O cruzamento entre as faturas do cartão de crédito internacional da jornalista Cláudia Cruz, mulher do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com as fotos de seu álbum de fotos no Facebook permite que sejam mapeadas as viagens que, segundo o Ministério Público Federal, foram pagas com dinheiro de corrupção da Petrobras. A informação foi publicada nesta sexta-feira no blog do colunista Lauro Jardim, no GLOBO.A família Cunha viajou nove vezes ao exterior entre 2013 e 2015, para destinos como Nova York, Miami, Orlando, Barcelona, Zurique, Paris, Roma, Lisboa, São Petesburgo e Dubai, com gastos nos cartões de crédito que totalizaram US$ 526.760 — Cunha e uma das filhas, Danielle, também tinham cartões internacionais. As faturas eram pagas com dinheiro da conta suíça Köpek, que, segundo a denúncia que tornou Cláudia ré na Lava-Jato, foi abastecida com recursos que vinham do petrolão.Desse montante, segundo a Lava-Jato, as despesas de Cláudia no cartão somaram US$ 81.172. As faturas do cartão de Cunha totalizaram US$ 169.730 e as de Danielle, US$ 269.327. Cláudia teve ainda, de 2008 a 2012, um American Express, em que pagou o colégio na Inglaterra para uma de suas filhas e as aulas de tênis do enteado, na Flórida.
As primeiras fotos que coincidem com faturas encontradas pela Lava-Jato foram tiradas no começo de 2013, quando Cunha e Cláudia viajaram à Espanha para a formatura de Danielle, em um MBA na escola de negócios Esade — que, a propósito, custou US$ 119 mil, transferidos da mesma conta suíça Köpek, não declarada por Cláudia. A fatura do Corner Card informa que, dias depois da formatura, Cláudia gastou US$ 407 no free shop do Aeroporto de Barcelona.
Além das imagens da cerimônia de formatura, Cláudia publicou imagens de pratos com lagostas, camarões e ostras. Também fez uma série de selfies na praia de Barcelona e na piscina em frente ao hotel em que ficou hospedada.
Naquele mês, as fotos indicam que Cláudia também viajou com Danielle a Paris. Fez com o cartão de crédito uma compra na camisaria Charvet Place Vendôme, de € 395, e tirou um punhado de fotos, ora com a Torre Eiffel, ora com o Sena.
Meses depois, em setembro de 2013, quando foi a Nova York e torrou US$ 3.209 na loja de departamento de luxo Berdorf Goodman e outras centenas na joalheria Tiffany e na perfumaria Sephora, Cláudia tirou outra sequência de selfies em frente a diferentes fachadas de lojas.
Nos primeiros dias de 2014, Cláudia voltou a Paris. Ninguém é de ferro. Comprou € 5.540 na Chanel, € 1.900 na Christian Dior, € 3.005 novamente na Charvet Place Vendôme e outros € 2.115 na Balenciaga. Só no dia 11 de janeiro, foram € 9.600 gastos. E dá-lhe selfie e frases do tipo “Paris será sempre Paris”.
Cláudia e o Corner Card voltariam muitas vezes a Paris. Na legenda de uma foto do rótulo do chocolate do chef Alain Ducasse, dias após voltar para o Rio, a jornalista lamenta a distância:
“Já estou com saudade. Paris poderia ser logo ali, tal qual uma ponte aérea”.
O comentário rendeu poucas curtidas.
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