
Mais da metade dos brasileiros quer que ocontinue. Mas também mais de 50% acreditam que o programa não tira muitas pessoas da pobreza, enquanto quase 40% acham que os pobres continuam pobres mais por falta de esforço do que de oportunidades. O que predomina no Brasil é uma visão de valorização da renda que vem do trabalho. O quadro é apontado por estudo inédito da UFRJ, que levantou a percepção da população adulta do país sobre ações de combate à pobreza e à desigualdade.A pesquisa, feita por amostra, entrevistou 2.200 pessoas no país com 16 anos ou mais. Sob coordenação da professora Lena Lavinas, do Instituto de Economia da UFRJ, e com participação de pesquisadores de outras instituições, como a UFF, o estudo, financiado pela Finep e com pesquisa de campo realizada em setembro e outubro de 2012, traz como um dos principais resultados a opinião sobre os benefícios concedidos pelo Bolsa Família.
O levantamento apresentou uma série de afirmações aos entrevistados, perguntando se eles concordavam totalmente com elas; se concordavam; se eram indiferentes ou neutros à afirmação; se discordavam; ou se discordavam totalmente.
Continuidade
Questionados sobre a afirmação "Sempre haverá pobres, logo, programas como o Bolsa-Família não devem acabar", 52,4% dos entrevistados concordaram totalmente, e outros 20,8% concordaram, o que dá um total de 73,2% de brasileiros que desejam a continuidade do programa; na outra ponta, 9,5% discordaram totalmente, e 6,7% discordaram, num total de discordância de 16,2%.
Além disso, 61,6% concordam totalmente com a ideia de que o governo deve intervir para reduzir desigualdades entre ricos e pobres.
Já quando a pergunta é sobre se o valor do benefício deveria aumentar, a população se divide: 27,3% concordam totalmente com a ideia, mas um percentual maior, 28,2%, discorda totalmente. Isso apesar de 63% dos entrevistados acreditarem (somando os que concordam e os que concordam totalmente) que o benefício dado pelo programa tem valor baixo.
Sobre a afirmação "O Bolsa-Família tira muita gente da pobreza", 43,1% discordaram totalmente, o que, somado aos 15,8% que discordaram, dá uma parcela de 58,9% da população que não acreditam nisso. No outro lado, 16,3% são totalmente favoráveis à ideia, e 17,1%, favoráveis, um total de 33,4%.
Quantidade de filhosA condicionalidade do programa de exigir que as crianças das famílias beneficiárias frequentem a escola e postos de saúde é aprovada totalmente pela maioria, 68%. E também a maioria, 51,6%, acha que a beneficiária do Bolsa-Família vai querer ter mais filhos "só para receber mais benefícios em dinheiro" - apesar de o Censo 2010 do IBGE ter mostrado que a taxa de fecundidade no país está caindo em todas as faixas de renda, com as maiores quedas tendo sido entre as mulheres negras no Nordeste.
"A população brasileira adulta julga que cabe ao Estado combater a pobreza e a desigualdade. Mas, quando se trata de como fazer isso, surgem clivagens, bem definidas e muitas vezes antagônicas. A questão não reside em mais Estado ou menos Estado, mas na forma da sua intervenção", afirma a professora coordenadora do estudo.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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