
O fraco crescimento econômico e a alta da inflação renderam ao Rio Grande do Norte o pior dos últimos quatro anos para negociações salariais, em 2011. Um balanço divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que apenas 37,5% dos reajustes fechados no estado, em 16 negociações no ano, ofereceram ganhos reais aos trabalhadores - ou seja, com aumentos acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O percentual foi o menor alcançado desde 2008 e seguiu na contramão do país, onde chegou a 86,8%, considerando 702 acordos realizados no período. "Foi um ano difícil para o trabalhador potiguar", resume o supervisor técnico do Dieese no RN, Melquisedec Moreira. A expectativa é que o cenário seja mais positivo este ano.
A alta da inflação e o ritmo mais lento da economia - que não foram exclusividades no estado - pesaram, mas não foram, entretanto, os únicos vilões contra reajustes maiores no RN. Outro aspecto que deve ser considerado, segundo Moreira, é que os pisos salariais potiguares "são muito colados" no salário mínimo e o salário mínimo no ano passado foi corrigido somente pela inflação. "Em um estado com categorias que têm remuneração baixa isso também influenciou para que o índice de ganhos reais fosse menor", analisa. Uma das atividades que sofre com esse problema é a indústria têxtil e de confecções, que, diz ele, ficou com o salário pouco acima do mínimo.
O setor de serviços também sofre. O percentual de negociações com ganhos reais para os trabalhadores no ramo caiu 71 pontos percentuais entre 2010 e 2011, passando de 85,7% para 14,3%. "Praticamente nenhum segmento conseguiu ganho real no setor. Em áreas como educação privada, segurança e vigilância só se conseguiu repor inflação, sem ganhos reais", diz Moreira. Em atividades ligadas à saúde e a turismo e hospitalidade - nesse caso com salários próximos ao mínimo - por exemplo, os reajustes ficaram abaixo da inflação.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus