Uma nova ação contrária ao leilão do bloco de petróleo no campo de Libra (SP) ingressou na Justiça, desta vez no Rio de Janeiro - onde, inclusive, deverá ocorrer hoje o leilão. Agora, somam 24 ações as contrárias à operação. Segundo balanço da Advocacia Geral da União (AGU), o governo venceu 18 disputas. Restam seis ações em processo de análise nos tribunais.
Entre as alegações de quem é contrário ao leilão está o temor de que haverá a transferência do poder de controle da produção nacional de petróleo e gás natural para companhias estrangeiras. Na última quinta-feira, os petroleiros iniciaram uma greve contra a ´privatização´ do campo do pré-sal. No Ceará, ela começou à meia noite de hoje.
No sábado, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que o leilão "não representa uma privatização". Lobão também lembrou que, pelo regime de partilha da produção (que será inaugurado com a exploração de Libra), a Petrobras será a única companhia habilitada a explorar o campo. O ministro garantiu ainda que o leilão ocorrerá mesmo que haja apenas um consórcio na disputa.
Lobão chegou por volta das 17h30 de ontem no Hotel Windsor Barra, onde deve ser realizada a disputa. Estava acompanhado do secretário executivo de petróleo gás do ministério, Marco Antônio Almeida, e foi recebido pela diretora-geral da ANP (Agência Nacional de Petróleo), Magda Chambriard. O ministro rebateu também especulações de que a indústria nacional não teria condições de acompanhar um projeto do porte de libra, que tem recursos recuperáveis entre oito bilhões e 15 bilhões de barris de petróleo, a maior descoberta já feita no País.
Descartou ainda reduzir o ritmo dos leilões para garantir mais tempo para o desenvolvimento da indústria. "Não houve perda de ritmo da indústria. A indústria está preparada", afirmou Lobão.
Em coletiva à imprensa, Lobão disse que esta é a "madrugada de uma revolução econômica para o bem do Brasil". "Não podemos aceitar o pessimismo, criticas infundadas e o niilismo que se procura expandir sobre essa nova fronteira que o Brasil começara a explorar", defendeu o ministro.
Lobão disse também que "a descoberta de campos no pré-sal abriu uma fronteira nova para o otimismo responsável que devemos ter no Brasil, quanto ao destino da economia e da área social no Brasil".
Importação
O ministro destacou que esse é o momento mais adequado para realizar a licitação, porque o País produz 2,1 bilhões de barris de petróleo por dia, mas ainda consome pouco mais que isso, de forma que precisa fazer importações "mínimas" do combustível.
A exploração em Libra, disse, permitiria atender a demanda interna e colocar o Brasil em uma condição exportador de petróleo. Em sete anos, a expectativa é que o País possa exportar dois milhões de barris por dia.
Ações contrárias
De acordo com a AGU, até o início da noite de ontem, ainda aguardavam julgamento seis ações na Justiça, todas apresentadas por entidades que pedem a suspensão do leilão. Como ações foram apresentadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul e na Bahia, a AGU computa como decisão favorável não só aquela em que o juiz nega o pedido de suspensão do leilão, mas também nos casos em que a decisão é de se remeter os autos para o Rio, onde o primeiro processo contra a concorrência foi apresentado e negado pela Justiça.
Esquema de guerra
Ontem, a menos de 24 horas para a realização do leilão, o local da disputa começava a receber o reforço de forças de segurança. Cerca de 20 homens do exército se posicionaram nos arredores da avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, onde fica o hotel Windsor Barra. Eles estavam equipados com escudos, armas e capacetes. Além do exército, uma embarcação da Marinha também já havia sido acionada.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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