Grande preocupação dos líderes da base por ter o pavio curto e não resistir a provocações, o líder do Democratas, Ronaldo Caiado (GO), repete que tem que ficar calmo na sessão dessa segunda-feira, quando a presidente afastada Dilma Rousseff vai comparecer, pela primeira vez, para se defender do processo de impeachment. Em relação a Dilma, promete fazer questionamento técnico, e recomenda que ela se comporte respeitando a liturgia do cargo e as regras de decoro do Senado e que saiba “ter um final digno e condizente com o cargo que exerceu”.Quanto a provocações de senadores da oposição, como Lindbergh Faria (PT-RJ), líder da Minoria, ou Gleisi Hoffman (PT-PR), ele já não garante que aceitará desaforos calado.
— A cada ação corresponde uma reação. Lá no interior de Goiás tem um ditado que diz: o risco que corre o pau, corre o machado — avisa Caiado.Ele teme que a presença do cantor Chico Buarque na galeria, como um dos 35 convidados de Dilma, além do ex-presidente Lula, possa “deteriorar” o andamento dos trabalhos no plenário. Caiado brincou que é péssimo cantor, mas irá treinar um dos clássicos de Chico para cantar nesta segunda-feira: “Amanhã, vai ser outro dia...”
— Fui expulso do coro da primeira comunhão. A freira me disse: Caiado, só mexa a boca, não canta não, porque quando você abre a boca com seus decibeis desanda tudo. Depois disso, eu fiquei traumatizado e nunca aprendi a cantar. Mas hoje vou treinar: amanhã, vai ser outro dia! — brincou, cantarolando.
A senadora Ana Amélia (PP-RS) e o senador Waldemir Moka (PMDB-MS) minimizaram editoriais de publicações estrangeiras como o Le Monde e a presença dos convidados de Dilma em plenário, segundo eles para fazer cena para o documentário que está sendo rodado sobre o impeachment.O Chico nem o Lula votam. E o Le Monde não opina no Brasil. O que decide é aqui dentro — disse Ana Amélia.
De um lado estará uma elite política que se beneficiou, nesses 13 anos de poder, de gestões que levaram a 12 milhões de desempregados. Do outro lado estarão a voz de 200 milhões de brasileiros. Os líderes dos movimentos de rua são os verdadeiros atores do impeachment e tem que estar presentes para representar a sociedade — disse Caiado.
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