
O treinador mais constrangido do Brasil tem nome e sobrenome.
Paulo César Carpegiani.
Ele ultrapassou limites pessoais para continuar no São Paulo.
Sabe que é indesejado pela torcida.
A esmagadora maioria da diretoria também quer outro homem comandando o time.
Maquiavélico, Juvenal Juvêncio só o mantem no cargo para não pagar a multa de R$ 1 milhão.
Os jogadores acompanharam toda a perda de comando ao ter de pedir desculpas a Rivaldo.
Justo ele, que era tão imponente nos vestiários.
Não dava abertura aos atletas.
Dizia aos quatro ventos que comandar o time era uma 'prerrogativa' dele.
E não abria mão disso por nada e por ninguém.
Abriu.
Havia mandado recado claro ao presidente depois da lamental eliminação diante do Avaí:
Ou era Rivaldo ou ele.
No fim teve de engolir o meia de 39 anos.
A compensação foi uma pretensa multa de 10% nos salários do milionário jogador.
Multa de clube ninguém confere para saber se foi mesmo descontada.
"No Palmeiras muitas e muitas vezes me garantiram que haviam multado o Edmundo.
E nunca descontaram nada, só fui saber anos mais tarde", já revelou Luxemburgo.
A rotina dos clubes é essa mesma: prometer punir seus atletas publicamente...
E passar a mão na cabeça dos jogadores, como se fossem meninos sem ninguém saber...
Carpegiani finge não perceber que perdeu o respeito do time, da imprensa, da torcida.
E que não está cozinhando em fogo brando.
Tudo o que Juvenal Juvêncio ganhou foi tempo.
Carpegiani vai começar o Brasileiro.

Até porque já será neste final de semana a primeira rodada, o jogo contra o Fluminense.
Mas isso não é garantia de nada.
A direção estudará com calma a contratação de um novo comandante para o time.
Três dias não foram suficientes.
Agora, com a sobrevida de Carpegiani, não há prazo.
Juvenal Juvêncio pode pensar à vontade.
Escolher entre os vários nomes que lhe foram sugeridos.
Esperar uma oportunidade.
O técnico deu suas explicações ontem sozinho.
Não havia um dirigente ao lado dele no reencontro com os jornalistas.
Isso no São Paulo é significativo.
Quando as coisas vão bem, títulos são conquistados, dirigentes fazem questão de acompanhar o técnico.
Quando há derrotas e eliminações humilhantes, eles costumam deixar o treinador isolado, desprotegido.
E é assim que Carpegiani está no São Paulo.
Seu comando é fraquíssimo e sujeito a questionamentos de qualquer atleta.
Seu comportamento inseguro em Florianópolis, sem saber quem trocar...
Colocar Marlos, o tirar logo em seguida...
Mandar os reservas se aquecer...
Depois se sentar...
Depois se aquecer de novo...
Foi primário, tosco para um técnico de um clube tão importante...
A aura de comando e respeito não existe mais.
A começar pelo próprio Carpegiani que está se desrespeitando para continuar no Morumbi.
Quer ser técnico do São Paulo a qualquer custo.
E está pagando o pior preço possível: o do descrédito.
Ele sabe que é apenas questão de tempo para ser demitido.
Basta Juvenal acertar com um novo técnico.
Queria Abel Braga que já é do Fluminense.
Cuca era a opção, mas o Cruzeiro não libera.
Dorival Júnior também está firme no Atlético Mineiro.
Vai esperar, pensar em outros com calma...
O presidente erra ao perder tempo.
Pontos e jogos serão perdidos.
Em nome do quê?
Que planejamento é esse?
Modernidade ou falta de rumo?
Deixar um treinador em quem ninguém acredita no cargo...
Já foi assim com Ricardo Gomes, com Sérgio Baresi...
Mas o dirigente não aprendeu a lição.
Está expondo o time e até mesmo Carpegiani.
Quando Juvenal encontrar outro técnico vai demitir Paulo César...
Todos sabem, principalmente o próprio comandante do time...
Mas ele finge não ver, não saber...
Carpegiani foi campeão do mundo com o Flamengo...
Tem um passado a zelar...
Sua vida financeira está resolvida...
Tem mercado de trabalho...
Não precisa passar por tanto constrangimento...
O que é feio hoje só poderá ficar pior...
Principalmente porque ninguém acredita mais no seu trabalho...
A começar pelos jogadores...
Passando pelos dirigentes...
E terminando na razão de ser do São Paulo Futebol Clube: seus torcedores...
Postado Por:Daniel Filho de Jesus