
Mesmo consagrado como Rei e adorado em todo o País, a partir dos anos 80 Roberto Carlos é alvo dos críticos. Alguns dizem não gostar de suas novas composições, outros têm até vergonha de assumir que simpatizam com o cantor, e há ainda os que ressaltam que “gostam de algumas músicas, mas detestam outras”. Tal sentimento surge quando os temas sensuais e românticos tomam conta de seu repertório. Classificam esta produção como brega, ou de qualidade inferior. Mas, o que dizer de Roberto Carlos em uma década na qual dispara clássicos como “Fera Ferida”, “Amante À Moda Antiga” ou “Cama e Mesa”? É este período de sua carreira que vamos tratar hoje, em homenagem aos 70 anos do Rei.

Apesar da qualidade das citadas, a grande canção de Roberto Carlos desta época é “Emoções”, que se torna obrigatória em todo show que faz, até hoje. Além do romantismo, ele se debruça ainda sobre temas ambientais e é também na década de 80 que, depois de nunca ter se envolvido com questões políticas, dá declarações a favor da campanha pelas Diretas Já. Motivado por um sentimento cívico que toma conta do Brasil com a abertura política, faz sua primeira canção ufanista, ‘Verde e Amarelo’. Em 1984, pega carona na onda de popularidade da música sertaneja e faz muito sucesso com ‘Caminhoneiro’.
Mesmo que a partir deste período seus trabalhos sejam apontados pela crítica como repetitivos, Roberto Carlos consegue constantemente renovar seu público, sempre conquistando novos admiradores e conservando os antigos.
Amanhã, nossa série celebrando os 70 anos do Rei entra na década de 90, época do grande amor dedicado à Maria Rita e das canções temáticas.

“Roberto Carlos ainda dará muitas alegrias aos fãs”Se os Beatles tinham George Martin, o maestro e arranjador considerado o quinto integrante da banda, Roberto Carlos também contou com um parceiro de fé para a função: Eduardo Lages. “Tenho muito orgulho de ser maestro do Roberto. Ele é patrão quando precisa ser, amigo quando tem que ser, irmão quando solicitado e um compadre adorável que não hesita em afirmar isso cada vez que me apresenta nos shows. Posso dizer que o Roberto está no esplendor da carreira, feliz e saudável. Ainda dará muitas alegrias aos milhões de fãs”, promete Lages.
Há 32 anos à frente da afiada banda do Rei, o arranjador, compositor e pianista ainda vive grandes emoções ao lado do ídolo e patrão. “O show na areia de Copacabana no ano passado foi muito emocionante para mim, porque tinha a minha direção musical e artística, além dos arranjos e regência. Destaco a garra e o profissionalismo de Roberto Carlos, quando, mesmo sob fortes dores, soube dominar aquele show de difícil realização e de convidados de gêneros tão variados da música brasileira, transformando-o num dos eventos abertos mais importantes do Rio de Janeiro”, ressalta.
Outra alegria recente foi o desfile campeão da Beija-Flor. “Assisti de camarote e dou parabéns à Beija-Flor, que fez o enredo de forma competente”, elogia.

O maestro acaba de ganhar uma coletânea (‘O Melhor de Eduardo Lages’, Som Livre, R$ 17,90) com diversas orquestrações para clássicos de Roberto Carlos, como ‘Detalhes’ e ‘Emoções’. “Acho que o máximo em arranjo é quando se torna parte indispensável da música sem querer competir com a obra no seu original. O arranjo original de ‘Emoções’ foi feito pelo norte-americano Torrie Zito e é uma obra-prima. Tempos depois, fiz algumas adaptações para apresentações em shows de Roberto Carlos que a deixaram mais movida e dançável, o que contribui para a grande aceitação popular da canção”, destaca Lages.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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