
O microcrédito tem crescido em ritmo intenso, mas ainda está longe de alcançar todos os pequenos empreendedores que precisam de acesso aos empréstimos, avaliam especialistas ouvidos pela reportagem.
Em novembro, o microcrédito alcançou o saldo recorde de R$ 4,873 bilhões, com crescimento de 26,7%, comparado a igual período de 2012 (R$ 3,570 bilhões). A série histórica do Banco Central (BC) tem início em 2007. As concessões também foram recorde em novembro, com registro de R$ 1,119 bilhão em desembolsos pelos bancos.
Entretanto, segundo o coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Lauro González, mesmo com o crescimento, apenas parte do mercado é atendida.
A estimativa é que atualmente 25% dos 10 milhões de clientes potenciais tenham acesso ao microcrédito. O empréstimo, geralmente com taxas de juros mais baixas, ajuda pequenos empreendedores a iniciar ou melhorar os negócios, com investimentos, por exemplo, em equipamentos e reformas ou produtos para vender. No microcrédito produtivo orientado, os bancos analisam a capacidade de pagamento, a necessidade de empréstimos e prestam serviço de orientação sobre gestão dos negócios.
Para González, é preciso haver investimento e inovação dos bancos privados, além de maior participação do Banco do Brasil e da Caixa Econômica e Federal.
A iniciativa, lançada em 2011, tem subsídios para “equalização de taxas” para os bancos dispostos a fazer as operações, cobrando os juros previstos pelo programa. Assim, na opinião de González, fica difícil para os bancos que não participam do programa se interessarem pelo segmento e oferecerem taxas de juros mais baixas.
Avanço
O diretor de Desenvolvimento Sustentável e Microfinança do BNB, Stélio Gama Lyra, considera um “grande avanço” a participação do Banco do Brasil e da Caixa no programa Crescer. Para Lyra, ainda é preciso “tempo de maturação” para que o programa nos outros bancos ganhe mais força.
O BNB tem maior atuação no programa do que os demais. Também participam do Crescer o Banco da Amazônia, o Banrisul, o Banestes e a Agência de Fomento do Paraná. Atualmente, o Banco do Nordeste tem 1,6 milhão de clientes, com saldo de R$ 2 bilhões de microcrédito, em 30 de novembro. São 13.170 de operações de crédito por dia, com taxa de juros a 5% ao ano.
Público feminino é o que mais procura
Brasília. As mulheres são as que mais procuram o microcrédito para investir em pequenos negócios. No Banco do Nordeste (BNB), 65% dos clientes do segmento são mulheres. A presença feminina (57%) também supera a masculina no Banco do Brasil. No Santander, o percentual de participação feminina é 69%.
Para o superintendente de Microcrédito do Santander, Jerônimo Ramos, as mulheres sabem gerenciar melhor os pequenos negócios do que os homens. “As mulheres têm um comportamento melhor que os homens na hora de pagar”, conta.
O diretor de Desenvolvimento Sustentável e Microfinança do BNB, Stélio Gama Lyra, destaca que as mulheres têm mais dificuldade de obter emprego. “Elas precisam de horário flexível e assim podem cuidar da família. São sacoleiras, cabeleireiras, vendedoras de cosméticos”, diz. Segundo Jerônimo Ramos, 95% dos clientes de microcrédito do banco pagam os empréstimos em dia. No Satander, o valor médio do empréstimo é R$ 2,3 mil e o pagamento leva, em média, oito meses. A maior parte do dinheiro vai para o comércio de roupas (25%), mercados de bairro (21%) e indústria da beleza (16%). No BNB, o valor médio dos empréstimos é R$ 1,2 mil. O prazo médio para pagamento é 19 meses, no caso de investimentos, e oito meses, para capital de giro.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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