
A um gol da marca dos 300, Fred mantém o foco no Fla-Flu deste domingo. Mas não perde o humor. Já que a atriz Maitê Proença garantiu tirar a roupa caso o Botafogo deixe a Série B do Brasileiro, o atacante lhe cobra uma promessa semelhante que contemple os tricolores se o Fluminense faturar o Estadual.
Em dez jogos contra o Flamengo, você venceu quatro, empatou quatro e perdeu apenas dois. Fez ainda quatro gols, um deles lindíssimo, de voleio, no Engenhão em 2012. É bom encarar o Flamengo?
Sim, o clássico é sempre o melhor jogo. Era assim quando eu defendia o América e o Cruzeiro, nos clássicos de Minas Gerais; com a camisa do Lyon, igualmente; e agora, pelo Fluminense. Contudo, admito que o Fla-Flu tem seu charme, pois gosto da atmosfera especial criada por tudo que o envolve. Já consegui fazer gols marcantes, que ajudaram o Flu em outras épocas e ficaram na memória de muitos torcedores. Tudo isso me incentiva a sempre buscar uma boa atuação nesse tipo de jogo. Você relembra as coisas boas que conseguiu realizar nos clássicos anteriores e entra em campo para repetir os momentos que foram memoráveis. Acredito que, levando em consideração a grandeza do adversário e a força que essa rivalidade possui, é excelente quando conseguimos ir bem no jogo e vencer o Flamengo.
Você enfrenta no domingo um dos seus adversários na briga pela artilharia do Estadual, Marcelo Cirino. O que tem achado desse jogador, que foi lançado nessa nova posição, um falso 9, por Vanderlei Luxemburgo?
Acompanho o Cirino desde quando ele jogava pelo Atlético Paranaense. É um atleta de muita força e velocidade. Já sabia que seria um jogador que se destacaria no cenário nacional. O fato de ele atuar de falso 9 só demonstra toda sua qualidade e capacidade, pois é um atacante que, além das características que citei, também mostra ter tranquilidade na cara do gol, no momento de finalizar com precisão e deslocar o goleiro. É um jogador de que todo time precisa.
Se fizer um gol no domingo, você chega à marca de 300 na carreira e ainda iguala ao Russo (149 gols), tornando-se o sexto maior goleador da história do Fluminense. Até onde você pode ir nessa galeria de artilheiros do Fluminense? Traçou para este ano um número de gols como meta?
Não tracei nenhuma meta. Porém, certamente quero ir muito mais longe, porque pretendo escrever definitivamente meu nome na história do Fluminense. Sou movido por desafios e me inspiro nas possibilidades de alcançar novas marcas, pois é algo que fica marcado na história, tanto a pessoal quanto a do clube. Contudo, sempre digo que a minha principal preocupação é o time e o que precisamos fazer para manter o melhor ambiente possível, conquistar as vitórias e buscar títulos.
Esse gol 300, tão significativo, vai merecer uma comemoração especial?
Isso nem passa pela minha cabeça, principalmente pelo peso do adversário. O mais importante, neste momento, é a vitória no domingo. Independentemente de quem faça o gol ou de como ele seja, nosso foco está em conquistar os três pontos nesta partida. O Flu necessita, mais do que nunca, desse triunfo, e precisamos ter o pensamento apenas no objetivo coletivo.
Uma camisa que marca o gol 300 merece ser guardada em casa? Vai trocá-la? Já a prometeu alguém? Quem?
Sem dúvida, será uma camisa emblemática e certamente terá um lugar especial no acervo de objetos marcantes da minha carreira. Porém, é impossível prever quando isso vai acontecer. Espero que o gol aconteça o mais rápido possível.
Em dezembro, você chegou a dizer que tinha 20 meses de direitos de imagem em atraso, a receber... A situação não deve ter melhorado muito de lá para cá. Como está sendo a relação com o clube após o fim do forte patrocínio da Unimed?
Naquela ocasião, havia um cenário de muita incerteza, provocado pela saída do patrocinador. Porém, a diretoria, através do Peter Siemsen, do Mario Bittencourt e do Fernando Simone, tratou de agir rapidamente para tranquilizar todo o grupo. Eles apresentaram um planejamento estratégico convincente e que, até o momento, tem sido muito eficiente. Por isso, dei meu voto de confiança ao clube, pois, diga-se de passagem, devo muito ao Fluminense por tudo de bom que já vivi aqui. Torço para que esta diretoria consiga manter tudo que foi acordado, porque a instituição passa por um momento de transição importantíssimo e não pode haver erros. Temos que passar por esta fase com o mínimo de turbulência possível, mas reforço que, até agora, tudo o que foi combinado tem sido cumprido — o que é muito bom e nos dá uma tranquilidade a mais.
Recentemente, Dunga, em entrevista ao 'Seleção Sportv', deixou a porta aberta para você na seleção. Porém, você não teve nenhuma chance com ele, e a convocação para a Copa América será em maio. Tem esperança, mesmo com as oportunidades dadas ao Firmino, por exemplo? Está gostando dele?
Esperança eu sempre tenho. Afinal, é uma honra defender a Seleção Brasileira. Já vivi momentos inesquecíveis, como a Copa das Confederações, a artilharia, aquele título marcante que conseguimos... E momentos ruins, como a Copa do Mundo. Tudo isso me deu mais bagagem e me ensinou a ter a real noção do peso e da responsabilidade que é vestir esta camisa. Hoje, estou muito tranquilo. A Seleção não é algo que me tire mais o sono, mas uma nova oportunidade certamente seria muito bem-vinda. Atualmente, o Fluminense vem em primeiro lugar, mas jamais desprezaria uma nova chance de vestir a camisa da Seleção.
O que representa um Fla-Flu pra você?
O nome já diz tudo. A minha opinião sobre o Fla-Flu em comparação com a de imortais, como Nelson Rodrigues e Armando Nogueira, por exemplo, torna-se irrelevante. É muito difícil descrever em poucas palavras um clássico dessa magnitude. Mas, para mim, sem sombra de dúvida, é um dos maiores confrontos de que já participei na vida e espero ainda jogar vários Fla-Flus, tentando fazer a diferença e ser decisivo. Já tive momentos maravilhosos nesse clássico, e a torcida do Fluminense tem uma vibração especial e contagiante em jogos contra o Flamengo. Espero que toda a atmosfera que envolve esse confronto nunca se perca, pois acredito que é algo que faz parte da cultura e da história do Rio de Janeiro. Ser personagem desse duelo é, sem dúvida, uma satisfação imensa. Esse é o tipo de jogo que é um divisor de águas para a temporada. Quem vence, ganha bastante confiança para a sequência. E quem perde, sente por muito tempo o peso da derrota. Foi assim em 2012, por exemplo, quando vencemos no segundo turno do Brasileiro e conseguimos o embalo para nos manter firmes na briga pelo título.
É bacana ver seu envolvimento com os jovens Kenedy e Gerson. Pode contar algo de bastidores do convívio com esses meninos? Eles te chamam de Fred ou de algum apelido tipo 'mestre', 'tio' (risos)...
Esses dois moleques já estão muito "folgados". Quando chegaram, ambos eram bem humildes, tranquilos e agora já estão cheios de graça para cima dos mais velhos. Já vou avisando logo: se não tocar a bola para mim, mando os dois de volta para Xerém (risos). Brincadeiras à parte, são dois atletas com potencial acima da média e, o melhor de tudo, dois seres humanos do bem. São garotos humildes e talentosos e têm tudo para vencer na vida. Eu torço muito por eles e não medirei esforços para ajudá-los no que for preciso.
Por que o Fluminense está fora do G-4, mesmo tendo mantido jogadores de altíssimo nível como você, Cavalieri etc?
De fato, a diretoria acertou muito ao manter a espinha dorsal do time, que tinha a experiência como uma de suas principais características. Quem acompanha o dia a dia do clube sabe que é praticamente outra equipe que vem jogando esta temporada. Perdemos muitos jogadores que conheciam o Fluminense profundamente e foram vencedores aqui, como o Conca, o Sóbis, o Valencia, o Diguinho, o Carlinhos, etc. Foram 15 saídas, algo que causa um impacto em qualquer clube que seja. Em contrapartida, vieram outros jogadores com potencial muito grande, mas que ainda precisam confirmar, ao longo do tempo, esse potencial com a camisa do Fluminense. Quanto à questão do G4, digo que o futebol é assim: hoje você está fora, amanhã está dentro. Tenho certeza de que essa boa mescla entre a espinha dorsal (que foi mantida na equipe) e o acréscimo desses talentos da base, como o Gerson, o Marlon, o Kenedy, o Robert – além de todas as outras revelações que venham a nos ajudar -, pode gerar uma liga muito interessante. E, assim, iremos fortes para brigar pela classificação e pelo título do Campeonato Carioca e das demais competições.
Já que no domingo é dia da Páscoa, você acredita no coelhinho? Qual é a maior mentira do futebol brasileiro? E qual o sonho impossível que você gostaria de realizar?
Acredito no bem. Se esse folclore criado em torno dessas datas comemorativas serve para que as pessoas façam o bem ao próximo, penso que o Coelhinho e o Papai Noel são válidos. Sobre a maior mentira: é a suposta imparcialidade de algumas pessoas do futebol brasileiro. É algo que todos pregam, mas, a meu ver, nem todos praticam. Para mim, é, sem sombra de dúvida, a maior mentira. Quanto ao sonho: seria acabar com a violência no futebol brasileiro. Talvez possa ser encarado como algo impossível mesmo, por causa da falta de educação e de leis mais severas, enfim, da realidade do nosso país. Porém, seria uma realização de vida contribuir de alguma forma para esse feito.
A Maitê Proença prometeu tirar a roupa se o Botafogo subir para a Série A do Brasileirão. Levando-se em conta o seu sucesso com as mulheres e o seu bom gosto, você vai torcer para o Alvinegro subir (risos)?
Sinceramente, eu já pretendia torcer para o Botafogo retornar, pois isso só fortalece o futebol carioca. Se hoje eu estou aqui no Rio, tenho que prezar por um futebol local competitivo, com uma rivalidade forte, mas sadia; e que, dessa forma, atraia cada vez mais a mídia, torcedores e investidores que deixem os clubes com possibilidades de formar grandes plantéis e, principalmente, de arcar com todos os compromissos firmados. Só assim poderemos fazer frente a São Paulo, por exemplo. Já a Maitê merece uma menção à parte nessa resposta. Se ela prometeu ficar nua pelo acesso, estou pensando em torcer para que o Botafogo seja campeão do mundo, para ver o que acontece (risos). Gostaria de saber o que ela faria caso o Flu fosse campeão carioca deste ano. Afinal, nossa torcida também merece uma promessa à altura (risos).
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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