A verdadeira sabedoria se manifesta na prática
A Carta de Tiago enfatiza o lado prático do Evangelho de Cristo. No
capítulo 1 e versículo 27, o apóstolo destaca as evidências da "religião
pura e imaculada" para nos faz entender que praticar a Palavra é
torná-la viva ante o mundo. É importante viver na prática a Palavra de
Deus, para não cairmos no descrédito daqueles que nos rodeiam.
O cristão portador da sabedoria do alto é um crente abnegado, ao invés
de simplesmente pronunciar a Palavra, vive-a como um exemplo de que ela é
praticável e benéfica. Seu comportamento faz com que as pessoas em sua
volta reflitam sobre como recebem as Escrituras, se como simples relato
histórico ou como a sagrada regra de fé e conduta.
Mahatma Ghandi, diante de um líder cristão, disse: "Eu admiro o vosso
Cristo, e não o vosso cristianismo". Infelizmente, vivemos num tempo em
que, para muitos, há um grande abismo entre o ato de dizer e o fazer, o
ato de pregar e o praticar, o ensinar e o oferecer exemplo.
O crente tem que ser uma testemunha viva do amor e poder do Senhor. De
que adianta, ao homem, ouvir mandamentos, preceitos e ordenanças sem
conhecer na prática os seus efeitos positivos?
É necessário ouvir
Quem é de Deus ouve as palavras de Deus (João 8.47). O verbo ouvir neste
texto tem mais do que o sentido de escutar, é prestar atenção com a
intenção de aprender e tornar-se apto a pôr o ensinamento em prática.
Na Palavra encontramos a exposição de um padrão ético superior ao que se
vê em homens e mulheres comuns. A ética bíblica não visa apenas ao que a
pessoa faz, mas ao que ela é, vai ao encontro de todas as áreas
essenciais da vida e de encontro ao código exterior da sociedade
edonista e ególatra.
Quando o leitor se submete à vontade divina, a Palavra cria fé em seu
coração (Romanos 10.17). À medida que uma pessoa lê a Bíblia, esta, por
sua vez, interage com o leitor, falando dinamicamente às suas
necessidades. Ela é a voz de Deus, é penetrante, toca no âmago do ser
humano e oferece todas as respostas necessárias às perguntas mais
importantes (Hebreus 4.12, 13).
A leitura bíblica gera conhecimento e o conhecimento do Senhor produz
libertação (Oseias 6.3; João 8.32). A Palavra transforma o leitor em
todos os setores que precisa ser transformado e o conduz ao encontro com
Deus. O leitor cuja alma está cansada e oprimida, recebe o alívio
proporcionado por Cristo, que troca o fardo pesado que encontra-se em
seu coração pelo fardo leve e agradável que Ele tem para quem deseja ser
praticante da vontade divina. Com a ajuda do Espírito o crente
experimenta viver praticando a Palavra prazerosamente (Mateus 11.28-30;
João 14.26).
As ideias expostas na Bíblia, morais e religiosas, encaminham o leitor
em direção a Deus, que o ama, apresentando o Todo Poderoso como fonte
originária da relevância e do propósito para si mesmo e para o seu
mundo, orienta-o com vista ao seu bem-estar pleno.
O perfil do crente praticante da Palavra de Deus
Segundo Tiago, o nosso relacionamento com outros deve ser propenso a dar
atenção ao próximo. O praticante da Palavra é sempre dado a ouvir, pois
quando fala corre o risco de pecar.
Há muita sabedoria em ser uma pessoa tardia para falar, a Bíblia revela
que o homem de entendimento cala-se, até o tolo, quando calado, será
reputado por sábio (Provérbios 11.12; 17.28). No círculo social das
rodas de conversas, a Bíblia valoriza mais quem se propõe a escutar do
que quem se dispõe a expressar-se. Recomenda o filho prestar atenção nas
instruções do pai, ouvir as palavras dos sábios e afirma que é melhor
"ouvir a repreensão do sábio do que a canção do tolo" (Provérbios 1.8;
22.17; Eclesiastes 7.5).
Em nosso relacionamento com o próximo é preciso estar disposto a ouvir
mais e não ter pressa para falar. Ao relacionarmos com Deus, é
necessário estar sempre pronto a ouvir a Palavra com mansidão e possuir
muita disposição para rejeitar o pecado.
Os exemplos de Moisés e Jesus em momentos de ira devem ser observados e imitados. A indignação que manifestaram teve como alvo a iniquidade e afronta contra Deus. Moisés revoltou-se contra a idolatria ao bezerro de ouro e quebrou as tábuas da lei. Jesus, irou-se contra a ação de cambistas no templo, virou mesas com chicote nas mãos. Ambos não pecaram contra o próximo ao agirem com objetivo de reestabelecer a vontade do Senhor. É válido frisar: eles não pecaram.
A Palavra de Deus conclama o ser humano a uma moralidade que supera a nossa medida de justiça. "A ira do homem não opera a justiça de Deus" (Tiago 1.20). O crente não praticante da Palavra ao sentir-se prejudicado, lança mão de recursos injustos, luta contra o próximo objetivando fazer justiça em favor de si mesmo e em proteção de seus interesses egoístas. Toda pessoa não praticante da Palavra ainda não despojou-se do "velho homem", portanto dá vazão à indignação através do pecado. É capaz de fazer uso de gritarias, seus lábios transbordam amargura, pensamentos maus, calúnias, mentiras, blasfêmias, e toda espécie de malícia contra seu semelhante por quem Cristo morreu, ignorando (ou ignorante) que seus inimigos reais têm origem espiritual, não possuem sangue e carne, são principados, potestades, os príncipes das trevas deste século, as hostes espirituais da maldade, alojadas nos lugares celestiais (Efésios 4.22, 25; 31; 6.12).
Tiago compara tais pessoas a um homem que se olha no espelho e ao afastar-se esquece dos detalhes de sua fisionomia. São exatamente assim as pessoas que um dia entregaram-se ao senhorio de Cristo, mas em determinadas circunstâncias costumam deixar que a raiva apodere-se de suas vidas. O sentimento de cólera toma o coração delas com autoridade de senhor, elas parecem esquecidas do mandamento que orienta a amar o próximo como a si mesmo. Talvez abatidas pelo surto de amnésia, ou propositalmente, desprezam a ordem de Jesus para amar quem nos odeia, falar e fazer o bem aos que nos maldizem e fazem mal, orar em favor de nossos perseguidores.
Conclusão
É primordial praticar a Palavra: no lar, na igreja, em trânsito. É necessário que cada cristão realize um exame de consciência e pergunte-se se seus sentimentos refletem ambição egoísta ou o amor de Deus, pois não há evidências aceitáveis no relacionamento com Deus e com os outros na vida de crentes que são apenas conhecedores e não praticantes. Suas ações produzem consequências maléficas à Obra de Deus.
Não é normal alguém pregar o Evangelho e ao mesmo tempo ter atitudes que destoam de seus ensinamentos. É anormal pronunciar a Palavra sem praticá-la, tal contradição é puro intelectualismo; o ensino sem a vivência é puro farisaísmo.
É preciso, diuturnamente, desejar e ser parte do grupo de crentes que são praticantes da Palavra e não apenas conhecedores e pregadores dela, é necessário aplicar a verdadeira religião cristã em nossas vidas, observando seus preceitos e estatutos. Do contrário, nossa religião será vã, vazia, sem resultados apropriados e a Palavra nos condenará ao porvir sem paz, sem alegria, sem motivos para sorrir.
Por:Damiana Sheyla
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