
O plano inicial não era este. No roteiro imaginado, não constava o empate com a África do Sul, tampouco que o jogo com o Iraque, hoje, às 22h, fosse tão decisivo e jogado num ambiente tão desafiador para o jovem time olímpico. Mudaram fisionomias, o tom das perguntas a que o técnico Rogério Micale foi obrigado a responder e o conteúdo do discurso. Pela primeira vez desde que o time se reuniu, há 20 dias, ele precisou ser defensivo e proteger jogadores. Hoje, quando o time entrar em campo, até o estádio Mané Garrincha parecerá ameaçador.A rigor, a seleção tem apenas dois jogos, um amistoso vencido e o empate na estreia. Em tese, é pouco. Mas se a história recente já não ajuda, o formato do torneio e o contexto do jogo quase impõem uma vitória para evitar o risco de um desastre ainda na primeira fase. Há, internamente, uma certeza: jogar novamente em Brasília, após o 0 a 0 com os africanos, torna o início do jogo determinante. A comissão técnica sonha com um gol até os 20 minutos para acalmar o público. Não ajuda, ainda, que o rival seja uma seleção que, embora quarta colocada em Atenas-2004, tem histórico futebolístico limitado. O senso comum é de que a obrigação é toda do Brasil. Algo que ainda prevalece em relação ao torneio como um todo.
COMO SE FOSSE FORA DE CASA
Rogério Micale foi levado, ontem, a comentar uma possível vaia em caso de o resultado demorar a se construir. Foi sincero e surpreendente.
— O apoio do torcedor é muito importante. Mas se vier a vaia, temos que imaginar que estamos jogando no campo do adversário — disse Micale. — Se o gol vier cedo, melhor. Mas temos 90 minutos para ganhar. Tivemos 17 finalizações contra a África do Sul, mas nem assim ficamos satisfeitos. Sempre se cobra da seleção domínio massacrante e muitos gols.
Situações como esta testam convicções. As ideias de jogo que Micale sempre mostrou ter nítidas parecem preservadas:
— Tenho as convicções muito claras. Não são formadas em um jogo. São anos de observações — disse.
Neste sábado, ele fechou o treino em Ceilândia, cidade-satélite de Brasília. Não foi inédito, mas desta fez mistério no único trabalho tático antes do jogo. Antes, falou por quase meia hora no vestiário e tentou acalmar o time. Pressiona-se para que Neymar seja decisivo, questiona-se se Gabriel Jesus está pronto a assumir situações de forte cobrança na seleção. Neymar tem, nesta seleção, um significado semelhante ao de Messi no Barcelona. É inerente ao jogo buscar muito o Neymar. Estão exigindo muito dele. Ele vai crescer. Busca muito o jogo. Só não erra quem se omite — afirmou. — Gabriel Jesus é outro que nunca se omitiu.
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