
Em um tom que denotava irritação, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) negou ontem, em entrevista ao Diário de Natal, que esteja articulando um plano para nomear a prefeita de Mossoró, Fafá Rosado (DEM), para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), na vaga deixada com a aposentadoria do conselheiro Alcimar Torquato.
Com a concretização desse plano, a prefeita Fafá Rosado renunciaria ao mandato para viabilizar a candidatura da irmã da governadora, Ruth Ciarlini, a prefeita de Mossoró. Vice-prefeita, Ruth ganharia o direito de disputar a reeleição.
A princípio, Rosalba se negou a responder ao repórter, mas em seguida, negou a existência do projeto para tornar sua irmã a candidata do sistema governista à vaga do TCE. "Eu nunca falei sobre isso [indicação de Fafá Rosado para o TCE]. A indicação para o TCE não começou sequer a ser discutida. Não existe nenhuma conversa nesse sentido. Em nenhum momento eu cheguei a cogitar essa possibilidade. O assunto não começou a ser debatido".
A entrevista da chefe do executivo foi dada ontem, durante solenidade promovida pelo Sebrae para a entrega do prêmio Prefeito Empreendedor. Ao negar o projeto, a governadora, de algum forma, desautorizou a entrevista dada pela prefeita Fafá Rosado, revelando ter recebido o convite para ocupar a vaga deixada pelo ex-conselheiro Alcimar Torquato no TCE. A indicação é prerrogativa de Rosalba Ciarlini. Na entrevista, Fafá disse que ainda não havia decidido se renunciaria em troca do cargo vitalício no Tribunal de Contas.
Ruth Ciarlini só poderá disputar a prefeitura de Mossoró se Fafá Rosado renunciar ao mandato. A lei não permite que Ruth se candidate sem ocupar o cargo por ser irmã da governadora. Uma fonte ligada a Fafá Rosado informou que a renúncia da prefeita até o início de abril é dada como certa no sistema governista. No entanto, a polêmica criada em torno da vaga no TCE pode mudar o rumo da campanha mossoroense.
De acordo com informações extraoficiais, adversários políticos do grupo de Rosalba já preparam uma denúncia para apresentar ao Ministério Público (MP) caso Fafá renuncie ao cargo e seja indicada para o TCE. A Justiça poderá cancelar a indicação se detectar manobra política. Questionamentos como esse já ocorreram em outros estados. Há jurisprudências para o cancelamento da indicação de governantes para o Tribunal de Contas, caso a prerrogativa seja usada em benefício particular.
Plano B
Com a repercussão negativa que a possível indicação de Fafá Rosado (DEM) para o TCE gerou, o governo, segundo informações de bastidores, já trabalha com um plano B, para contemplar a prefeita, garantindo sua renúncia e a candidatura de Ruth a prefeita.
De acordo com uma fonte da Assembleia Legislativa, há uma movimentação para pedir que o atual presidente do TCE, Valério Mesquita, antecipe sua aposentadoria, que deveria ocorrer daqui a três anos. A vaga, então, seria uma indicação do legislativo. Sem a renúncia de Valério, a indicação para a vaga deixada por Alcimar Torquato é da competência do executivo.
A fonte destacou que o nome escolhido seria do deputado estadual Leonardo Nogueira (DEM), marido da prefeita Fafá Rosado. A nova estratégia contemplaria o casal e deixaria o caminho livre para as irmãs Ciarlini, sem abrir margem para questionamentos judiciais.
Por enquanto, o assunto ainda não é abordado abertamente. As conversas são mantidas em sigilo. Para ser efetivada, a negociação precisa de um consenso entre o governo, a Assembleia e o presidente do TCE.
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