
Familiares e amigos de Hugo Carvana participaram do velório do ator e diretor, realizado neste domingo, 5, no Parque Lage, Zona Sul do Rio. A família tentou que a cerimônia acontecesse no campo do Fluminense, time de coração do Hugo, mas acabou optando pelo parque. O corpo chegou ao local por volta de 8h15 e foi recebido por Pedro, filho do ator, que vestia uma camisa do time do pai.
Pedro colocou uma faixa do tricolor sobre o caixão e objetos pessoais do pai, muitos usados nos filmes dirigidos por ele, como a placa usada no filme "O homem nu" e a garrafa de cachaça do filme "Bar esperança", protagonizado por Marília Pêra.
"A partida do meu pai é dolorosa, mas ao mesmo tempo é uma oportunidade de celebrar o que o Carvana deixou de legado. A mania de olhar a vida com humor, alegria e com a elegância de um vagabundo errante. Tem de tentar aproveitar para olhar um pouco a figura e trazer para os dias de hoje a alma de passarinho, a inocência e leveza que ele levava a vida", disse ele, fazendo referência a uma das maiores obras de seu pai, o filme "Vai trabalhar, vagabundo".
A mulher de Hugo, a jornalista Martha Alencar, falou sobre o marido, com quem estava casada há 46 anos. "Ele bebeu demais, riu demais e amou a vida. Ele tinha um humor cortante, devastador, mas nunca rompeu com os limites do respeito. Estou meio desarticulada. Hoje é meu primeiro dia sem ele. É difícil. Ele era um brasileiro de verdade, preocupado com o destino do pais. Um carioca considerado a imagem do Rio. Um suburbano autêntico." Maria Clara Carvana, uma das filhas do ator e diretor, emendou: "Foram 77 anos de uma vida bem vivida e intensa. A gente nunca se prepara suficientemente. É uma dor, sem palavras. Mas fica a alegria da vida que levou. Levamos de lição o cinema, a boemia e a
Alegria."
Martha lembrou também de como Hugo foi seu companheiro quando ela precisou deixar o país na época da ditadura. "Ele era um companheiro de vida, de trabalho e de luta. Ele sempre esteve do meu lado... Quando tive de sair do país porque eu era militante, ele foi comigo."
Segundo ela, foi intencional o fato de esconder da mídia que Hugo Carvana estava novamente com câncer.
"O que o estava mantendo vivo era o trabalho. Até tentamos não divulgar muito o câncer porque estávamos participando de vários editais. Ele queria voltar a dirigir logo. Ele tinha Parkinson, mas ele voltava por cima. Ele dirigiu os dois filmes sem conseguir andar, mas o clima no estúdio era maravilhoso. Ele sempre deu a volta por cima."
Rita Carvana, outra filha do diretor, disse: "A gente se prepara para um filme,
mas nunca para isso. Mas ele lutou muito. Tinha muita garra e acreditava na sua recuperação."
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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