Uma herança maldita. Bebês com o vírus HIV voltaram a ser realidade nas maternidades do Rio. A Sociedade Viva Cazuza, que não recebia recém-nascidos infectados há 6 anos, abrigou 12 nos últimos 18 meses. No mesmo período, o Abrigo Evangélico da Pedra de Guaratiba acolheu 14. Muitos são filhos de mães viciadas em drogas como o crack.
Com o uso do crack por mães e pais fundamenta a maioria dos pedidos de perda da guarda de crianças feitos pelo Ministério Público Estadual. Em casos de bebês afastados de suas famílias pela justiça, a frequência é de 90%.
Muitas usuárias de crack se prostituem para conseguir a pedra e engravidam. A incidência de grávidas tiradas de cracolândias por assistentes sociais da prefeitura é alta.
“Esse fenômeno (aumento de bebês com o vírus) é preocupante, mas recente na saúde pública. Por isso, não temos estatísticas”, explicou a gerente do programa municipal de DST/Aids, Lílian Lauria. Ela alerta que, “se a mulher soropositiva toma medicação na gestação, o risco de transmissão é menor que 1%. Mas se só chega na hora do parto esse índice não é possível”.
Segundo ela, o município oferece teste rápido de diagnóstico no posto de saúde do Centro e começará a oferecê-lo na Clínica da Família do Jacarezinho por conta da concentração de moradores de rua: “O objetivo é conseguir fazer com que essas mulheres façam o pré-natal.”
Grávida viciada rejeita tratamento
Assessor técnico do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Marcelo Araújo admite que o Ministério da Saúde já recebeu relatos do nascimento de bebês infectados por mães usuárias de crack soropositivas. Ele informa que a dificuldade é fazer com que elas elas sigam o tratamento para reduzir o risco de transmissão.
“Temos observado uma dificuldade grande de instituir tratamento nessas mulheres porque a droga muda as suas prioridades. Elas acabam não aderindo ao tratamento da forma necessária”, afirma.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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