A greve dos Correios entra em sua segunda semana sem perspectiva de acabar.
Nesta segunda-feira(19), a categoria realiza nova assembléia, às 11 horas, em frente à agência da Ribeira. Também haverá assembléia nas cidades de Mossoró e Caicó.
Nota - Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos do Rio Grande do Norte (Sintect/RN) explica as razões da greve e pede o apoio da população.
Confira o teor da nota:
O Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos do Rio Grande do Norte (Sintect/RN) vem a público informar que a categoria ecetista encontra-se em greve, por tempo indeterminado, desde o dia 14 de setembro.
O movimento é nacional e reivindica que o novo Acordo Coletivo de Trabalho assegure melhores salários e condições de desempenho profissional para os 107 mil trabalhadores dos Correios.
Condições:
Na atualidade, dentre os trabalhadores de empresas estatais brasileiras, os ecetistas são os que recebem os menores salários. O piso da categoria é de apenas R$ 807 e o último reajuste foi concedido há quase dois anos.
Além disso, em decorrência da carência de pessoal, a sobrecarga de trabalho é intensa. Nos últimos anos, a Empresa não apenas ficou sem contratar, como, ainda, promoveu um Plano de Demissão Voluntária que levou à saída de 7 mil funcionários, sendo 114 no RN.
Reivindicações:
Os trabalhadores reivindicam uma contraproposta que possa ser considerada minimamente decente: reposição integral da inflação e ganho real nos salários, a fim de repor parte das perdas historicamente acumuladas.
Também exigem solução imediata para o grave problema da carência de mão de obra, que tem levado à intensificação da exploração, fazendo com que os ecetistas estejam entre os trabalhadores que mais são acometidos por doenças profissionais, com elevados índices de afastamento do trabalho.
Negociação:
Desde 26 de julho, os trabalhadores ecetistas vem tentando negociar o novo Acordo Coletivo de Trabalho. Foram mais de 40 dias de exaustivas discussões, sem que os representantes da ECT apresentassem uma proposta viável.
Alegando a necessidade de segurar o orçamento por conta da crise econômica, a proposta a que chegaram foi de reposição da inflação, abono de R$ 800 e um aumento de R$50 a ser pago em janeiro de 2012.
Greve:
Diante da proposta apresentada pela ECT e da postura de rejeição às propostas apresentadas pelos trabalhadores, não restou outra alternativa senão a deflagração da greve.
A utilização dessa forma de luta, que é um direito do trabalhador, foi aprovada por ampla maioria dos ecetistas, em 34 das 35 assembléias realizadas pelos Sindicatos de Correios existentes no País. No entanto, diferentemente do que faz a Empresa, a categoria continua aberta à negociação.
Ameaça:
Em nota emitida após a deflagração da greve, a ECT disse ter oferecido "todas as condições necessárias para o fechamento do Acordo 2011/2012".
Também decidiu retirar a contraproposta que já havia apresentado aos trabalhadores e passou a ameaçar os grevistas com o corte de ponto.
O movimento grevista, no entanto, permanece firme em todo o País, com mais de 70% de adesão.
Contradição:
O argumento da ECT para negar um aumento decente aos ecetistas não convence.
O governo Lula já demonstrou que para enfrentar a crise econômica é preciso apoiar-se no mercado interno, elevando o poder aquisitivo dos trabalhadores para dinamizar a economia, e não o contrário.
Além do mais, o reajuste pretendido também pode ser parcialmente coberto com os lucros da própria ECT. Em 2010, a Empresa lucrou R$827 milhões. Já, no primeiro semestre deste ano, esse valor já atingiu R$500 milhões, o que sinaliza uma tendência de crescimento.
Trabalhadores pedem apoio:
Diante da intransigência da direção dos Correios, os ecetistas vêm a público solicitar a solidariedade e o apoio dos trabalhadores e do povo norte-rio-grandense para que as negociações sejam reabertas.
Não aceitamos que a crise econômica internacional sirva de pretexto para a manutenção dos baixos salários.
Os trabalhadores não foram os responsáveis pela crise e ônus dela não deve recair sobre os nossos ombros.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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