A maior oferta de crédito para aquisição ou construção da casa própria também está ligada ao crescimento da confiança dos bancos no setor imobiliário, que passou a ser visto por essas instituições como um grande filão. Na avaliação do vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro, a Lei nº 10.931/2004 teve um papel primordial para essa mudança."O marco regulatório de 2004 trouxe credibilidade para as instituições financeiras investirem no mercado imobiliário, devido à maior facilidade de retomar o bem do mau pagador. Antes, levava muitos anos para que a instituição retomasse o bem do consumidor inadimplente. Hoje, isso pode ocorrer em seis meses", afirma o empresário.
Com este novo marco, a crescente evolução do poder aquisitivo da população, a forte demanda habitacional e a criação de políticas governamentais de estímulo ao setor, como o programa Minha Casa, Minha Vida, cresceu, nos últimos anos, o número de instituições bancárias atuando com o financiamento de imóveis, antes praticamente restrito à Caixa Econômica Federal.
Maior competição
Em meados de 2007, o Banco do Brasil ingressou neste segmento, que também atraiu as principais instituições financeiras privadas que atuam no País. A maior quantidade de agentes financiando a casa própria ampliou a competitividade no setor, favorecendo a oferta de crédito e o dando ao consumidor mais opções de escolha.
"Os financiamentos estão mais atrativos e há uma competitividade maior entre os bancos, que têm hoje muito dinheiro para emprestar", analisa o diretor comercial da Magis Incorporações, Pedro Saboia. "Essa maior concorrência entre os bancos aumenta o poder de barganha do consumidor e ele pode buscar melhores condições de taxa e prazo para financiar a casa própria", acrescenta o economista Alex Araújo.
Fidelização
Para além de ser um produto a mais ofertado pelos bancos, o financiamento imobiliário é uma oportunidade de fidelização de clientes por um longo período. "Hoje, o banco que não financia imóveis está fadado a ficar fora do mercado. Ele também perde a chance de fidelizar o cliente por trinta anos, ou pelo tempo que durar o financiamento, o que pode levar à aquisição de outros produtos e serviços na instituição bancária", afirma André Montenegro.
Como se enquadrar
Atualmente, os principais bancos que atuam no setor financiam entre 80% e 90% do valor total do imóvel, com o comprometimento da renda do comprador variando entre 30% e 35% (apenas em alguns casos) e um prazo para pagamento de até 420 meses (35 anos). No caso da Caixa Econômica, que ainda é a principal referência quando se fala em financiamento da casa própria, é possível financiar até 90% do valor total do imóvel e pagar em 420 meses, mas o comprometimento máximo da renda é de 30%.
As condições para o financiamento, como taxas de juros, uso do FGTS, subsídios governamentais e outros "atrativos", variam de banco para banco e conforme o perfil e o relacionamento do consumidor com a instituição, além e do perfil imóvel escolhido para comprar.
Instituições privadas
Os bancos privados também já oferecem condições de financiamento de imóveis tão atrativas quanto aquelas ofertadas pelos bancos públicos e vêm registrando crescimentos expressivos na concessão desse tipo de crédito.
No caso do HSBC, as contratações de crédito imobiliário neste ano já registram um incremento de 20% em relação a igual período de 2012, conforme o superintendente-executivo de crédito imobiliário do banco, Jaime Chinganças. Hoje, o valor médio dos imóveis financiados pelo HSBC no País é de R$ 520 mil. Entre os critérios do banco para a concessão do crédito, estão: renda mínima de R$ 1.900; maior que 18 anos, sendo que o prazo de financiamento somado à idade não poderá exceder 80 anos; imóveis a partir de R$ 62.500; financiamento mínimo de R$ 50 mil; até 80% LTV (valor do imóvel x valor do financiamento); e até 30 anos para pagar.
"A taxa do cliente varia conforme o relacionamento com o banco. E, para os clientes que procuram financiamentos acima de R$ 300 mil, o HSBC concede vantagens: estes clientes ganham serviço de despachante gratuito (disponível para as localidades onde possuímos parceiros cadastrados), isenção da tarifa de inscrição e expediente e da tarifa de vistoria do imóvel", afirma Jaime Chinganças.
Produção
De acordo com o superintendente regional do Banco do Brasil em Fortaleza, Pio Gomes de Oliveira Júnior, o relacionamento do cliente com o banco faz toda a diferença na hora do financiamento. "O imóvel é um sonho para o nosso cliente, é um objeto de investimento, e ele tem a oportunidade de ter melhores condições a partir do relacionamento com o banco. Na nossa carteira, alguns clientes já têm o crédito pré aprovado", diz, acrescentando que o financiamento imobiliário é visto pelo Banco do Brasil como um "instrumento fidelizador do cliente".
Ele destaca ainda que o Banco do Brasil tem inovado no setor, com ações como a parceria com construtoras e incorporadoras. "Com isso, o Banco do Brasil está financiando a produção de empreendimentos imobiliários, tendo a oportunidade de ofertar aos clientes o financiamento do imóvel ainda na planta", afirma.
Segundo o superintendente regional, no primeiro semestre deste ano, a carteira de crédito imobiliário do Banco do Brasil no Ceará somou R$ 272,2 milhões, com expansão de 101,5% nos últimos 12 meses. Do total, R$ 230,2 foram destinados ao financiamento para Pessoa Física e R$ 42 milhões destinados ao financiamento de produção.
A expectativa, de acordo com Pio Gomes, é que o Banco do Brasil no Ceará alcance uma carteira de crédito imobiliário no valor de R$ 400 milhões até dezembro de 2013.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus