Faern prepara relatório sobre efeitos da seca

 
Nos próximos dez dias, os técnicos da Federação de Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (Faern) vão elaborar um relatório com as informações colhidas durante a "Expedição Retratos da Seca". A caravana percorreu seis municípios potiguares mais afetados pela estiagem e encerra as atividades na tarde de hoje. O relatório da viagem será entregue a diversas autoridades e servirá de base à Assembleia Legislativa na definição das ações a serem implantadas no combate às consequências desse fenômeno. No início do mês, alguns deputados estaduais, entre eles o presidente da AL, Ricardo Motta, participaram de um encontro com a Associação Norte-rio-grandense de Criadores (Anorc). Na ocasião, Motta garantiu que criaria um fórum permanente de discussão sobre a seca na Assembleia. Porém, na mesma semana, o parlamentar explicou que os trabalhos só teriam início após o envio de sugestões da Faern. "Vamos esperar esse retorno para decidir o que fazer", informou à época o deputado.Ontem, durante visita à cidade de Apodi, o presidente da Faern, José Vieira, afirmou que nenhum representante da AL havia procurado a instituição. "Não chegamos a nos reunir com os deputados. Houve sim uma conversa com a Anorc onde fomos informados sobre a comissão de discussão na Assembleia", pontuou. Vieira informou ainda que o relatório da expedição deve ficar pronto no prazo de dez dias e será entregue a várias autoridades. "Vamos entregar uma cópia para a governadora Rosalba Ciarlini e para o presidente da Assembleia", colocou. O documento também será enviado para a presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu, e imprensa potiguar.  O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiern), Terceiro de Melo, participou de uma reunião realizada na manhã de ontem na Câmara Municipal de Apodi. Melo explicou que a participação no encontro é a demonstração de que a Fiern está solidária à situação da agricultura e pecuária do Estado. "A estiagem acaba afetando todos os setores. A indústria também perde porque há uma queda no poder de compra dos consumidores. A diretoria da Fiern já se reuniu e estamos solidários aos trabalhos da Faern", colocou.  
Apagão   
Para o presidente da Faern, a agricultura e pecuária do Rio Grande do Norte vive um momento de "apagão". Segundo Vieira, além do gado que está morrendo de fome e sede ou é abatido precocemente, as culturas dizimadas, redução do plantio de cana e a falta de investimentos e projetos que poderiam dar resposta ao combate aos efeitos da seca justificam a classificação pejorativa. "E do jeito que está, precisamos de pelo menos cinco anos para rever parte do que foi perdido", completa.A preocupação agora é com o futuro. De acordo com as previsões meteorológicas, o próximo trimestre será de chuvas irregulares. Segundo José Vieira, o Governo do Estado, apesar de alertado desde o ano passado, com a cobrança de ações intensificadores, não está preparado para enfrentar outras consequências da seca. "As ações ocorrem de forma muito tímida e não acontecem na velocidade que as  necessidades do homem do campo exigem. É tudo de forma sonolenta, devagar", afirmou.Lajes, Angicos, Apodi, Pau dos Ferros, Caicó e Santo Antônio foram as cidades visitadas pela expedição. A Faern exige, entre outras demandas, que o Estado a instale e perfure poços artesianos, dessalinizadores e apresse a expansão do Programa do Volumoso, que atualmente só atende 3% dos produtores rurais potiguares.
 Postado Por:Daniel Filho de Jesus