O verão no Brasil não atrapalha alguns costumes natalinos importados. Um deles é a visão do Papai Noel em roupas grossas e aquela barba longa, incompatível com as temperaturas tórridas. Claro que não podem faltar o trenó e as solícitas renas. Como muitos mitos, essa imagem folclórica se modifica com o passar dos anos. Alguns fabricantes dão uma mão para repaginar a figura, incentivados por um concurso anual de trenós da revista britânica Car e inspirados pelo inverno do Hemisfério Norte.
Mas a atualização não é apenas estética. Para não matar as renas de cansaço, os trenós modernos dispensam a mágica para poupar o trabalho delas. Um dos projetos da Bentley, criado para o Natal de 2009, extrapola no desenho esportivo inspirado no conversível GTC e dá a Rudolph, a famosa “rena do nariz vermelho”, a oportunidade de viajar aboletada no banco do passageiro, desempenhando com o seu nariz apenas a tarefa de farol auxiliar.TECNOLOGIA A Land Rover não deu a mesma folga para a rena, que faz o papel de piloto no trenó do fabricante – e também de luz de posição, com o seu nariz. Para auxiliá-la, o veículo conta com tecnologia de navegação, com sensores capazes de indicar graficamente o tipo de chaminé e o número de crianças no domicílio. Inspirado nos bombardeiros, o veículo tem entregas guiadas por laser. O globo é percorrido graças à propulsão por acelerador de partículas. Ao Papai Noel cabe analisar as coordenadas no globo holográfico, com tempo para apreciar um charuto —lá se foi a correção política.
O papel dos avanços tecnológicos não é desprezado por especialistas. Larry Silverberg, professor de engenharia mecânica e aeroespacial da Universidade da Carolina do Norte ficou famoso por um estudo técnico da tecnologia de Noel, publicado em 1997. Segundo Silverberg, a civilização deu um salto tecnológico e social enorme graças ao isolamento de 500 anos no Polo Norte — Papai Noel e seus duendes teriam migrado para lá depois de uma explosão de violência em sua aldeia, na Noruega. Instalada sob a terra e regida por uma declaração de bons princípios, a sociedade natalina alcançou antes mesmo de Albert Einstein o domínio da Teoria da Relatividade.
RELATIVIDADE
Em uma nuvem de relatividade, Noel consegue manipular o tempo e o espaço e fazer as suas entregas em um tempo equivalente a seis meses, mas que para a gente se passaria em um piscar de olhos. Os desejos infantis são captados por meio de uma gigantesca antena capaz de receber as ondas eletromagnéticas dos pensamentos das crianças, que são analisados por um supercomputador.
O trenó de Silverberg tem operação autônoma, mas ainda conta com renas de uma raça especial, capazes de se equilibrar com facilidade no teto das casas e de enxergar melhor à noite. Os animais são equipados com turbinas a jato para propulsão e controle. Com o controle de tempo e espaço, Noel nem precisa escorregar na chaminé. Na verdade, os presentes são produzidos debaixo das árvores por nanorrobôs, que dão uma folga para os duendes. Assim, o trenó pode perder a sua aparência de cargueiro e adotar formas mais aerodinâmicas. Tudo para atingir mais de 480 vezes a velocidade do som, o equivalente a 583.280 km/h, levando em consideração que todo o mundo é percorrido em menos de 24 horas — embora o tempo para as criaturas natalinas seja bem mais lento.RENAS RAMPANTES
Como a capacidade de carga não seria problema, a Ferrari apresentou para a Car um trenó fechado. Deve ter desempenho de enrubescer ainda mais as bochechas do bom velhinho. A cobertura de vidro foi inspirada no bólido de corrida 330 P4, que fez história ao interromper o domínio dos Ford GT40 na Le Mans de 1967.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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