Afastado do mandato de deputado e da presidência da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou, na noite desta sexta-feira, que pretende procurar o Supremo Tribunal Federal (STF) para esclarecer o que pode fazer durante a suspensão antes de voltar a frequentar a Casa. Na quinta, ele havia dito que voltaria ao gabinete na segunda-feira. A decisão foi criticada por parlamentares, e o relator do Conselho de Ética que analisa a denúncia contra ele de quebra decoro parlamentar disse que a atitude poderia configurar uma afronta ao STF.
— Obviamente eu não vou à Câmara na segunda-feira — disse Cunha, em entrevista à jornalista Mariana Godoy, da RedeTV. — Como o Supremo não entendeu igual a mim, eu vou querer que o Supremo esclareça. Não quero causar nenhuma afronta.
Cunha voltou a dizer que as denúncias contra ele no STF são “ilações” do procurador-geral Rodrigo Janot, a quem acusou, novamente, de celeridade e seletividade em processos contra ele. Negou que tenha indicado Jorge Zelada para a diretoria da Petrobras e afirmou que a única indicação que ele fez a Furnas foi do ex-prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde, mas ressaltou que foi uma atitude da “bancada do PMDB do Rio com o ex-governador Sérgio Cabral”. O deputado afastado também rejeitou a afirmação de que tenha indicado nomes para o governo de Michel Temer, entre eles, o novo líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE):
— Eu não costumo interferir. Acho que é um bom nome como poderia ser qualquer um dos outros líderes. Realmente, o André tem trânsito dentro dessa base aliada.
Questionado se aceitaria um acordo de delação premiada caso fosse preso, Cunha negou:
— Não tem absolutamente nada que eu possa dizer de ato ilícito que as pessoas possam ter cometido. As pessoas estão querendo criar tumulto sem qualquer relação com a realidade.
Cunha disse que não falou com o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-AL), antes da anulação da votação de impeachment da Câmara, medida que, mais tarde, foi revogada pelo próprio Maranhão. Cunha afirmou que, em caso de renúncia de Maranhão, uma nova eleição contemplará apenas a vaga de primeiro vice da Casa:
— Se ele renunciar, vai ter outra eleição para o primeiro vice. Meu cargo não está vago.
Sobre a motivação para aceitar a denúncia contra a presidente afastada Dilma Rousseff, Cunha negou que tenha atuado por vingança depois que o PT decidiu não apoiá-lo no Conselho de Ética:
Ele foi irônico ao responder se o impeachment era um golpe, como afirma a defesa de Dilma Rousseff:
— Pode ser que tenha havido um golpe no Brasil, mas um golpe de sorte. A gente pode ter se livrado da Dilma e do PT de uma vez só.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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