A inspetora da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea da Bolívia (Aasana), Celia Castedo, denunciou ter recebido pressões para que modificasse seu relatório a respeito do plano de voo da LaMia, que levava o time da Chapecoense até a Colômbia. A informação foi divulgada nesta quinta-feira pelo jornal "El Deber". Celia, que buscou refúgio no Brasil, fez as denúncias em uma carta de esclarecimentos, obtida pelo "El Deber". No documento, a inspetora da Aasana afirma que, após a tragédia que matou 71 pessoas no voo da Chapecoense de Santa Cruz de la Sierra (BOL) até Medellín (COL), no último dia 29, recebeu "pressões" por parte de seus superiores para mudar o conteúdo do informe que havia produzido antes da decolagem do voo da LaMia. "Devo denunciar publicamente que, imediatamente depois de conhecido o acidente pela aeronave CP-2933 da companhia aérea LaMia (...), fui submetida a perseguição e pressões por parte de meus superiores, já na manhã do dia 29 de novembro de 2016, quando se iniciou tudo, ordenando que eu modificasse o conteúdo do informe que horas antes havia apresentado por via interna", escreveu Castedo.No informe em questão, Celia fez pelo menos cinco observações relatando possíveis irregularidades no plano de voo da LaMia. A principal delas apontava para a autonomia da aeronave Avro RJ85, pilotada por Miguel Quiroga, que não seria o suficiente para cumprir o trajeto de Santa Cruz de la Sierra a Medellín com as sobras exigidas pelas regras internacionais de voo. "Fiz este aspecto chegar ao conhecimento, na presença de testemunhas, ao despachante da LaMia (Miguel Quispe, membro da tripulação que morreu na queda do avião), quando em três oportunidades, a primeira duas horas antes do voo e a última 20 minutos antes, solicitei que minhas observações fossem imediatamente consideradas pelos responsáveis da empresa aérea", prosseguiu a inspetora na carta.
AUTORIZAÇÃO NÃO FOI DADA POR INSPETORA
Apesar das observações de Celia Castedo, o plano de voo acabou autorizado e a aeronave decolou na noite do dia 28. Quispe, de acordo com a carta, deu a entender que a decisão de voar apesar dos riscos foi tomada pelo piloto da aeronave, Miguel Quiroga, morto no acidente. A queda aconteceu a cerca de 30km do aeroporto internacional de Medellín, destino final da viagem. A principal hipótese dos investigadores é que uma falta de combustível foi determinante para a queda.
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