Expansão do PIB não deve alcançar 1,7%

 

O crescimento da economia brasileira não vai alcançar 1,7% neste ano se concretizado o cenário traçado por mais de uma centena de economistas de instituições financeiras e outras empresas. A mediana das projeções do boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central (BC), recuou de 1,79% para 1,67%. Há um mês, as previsões eram mais otimistas e apostavam em expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,91%.
 
Para o ano passado, cujo número oficial será divulgado na quinta-feira, a estimativa para a expansão da atividade econômica é de 2,2%. Se os modelos matemáticos do mercado estiverem calibrados, o crescimento médio do PIB na gestão da presidente Dilma Rousseff ficará em 1,9%.
Dilma não conseguiria ultrapassar a marca de Luiz Inácio Lula da Silva, que entregou em oito anos (2003-2010) um crescimento médio de 4%. Sua marca seria menor, inclusive, do que a do governo de Fernando Henrique Cardoso. O tucano fez a economia crescer, em média, 2,3% ao ano, durante o período de 1995 a 2012.
"O cenário para 2014 é ainda mais desfavorável que o do ano passado", afirmou o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, acrescentando que o governo precisa lidar com mais restrição fiscal. Por isso, aponta, terá dificuldades para estimular a economia.
Copom
Para os analistas ouvidos pelo BC, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve decidir nesta semana por mais uma alta de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros, levando a Selic a 10,75% ao ano. Em abril, segundo as projeções, o colegiado que reúne os diretores do BC votará por mais uma dose de aperto, para 11% ao ano, patamar no qual os juros básicos encerrarão o ano. Em 2015, haverá mais dois aumentos e a taxa alcançará 12% em abril.
Mesmo com menos crescimento e mais juros, o mercado aposta em mais inflação para este ano. A mediana das projeções aos 6% para a variação acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A inflação oficial deve encerrar 2015 em 5,7%, segundos estimativas do mercado, que mantém há um mês a mesma projeção.
Tarifas públicas
Para 2014, os economistas esperam alta dos preços administrados pelo governo. Na última semana, eles elevaram pela terceira vez a estimativa para o aumento das tarifas públicas, que há quatro semanas estava em 4%, para 4,10%.
A Tendências, por exemplo, aposta que ocorrerá alta do preço da energia elétrica neste ano. Já de outros preços controlados pelo governo - como o combustível e transporte público - a consultoria acredita que o aumento só ocorrerá no ano que vem. O mercado acredita que a "conta" de ter represado essas tarifas no ano passado deve ser mais salgada em 2015, passado o período eleitoral, quando os preços administrados devem subir 5%, de acordo com o relatório Focus.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus,