Os aposentados do INSS correm risco de ficar sem o pagamento de seus benefícios caso a reforma da Previdência não saia do papel. Ontem, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, usou este argumento para defender mudanças nas regras de concessão de aposentadorias. Entre as propostas em estudo está a criação de uma idade mínima (65 anos) tanto para homens quanto para mulheres na liberação dos benefícios por tempo de contribuição.
De acordo com a agência Estadão Conteúdo, o
ministro citou que o déficit previdenciário foi de R$ 86 bilhões em
2015. E que deve ficar em R$ 146 bilhões neste ano, podendo chegar a
patamar entre R$ 180 bilhões e R$ 200 bilhões em 2017.
"Isso
(déficit previdenciário) não pode continuar, sob pena de não conseguir
mais pagar a aposentadoria. Então tem que mudar para preservar, porque
se não mudar não vai haver mais a garantia do recebimento da
aposentadoria”, enfatizou.
As declarações de
Padilha foram feitas em perfil da Casa Civil em uma rede social para
defender a reforma. O ministro repetiu que as alterações em estudo pelo
governo não devem retirar direitos adquiridos.“A reforma da Previdência é
indispensável para que o Brasil volte a ter confiança tanto no mercado
interno quanto no mercado externo”, disse Padilha no Facebook.
A
proposta de reforma da Previdência tem sido muito criticada pelo
movimento sindical, que não quer mudanças de regras para os
contribuintes que já estão no mercado de trabalho. Segundo Padilha, no
entanto, a proposta em estudo pelo governo preservará os direitos.
“Ninguém
perderá nenhum direito adquirido. Não precisa correr para o posto do
INSS, todo mundo que tem o seu direito será preservado, não perderá
absolutamente nada”, completou.
TerrorismoA declaração do ministro Eliseu Padilha sobre o risco de o governo não ter condições de pagar as aposentadorias irritou representantes da categoria. O presidente da Confederação Brasileira de Aposentados (Cobap), Warley Martins, classificou como terrorismo contra os aposentados do INSS o discurso do ministro nas redes socais.
O dirigente contestou os argumentos do governo interino de Michel Temer de que a idade mínima vai resolver o problema de caixa da Previdência.
“Se a idade mínima só vai fazer efeito daqui a dez ou 15 anos, como é que eles (governo) dizem que vai solucionar o problema de déficit da Previdência?”, questiona o dirigente, ressaltando que o governo interino deveria se preocupar em cobrar a dívida de grandes devedores da Previdência. “Assim, teria dinheiro para cobrir o rombo que dizem que há”.