Em um estado como Minas Gerais, no qual a rivalidade entre os clubes é extremamente acirrada, o ex-atacante Palhinha conseguiu uma proeza. Após três décadas no futebol, o ex-jogador conquistou o coração das torcidas de Atlético, Cruzeiro e América. Mas qual seria o segredo do atacante, revelado na Toca da Raposa, no fim dos anos 60, que fez sucesso no Galo, nos anos 80, e encerrou a carreira no América, em 1985, aos 35 anos?
“É até difícil imaginar. O que eu passei, poucas pessoas
tiveram a felicidade de passar. Joguei nos três clubes de Minas e fui
treinador dos três. É difícil o profissional ter tido essa
oportunidade”, diz Palhinha, orgulhoso.
Mas o ex-atacante não fez sucesso
somente em Minas. Em 1976, após se tornar campeão e maior artilheiro da
Libertadores da América com a camisa celeste, ele se transferiu para o
Corinthians, na maior negociação do futebol brasileiro à época. E
Palhinha não decepcionou. Junto com Geraldo, Romeu e Basílio, ajudou o
Timão a acabar com um jejum de 22 anos sem título no Campeonato Paulista
de 1977.
“Tive muitas alegrias no futebol como a
Libertadores de 76 (Cruzeiro) e o título de 77, pelo Corinthians, após
22 anos de espera. Foi muito tempo”, lembra o ex-jogador, que também foi
campeão paulista em 1979 pelo Timão.
No ano seguinte, Palhinha foi para o Galo, jogando ao lado
de Reinaldo, Cerezo e Eder, entre outros. Naquele ano, o Atlético foi
campeão mineiro e vice-campeão brasileiro em memorável decisão contra o
Flamengo. Depois, ele jogou ainda no Santos e no Vasco, antes de
encerrar a carreira no América, clube no qual trabalhou pela primeira
vez como treinador. Em 17 anos como técnico, ainda comandou o
Corinthians e várias equipes do interior de São Paulo, antes de se
aposentar: “Tive um aneurisma abdominal. Fiz uma cirurgia e resolvi
parar com o futebol. Poderia ter morrido. Achei melhor parar por causa
do estresse.”
Aposentado, hoje Palhinha leva uma vida
confortável, em Belo Horizonte. Apesar de ter jogado em uma época em que
os salários não eram milionários, ele soube administrar bem o que
ganhou. “Sou empresário, tenho estacionamentos e imóveis alugados. Estou curtindo o meu seguro-desemprego”, brinca.
Longa espera até se firmar como titular
Atacante veloz e com faro de gol, Palhinha precisou de muita paciência para vingar no futebol. Revelado no fim dos anos 60, quando o Cruzeiro montou um dos melhores times de sua história, o ex-jogador teve que esperar quase quatro anos para ser titular.
“Só tinha cobra no time. Natal, Dirceu Lopes, Tostão, Piazza. Pensei até em desistir. Esperei quatro anos. Só consegui me firmar quando Tostão foi para o Vasco. Depois disso, passei por grandes equipes e cheguei à Seleção”, diz.
Palhinha vestiu a Amarelinha 20 vezes e marcou oito gols. Mesmo assim, lamenta não ter ido às Copas de 74 e 78.
“Eu me sinto um pouco injustiçado, pois estava muito bem, mas naquela época havia muita politicagem”, reclama.
Triste por Sócrates e Batata
Em quase 20 anos nos gramados, Palhinha nunca esqueceu de dois companheiros com os quais formou duplas afinadas: Doutor Sócrates, com quem fez enorme sucesso no Corinthians, no fim dos anos 70, e o ponta-direita do Cruzeiro Roberto Batata, morto em um acidente de carro, no auge da carreira.
“Acompanhava a inteligência do Sócrates. O entendimento era perfeito. Muita gente da imprensa nos comparou a Pelé e Coutinho. Senti muito a morte dele. Éramos amigos”, diz.
A morte de Roberto Batata, em 1976, dói até hoje.
“Tínhamos chegado de uma longa viagem de avião do Peru. Ele foi buscar a família quando aconteceu o acidente”, conta.“No aeroporto, insisti para ele descansar antes de buscar a família. Parecia estar pressentindo algo de ruim. Até hoje isso não sai da minha cabeça”, revela.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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