— Organização e disciplina me ajudaram muito a ser uma pessoa vitoriosa — resumiu o tucano em uma entrevista pouco antes de ser anunciado candidato.
Desde a adolescência, nem assuntos domésticos escapam da fúria organizadora do tucano. Seu irmão mais novo, o publicitário Raul Doria, identificou cedo a vulnerabilidade do vizinho de quarto e sua diversão favorita era esconder itens da coleção de chaveiros que Doria mantinha exposta na porta do armário de roupas.
— Com régua na mão, ele media a distância entre os chaveiros. Eu aproveitava quando ele ia para o clube e pegava um só pra ver se ele ia perceber. Nunca ganhei. Ele sempre vinha gritando pela casa atrás de mim e do chaveiro roubado — lembra Raul.
Até para a rotineira tarefa de levar os filhos à escola, quando crianças, Doria tinha um método a ser aplicado. “Cada dia escolho um tópico para discutir com eles no carro. Às vezes, repito um que já usei, porque isso é dinâmica de ensino. Depois marco os teminhas num caderno para retomar mais adiante”, contou Doria em uma entrevista à revista “Veja” em 2007.
Detalhista e obsessivo são palavras usadas pelo próprio para se definir. Amigos acham que ter sido obrigado a ser responsável pelos cuidados do irmão desde jovem, por causa da morte precoce da mãe, fez de Doria essa figura tão obstinada e focada.
No domingo passado, quando a vitória histórica em primeiro turno se desenhava na apuração, um clima de euforia tomou conta da mansão do então candidato. Uma garrafa de champanhe ano 2001 — data da filiação dele ao PSDB e garimpada pelo irmão Raul especialmente para ser aberta ao final do segundo turno — foi apanhada na geladeira e levada à sala. Quando viu a cena, Doria soltou um “Não faça isso. A gente tem que ir para o PSDB”. A relíquia está até hoje na geladeira, como as frutas comidas pela metade.
Políticos tucanos que conviveram com o empresário nos últimos meses contam que a campanha ajudou Doria a ser mais flexível.
— Ele entendeu que o mundo político não é um evento do (Grupo) Lide, tudo organizado. Tem coisa que não dá para organizar e dá certo — disse um auxiliar da campanha.
Perto de assumir uma máquina pública em que terá de lidar com 150 mil servidores — e não apenas com 120 empregados — , o futuro prefeito garante que sabe conviver com pessoas menos organizadas.
— Tem que ser natural porque senão vira TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo).
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