foi surpreendente, acreditava-se que ela optaria por um designer conhecido. Como a primeira-dama Marisa Letícia que usou, na segunda posse de Lula, um vestido amarelo de Walter Rodrigues. No meio da campanha, Dilma chegou a anunciar uma parceria com o renomado estilista Alexandre Herchcovitch. Logo eles alegaram que havia incompatibilidade de agendas. Depois da ruptura, a equipe de Dilma circulava por famosas multimarcas brasilienses atrás de roupas para a campanha. A campeã de visitas era a Maison Magrella, que vende peças dos melhores e mais caros estilistas nacionais e internacionais.
Quanto aos sapatos não deve haver surpresa. Dilma provavelmente vai escolher algum modelo da nova coleção de alto-verão da sapataria brasiliense Agiafatto. Desde que se mudou para Brasília, ela é cliente fiel da marca. O pedido ainda não foi feito, mas a vendedora Auriente, que atende os pedidos da presidente, tem certeza de que a ligação vai chegar. Cogita-se que ela escolha um sapato tipo chanel com salto de 2 centímetros, o seu modelo favorito.
Sugestões livresLuísa Standlander faz costura sob encomenda e não desenha coleções sazonais como os estilistas que desfilam nas semanas de moda. Ao contratar uma profissional como Luísa, a cliente tem mais liberdade para opinar sobre tecido, modelo, comprimento da saia e cortes.
A conquista do poder pelas mulheres tem gerado a discussão sobre o que é apropriado nos gabinetes. Em posições de poder, é melhor vestir os terninhos para se mostrarem durona ou dá para usar os trajes que demonstram mais feminilidade? O debate é novo porque elas ainda são minoria nos palácios presidenciais. Não existe, entretanto, uma regra sobre o que funciona e o que não funciona nas mulheres presidentes. “O fato é que elas tem que tomar conta da aparência, pois estão sempre em evidência. Principalmente, na posse”, argumenta a consultora de moda e professora da faculdade Santa Marcelina, Andréia Miron.
Afinal, a escolha do vestido, do cabelo e da maquiagem ficarão marcados nas fotos pelo resto da história. E chamam muito mais atenção do que os ternos dos ex-presidentes. Apesar de não existir protocolo rígido de estilo na hora da posse, uma coisa é certa: o branco é a cor favorita das presidentes. Dilma escolheu a cor, assim como a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet; da presidente da Argentina, Cristina Kirchner; e da presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla. Só variam o modelo, material e o quão justa a roupa.
Analisando as roupas das que estão ou já estiveram no comando, é possível dividi-las em dois estilos. De um lado, as mais matronais. É o caso Dilma, da ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, da ex-primeira ministra da Inglaterra Margaret Thatcher e da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que escandalizou o mundo quando colocou um super decote. O uniforme delas é certo: tailleurs, terninhos e ocasionalmente um tubinho. As cores são obrigatoriamente azul, creme, vermelho e preto. E o cabelo sempre curto. Do outro lado, estão as mulheres que gostam de se arrumar, como é o caso de Cristina Kirchner, presidente da Argentina, e de Laura Chinchilla, da Costa Rica. Kirchner, por exemplo, criou moda com seu cabelo cor de chocolate. Chinchilla surpreendeu o país com sua jovialidade no tubinho justo que usou em sua posse.
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Daniel Filho de Jesus