Pré-candidato a prefeito de Parnamirim, o deputado estadual Gilson Moura (PV) tenta se viabilizar como único nome oposicionista a disputar a sucessão do prefeito Maurício Marques (PDT), que disputará a reeleição. O grupo tem mais três pré-candidatos - o vice-prefeito Epifânio Bezerra (PR), o vereador Gildásio Figueiredo (PSDB) e o engenheiro Walter Fernandes (PCdoB). Segundo Gilson, até o final do mês, eles firmarão uma aliança em torno do nome que tiver mais condições para vencer o prefeito. Nesta entrevista a'O Poti/Diário de Natal, o pevista demonstrou otimismo para a disputa. "No momento oportuno, vamos escolher um dos nomes que possa unir a força necessária para vencer a eleição. Nosso nome está colocado também como candidato a candidato", declarou. Gilson Moura também comentou a relação com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM), avaliou a administração de Maurício Marques e comentou os objetivos políticos do Partido Verde para as eleições deste ano.
Olha, junto com o grupo de oposição, nós estamos trabalhando um nome. Não só o meu nome está colocado à disposição como também o do vice-prefeito Epifânio Bezerra (PR). Tem também o nome do vereador Gildásio Figueiredo e o do engenheiro Walter Fernandes. Nós estamos num bloco de oposição. No momento oportuno, vamos escolher um dos nomes que possa unir a força necessária para vencer a eleição. Nosso nome está colocado também como candidato a candidato.
Qual será o critério de escolha do candidato?
O critério é justamente de pesquisas para avaliar e também aquele que tiver condições de aglutinar as maiores forças políticas da cidade, para que a gente possa, assim, conseguir o sucesso eleitoral.
Já ficou acertado que todo grupo estará unido ou ainda existem arestas?
Nós já conversamos sobre isso. Ficou acertado que o grupo de oposição vai partir unido. O vice da chapa depende desse entendimento político, formado por esses pré-candidatos. A gente torce para que, num curto espaço de tempo, a sociedade de Parnamirim e do Estado do Rio Grande do Norte possa ter, acima de tudo, o conhecimento de quem será o candidato da oposição a enfrentar o atual prefeito.
Até quando?
Acho que no mais tardar no final deste mês a gente estará finalizando esse processo de escolha
.O senhor espera receber o apoio da governadora Rosalba Ciarlini no município?
A gente sempre espera, né? Nós apoiamos a governadora Rosalba Ciarlini, assim como outros integrantes do grupo de oposição. Claro, é uma eleitora importante para qualquer campanha. Todos nós da oposição queremos justamente esse apoio da governadora.
Após as eleições de 2010, houve um distanciamento entre DEM e PV em nível estadual. Como está o relacionamento das duas siglas em Parnamirim?
Está perfeito. A união dos dois partidos é uma união antiga, né? Estivamos juntos em 2008. Vamos estar juntos em 2012. Está tranquilo. Não há nada que se possa dizer dessa parceria dos democratas como Partido Verde. Está caminhando para um bom entendimento.
Quais os partidos que fazem oposição a Maurício e estarão juntos nas eleições deste ano?
Com certeza, PV, DEM, PSC, PP, PR... temos também outros partidos que também estão alinhados politicamente, mas prefiro agora não divulgar, para concluir um entendimento. Mas, vamos sair com um bom número. Sairemos de 11 a 15 partidos no grupo de oposição.
O vereador Sérgio Andrade, presidente estadual do PP, já confirmou união a esse grupo?
Confirmou e é um parceiro importante. Ele é presidente estadual do PP. Sérgio tem dito não só ao grupo de oposição, mas a todos, que ele caminha junto com a gente no próximo pleito de Parnamirim
.Como o senhor avalia a administração do prefeito Maurício Marques?
Olha, o prefeito deixou muito a desejar, principalmente no que se refere ao trato da cidade e ao zelo na parte administrativa. Quer um exemplo? Vou dar agora: a questão do saneamento. A mesma coisa que ele está fazendo agora, cortando as ruas, colocando os canos,ele fez em 2008, pra enganar a população e dizer que a obra do século iria se materializar. No entanto, foi uma forma de enganar a população de Parnamirim. Ele agora repete a dose, fazendo o mesmo discurso, a mesma prática. A pergunta é: em algum cano daquele que foi passado tem algum esgoto ligado? O que temos é que há oito anos foi concluída a obra de Primavera e Liberdade, mas até agora a população não teve acesso ao esgoto como deveria ter tido. Também tem a pouca importância que o prefeito dá à Segurança Pública. A Guarda Municipal não existe. Alvarás e alvarás são dados para construções, muitas vezes até questionáveis. A gente fica querendo saber as obras que o prefeito fez. Outra coisa que destaco é o empobrecimento da população de Parnamirim, com o fechamento de vagas no mercado de trabalho. Você vê a questão também do próprio cidadão parnamirinense, que não acredita que essa administração possa ter capacidade para progredir. Outro ponto é a questão da Saúde, que hoje é um caos. Onde você vai, houve críticas da população, é o sentimento de revolta do povo. Daí, você se estende a outros campos da administração. O que podemos ver é que esse prefeito, na mídia, vai muito bem, mas, na prática, o parnamirinense está esperando o momento para dar a resposta que esse prefeito merece.
O prefeito Maurício Marques considera que Parnamirim deixou de ser uma cidade dormitório para ser um pólo de desenvolvimento. O senhor concorda com essa avaliação?
Com o que ele está colocando, vai ter que responder porque se fecharam mais de 15 mil postos de trabalho. As fábricas que foram fechadas, as oportunidades de emprego na cidade diminuíram, o que se há é um estoque de terras para se investir, debater e discutir, mas ele não faz nenhum entendimento, como, por exemplo, a região metropolitana. Poderia firmar um diálogo com as outras cidades, que fazem Parnamirim, até de certo ponto, uma cidade dormitório. Então, a gente lamenta essa maneira de administrar, essa maneira de ver Parnamirim, com essa visão singular, essa visão menor. Você tem que olhar Parnamirim como o grande centro da discussão da região metropolitana. Você vê que Macaíba ganhou seu centro de indústria. São Gonçalo ganhou o maior aeroporto da América Latina. E nós de Parnamirim ganhamos o quê? Então é isso que temos que olhar. Como Parnamirim pode ganhar nesse processo? Pode ganhar qualificando a população, fazendo um projeto de mobilidade, com condições de termos acesso aos empregos que serão criados em torno da região. Temos que pensar assim. Mas, o prefeito simplesmente fecha os olhos para esse movimento que está acontecendo na Grande Natal, com um único objetivo: olhar Parnamirim de forma singular, como se a cidade não tivesse condições de puxar o desenvolvimento da região metropolitana.
Um dos maiores gargalos de Parnamirim, principalmente na divisa com Natal, é a mobilidade urbana. O que fazer para melhorar o tráfego de veículos entre as duas cidades?
A primeira coisa que se deve debater, discutir, é a questão dos alvarás de construção para megaempreendimentos que são dados para regiões em que não deveriam ter edificações, não deveriam ter adensamento. Primeira coisa, porque quando você constrói em determinados locais, você tem que olhar a questão do esgoto, do trânsito, do saneamento como um todo. Não temos um projeto de trânsito e transporte à altura, então ocorrem problemas pontuais. É preciso um plano de trânsito e transportes, para podermos encontrar um caminho para a mobilidade urbana. Um transporte público à altura da necessidade do povo não temos. Precisamos sentar para discutir a qualidade do transporte público de Parnamirim. Como se não bastasse o preço alto da tarifa, ainda há uma precariedade nos serviços. Tudo isso contribui para um trânsito caótico. As soluções precisam ser debatidas. A questão das ciclovias na cidade também é importante. Parnamirim é uma cidade que tem todas as possibilidades de as pessoas usarem as bicicletas. Mas não vemos ciclovias em Parnamirim.
No ano passado, o senhor foi citado na Operação Pecado Capital, do Ministério Público. O senhor teme que esse escândalo prejudique sua possível candidatura?
O senhor teme que o prefeito Maurício Marques use isso contra na campanha?
O prefeito tem que se preocupar com os processos aos quais ele responde. São mais de 40 processos. Ele tem bens indisponíveis e os secretários dele também respondem a processos judiciais. Então, acho que o prefeito deve primeiro se preocupar com a situação dele e dos secretários dele. Ele tem que começar a olhar para isso.
O Congresso Nacional aboliu o 14º e o 15º salários - pagos a deputados federais e senadores. O senhor acha que a Assembleia Legislativa deve fazer o mesmo?
O presidente da Casa, deputado Ricardo Motta (PMN), já se posicionou sobre isso. Ele disse que, tão logoo Congresso resolvesse essa questão, a Casa também iria debater com muita tranquilidade e seguir o mesmo posicionamento. Estamos aguardando isso. Na hora que for sancionado, os deputados estaduais irão se posicionar a respeito do assunto.
Os deputados estaduais da base governista reclamam da falta de diálogo do governo Rosalba Ciarlini. Com o senhor ocorre da mesma forma? Como o senhor define a relação que tem com o governo?
Minha política é diferente. Nunca fiz política com prefeitos, vereadores. Minha atuação política é muito na Grande Natal. Então, nunca tive dificuldade com essas questões. Tenho um relacionamento bom com a base do governo. Não tenho dificuldade para conversar. Óbvio que algumas situações precisam ser ajustadas, mesmo porque o governo herdou uma situação muito complicada. A gente torce para que a governadora possa, acima de tudo, minimizar essas questões e ter da Assembleia Legislativa, como sempre teve, a parceria necessária para um bom trabalho no Executivo.
Em pesquisa recente, realizada pelo instituto Consult em Natal, a governadora Rosalba Ciarlini apareceu com 67% de desaprovação. O cenário é repetido também no interior do Estado. A quê o senhor atribui a desaprovação do governo?
A governadora encontrou o Estado numa situação bastante difícil. É inegável justamente que ela vem enfrentando desafios que precisam ser vencidos. Então, o momento nosso é de somar esforços para ajudá-la e contribuir para o crescimento do Rio Grande do Norte. É importante essa parceria e união de todos neste sentido.
O senhor acredita que, por ser da base do governo Rosalba, conseguirá viabilizar mais obras para Parnamirim, em parceria com o Estado? Em que aspectos essa sua aliança com a governadora seria boa para o município?
Em vários aspectos. Na Saúde, poderíamos melhorar o atendimento no Deoclécio Marques. Tem a questão da qualificação profissional, que precisa muito para inserir o cidadão no processo de desenvolvimento. O governo pode contribuir. Tem a infraestrutura. Obras do governo com o município podem ser importantes para alavancar a cidade. E todo mundo sabe, é inegável: o governo em sintonia com o município é bom demais. Vou lutar por parcerias com todos os governos e a sociedade civil organizada. Como prefeito, quero dar ao parnamirinense a oportunidade de viver numa cidade humana, limpa e justa. Esse é o meu ponto de vista. Precisamos devolver ao parnamirinense a sensação de que estar numa cidade em desenvolvimento, em crescimento. Precisamos devolver a autoestima ao parnamirinense, coisa que ele perdeu com a atual administração.
Caso eleito prefeito, qual a primeira atitude que o senhor tomaria à frente do município de Parnamirim?
A gente vai justamente sentar com todos os setores da sociedade. Vamos reavaliar o modelo administrativo que aí está, onde trouxe o atraso, a sensação de pobreza da população e a falta de respeito aos munícipes. Nosso intuito é, junto com a sociedade civil organizada, promover ações que possam devolver a autoestima do cidadão. É o primeiro ponto. Outro campo que temos que atuar é olhar o cidadão como um ser humano. A gente não pode esquecer. Muitas obras de concreto foram realizadas. Mas, a cidade não é só pedra, concreto, cimento e tijolo. É feita também de gente. Precisamos fazer projetos para olhar para as pessoas. Acima de tudo, está a melhoria do povo.
Nas eleições de 2010, o PV perdeu dois deputados estaduais. No entanto, ganhou um senador e um deputado federal. Qual o projeto do partido para 2012?
Eu acredito que a legenda vai sair fortalecida das eleições de 2012. Nós vamos apresentar candidatos a prefeito em várias outras cidades, como Florânea e Vila Flor. Não me recordo de todas as cidades. O partido vai sair forte. Para se ter uma ideia, após 2006, o partido deu um grande salto. Saímos de 60 mil votos em 2004 para 600 mil votos. Então nós temos hoje um desafio: manter. Óbvio que tivemos essas perdas na Assembleia Legislativa (AL), que a gente lamenta. A estratégia não surtiu o efeito que esperávamos. O objetivo era manter as vagas que tínhamos. Mas, nós criamos espaços em outros cantos. Ganhamos um deputado federal e na engenharia política que foi criada ganhamos um Senador da República (Paulo Davim), o único senador do Partido Verde.
Na estratégia do PV para 2012, o senhor acha que a prefeita de Natal, Micarla de Souza, presidente estadual do PV, deve ser candidata à reeleição ou integrar uma coligação em defesa de outro candidato?
Não conversei com ela sobre o assunto. Conversamos apenas sobre outras realidade. Ela tem me perguntado sobre o sentimento do povo de Parnamirim com relação às eleições de 2012. Mas, sobre Natal, ainda não tivemos oportunidade de conversar. Essa definição é uma definição dela, pessoal.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
Nenhum comentário:
Postar um comentário