Em tratamento contra um câncer de laringe, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou ontem da cerimônia de despedida de Fernando Haddad do Ministério da Educação, que deixou o governo para concorrer à Prefeitura de São Paulo. Lula foi a grande estrela do evento.
Haddad foi ministro da Educação de Lula por cinco anos e permaneceu no gestão de Dilma Rousseff a pedido do ex-presidente. De terno e chapéu preto, Lula desceu a rampa do salão nobre do Palácio do Planalto de braços com Dilma. Foi recebido por convidados de Haddad e de Aloizio Mercadante, que assume o MEC, com o coro "Olê, olê, olá, Lula". Sentou, tirou o chapéu e foi aplaudido de pé.
Mercadante, que estava no Ministério da Ciência e Tecnologia, dá lugar a Marco Antônio Raupp. Antes de participar da cerimônia, Lula fez uma sessão de radioterapia, pela manhã, em São Paulo. Chegou a Brasília de jatinho, acompanhado do assessor e ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci.
Despedida
Em seu discurso de despedida do MEC, Fernando Haddad evitou tocar em temas delicados de sua gestão e optou por enaltecer o "legado" dos governos de Lula e Dilma Rousseff.
Em uma fala na qual embargou a voz por duas vezes, Haddad não falou sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nem fez referência ao novo desafio político que é concorrer à Prefeitura de São Paulo.
Ele chegou a dizer que resistiu em sair do Ministério. "Deixo o Ministério relutante porque é apaixonante". Em vez de críticas ou defesas, ele apostou em uma série de agradecimentos a sua equipe, a integrantes do governo, ao Congresso Nacional e aos acadêmicos.
O ministro exaltou seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao declarar que era uma honra trabalhar no governo de um metalúrgico. "E falo isso como professor universitário". No final, Haddad enalteceu o seu sucessor, Aloizio Mercadante.
"Sob sua condução a educação vai avançar ainda mais. E eu vou estar acompanhando lá na minha cidade".
Mercadante, por sua vez, fez uma série de sugestões ao seu substituto na pasta de Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, sobre como lidar com a presidente Dilma Rousseff em reuniões de trabalho.
Em tom bem-humorado, ele afirmou que a primeira etapa de uma proposta a ser apresentada à presidente é o espancamento do projeto. "Você vai ouvir a seguinte expressão: ´Ele não fica de pé´", afirmou Mercadante, arrancando risadas da plateia.
Após mais uma rodada de conversas, ainda não haverá apoio da presidente, disse o ministro. "Você vai poder ouvir a seguinte expressão: ´Está de pé, mas você não vai conseguir entregar´", afirmou o ministro.
Segundo ele, esse estilo da presidente é uma prova da eficiência da gestão de seu governo. "Foi um aprendizado absolutamente inédito", elogiou.
Mercadante fez afagos a seu antecessor na Pasta, Fernando Haddad. "Não vejo como seu nome não possa estar entre os grandes ministros da Educação da história deste País", afirmou. No final Mercadante ainda se emocionou ao citar o trabalho feito pelo ex-presidente Lula. "Tem um significado muito especial sua presença aqui hoje. Nós começamos juntos quando esse projeto era apenas um sonho".
A presidente Dilma disse que seu governo é formado por homens e mulheres e portanto "passível de cometer falhas". A declaração ocorreu em mais uma defesa da presidente do Enem. Ela disse que elogia o exame "por nenhum princípio de teimosia", mas para defender um mecanismo que segundo ela democratizou a educação.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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