
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta quarta-feira (10) e deve elevar a taxa básica de juros da economia brasileira de 8% para 8,5% ao ano,segundo opinião quase consensual de analistas do mercado financeiro.
A decisão, se confirmada, tem por objetivo tentar conter o crescimento da inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado como referência no sistema de metas de inflação brasileiro, apesar de ter recuado em junho,somou 6,7%em doze meses. Com isso, ficou acima da meta central de inflação deste ano (4,5%) e, também, do teto de 6,5% existente no sistema de metas. As metas, porém, só valem para anos fechados.
A alta de juros, segundo economistas, também pode impactar, entretanto, o crescimento da economia brasileira, que tem sido constantemente revisado para baixo. No fim de 2012, o mercado financeiro estimava que o Produto Interno Bruto (PIB) do país avançaria 3,30% neste ano. Na semana passada, a previsão já havia recuado para um crescimento de 2,34% e já há economistas falando em 2% de alta.
Metas de inflação e atuação do BC
Apesar de existir uma meta central de 4,5% para este ano, na qual teoricamente o BC estaria mirando ao fixar os juros básicos da economia, o presidente da instituição, Alexandre Tombini, somente assegurou, no fim do ano passado, que o IPCA será menor do que os 5,84% registrados em 2012.
Os dados mostram que o BC manteve a taxa básica de juros inalterada na mínima histórica, em 7,25% ao ano, entre outubro do ano passado e abril de 2013, mesmo com a deterioração do cenário de inflação registrado no primeiro trimestre deste ano – explicitado no relatório de inflação e nas atas do Copom. Em abril deste ano, o BC iniciou o processo de alta dos juros e começou a endurecer o discurso de maio em diante, quando a elevação da taxa básica foi intensificada.
"Mesmo com o BC apertando a política de juros, acho que a inflação vai continuar perto de 6% neste ano e em 2014. Se não apertar, piora. Eu acho que o BC, depois de ter promovido uma queda muito grande anteriormente nos juros, sem ter a garantia de que a inflação estava sob controle, demorou muito para começar a subir a taxa básica", avaliou Alcides Leite, economista e professor da Trevisan Escola de Negócios.
Corte de gastos
Para ele, também é importante que o Ministério da Fazenda anuncie um corte de gastos públicos para tentar ajudar o Banco Central no controle da inflação. Economistas avaliam que estas duas ações (alta de juros e corte de gastos públicos) almejam o retorno da confiança e da credibilidade á politica ecônomica.
"O BC é mais um instrumento. Acho que tem um limite de atuação do BC, pois não vai levar os juros a um patamar altíssimo", avaliou Alcides Leite. O próprio economista, porém, analisou que o corte adicional de gestos de até R$ 15 bilhões, anunciado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, "não ajuda em nada". "Parte do corte é orçamentário e o orçamento é uma previsão de gastos. Não muda", declarou.
Esta visão é compartilhada por Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). "Eles reestimam as despesas previstas para todo este ano para baixo. E no último trimestre do ano corrigem [novamente os gastos para cima]. É coisa para inglês ver [o corte que será anunciado]. Para tentar ganhar a confiança do mercado. Eles dizem que vão cortar custeio [gastos correntes] ligados a terceirizados e fornecedores, mas grande parte está ligado aos programas sociais", declarou ele.
Alta do dólar
O economista Alcides Leite, da Trevisan, acrescentou que o fator que mais vai influenciar o Copom a subir os juros nesta quarta-feira é a alta do dólar - que opera acima de R$ 2,20 devido à sinalização dos Estados Unidos em retirar os estímulos monetários nos próximos meses, e também por conta de dúvidas sobre a condução da política econômica no Brasil. Até meados de maio, a moeda norte-americana oscilava ao redor de R$ 2.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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