Com o cenário econômico desfavorável, o governo busca medidas para superar a conjuntura negativa e decidiu ampliar o espaço do PSDB nesta formulação. Há previsão de ocorrer nas próximas semanas uma reunião entre técnicos econômicos do governo com o economista Armínio Fraga, principal nome do PSDB na área e que chegou a ser sondado para integrar o Ministério do governo de Michel Temer. O encontro está sendo articulado entre a cúpula do PMDB e do PSDB, como uma das apostas para tentar animar a economia “real”, evitando que a situação de desemprego e baixo crescimento derrube as perspectivas futuras de melhoras.
Para manter o apoio do mercado, do Congresso e de setores da sociedade, o governo pretende acelerar as medidas de recuperação da economia, com ações que tenham efeito mais imediato. A intenção é ouvir as propostas e incorporar ao plano econômico o que for possível. A maior preocupação é acelerar a implementação de medidas que tenham efeito no curto prazo para dar respostas à população e, assim, remediar o cenário de possível virada contra o governo. A presença de Fraga neste sentido será vital já que, na análise de assessores do Planalto, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, vem “perdendo substância” devido à pouca efetividade das medidas tomadas até o momento, quase todas com viés mais estrutural que conjuntural.
— Meirelles era a âncora do governo, mas começa a perder substância porque as medidas implementadas até agora não surtiram efeito — justifica um auxiliar de Temer.
Após seis meses de gestão e com medidas de crescimento econômico ainda patinando, o presidente Temer expôs a aliados nos últimos dias ter uma preocupação adicional: a pauta de votações do Congresso. Em conversas com peemedebistas, o presidente considerou muito ruim a aprovação das medidas de combate à corrupção na Câmara na madrugada de quarta-feira, com várias distorções ao texto original que geraram forte reação popular, e disse que, dependendo do que o Senado fizer com o projeto, poderá partir para o veto.
Para Temer, a votação das medidas foi mais uma bomba que jogaram no seu colo. Ele pediu a aliados que, com o texto que chegou nesta quarta-feira ao Senado, seja feito um pente-fino no que foi aprovado pela Câmara. O ideal, segundo seus auxiliares, seria que o projeto passasse pela análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes de ser apreciado pelo plenário do Senado.
— O presidente está preocupado, quer ver o que tem no texto que foi aprovado pela Câmara — disse um interlocutor.
O presidente quer evitar que o tema volte à pauta neste ano e viu com alívio a decisão dos senadores de derrubarem requerimento de urgência colocado em votação pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). A ação do senador, inclusive, pegou o presidente de surpresa, já que seus auxiliares diretos lhe haviam levado relatos de que Renan daria tempo aos colegas para conhecerem o texto antes de votá-lo.
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