O desenhista Mauricio de Sousa anunciou nesta terça-feira o falecimento de sua ex-mulher, Marilene. Ela tinha 73 anos e a causa da morte ainda não foi informada.
Marilene é a mãe das verdadeiras Mônica e Magali, que inspiraram as personagens criadas por Maurício nas histórias em quadrinhos.
Pelo Twitter, o cartunista lamentou o ocorrido.
"Estamos tristes com a partida de marilene, minha primeira esposa. Deixa-me mariangela, monica, magali e mauricio", disse e completou: "Marilene nos presenteou com tudo de bom: nossos filhos".
O velório está sendo realizado em São Paulo e o corpo de Marilene deve ser cremado.
Da série vale a pena ler de novo: O pai da Turma Mônica
Mauricio de Sousa, 72, é como os personagens da Turma da Mônica: não pára de aprontar. Os primeiros personagens que criou foram Bidu e Humberto, em 1959. Passaram-se 48 anos e, hoje, Mauricio conta com uma equipe de quase cinqüenta desenhistas. Faltando ainda dois anos para o cinqüentenário de seus personagens, as revistinhas continuam nas bancas, o filme Turma da Mônica e Uma Aventura no Tempo está em cartaz nos cinemas e, na semana passada, três livros comemorativos foram lançados. Em dois deles, estão as tirinhas clássicas, quando os personagens não possuíam os contornos suaves de hoje. O terceiro livro é diferente. Resgata seu próprio passado em forma de quadrinhos.
Em Mauricio de Sousa - Biografia em Quadrinhos, estão o nascimento do autor na pequena Santa Isabel,
Nesses mais de 48 anos de Turma da Mônica você acha que a criançabrasileira mudou?
Não só a criança brasileira, mas meus próprios personagens. Hoje a criançada tem mais liberdade para olhar nos olhos dos adultos e exigir seus direitos. É fato que em alguns casos a liberdade extrapola. Muitos pais soltam completamente seus filhos antes mesmo que eles consigam “voar sozinhos”. Nos casos dos meus personagens, se você ler as primeiras tirinhas do Cebolinha, por exemplo, vai perceber que ele era muito mais maldoso, mais politicamente incorreto do que hoje. Tive que dar uma suavidade, mas hoje provavelmente não iria precisar fazer isso.
De onde surgiu seu interesse pelo desenho?
Como qualquer cara que gosta de tirinhas, queria desenhar minhas próprias histórias. Era amante de personagens clássicos, como o Espírito, do norte-americano Will Eisner. Também admirava o velho e bom Popeye, de E. C. Segar, o Garfield, de Jim Davis e o homem primitivo Alley Oop, criado por Vincent T. Hamlin e que no Brasil ficou conhecido como Brucutu. Também devorava qualquer desenho de ficção científica que aparecia na minha frente.
E como você virou desenhista?
Esse caldo de influências foi ficando na minha cabeça e quando vi estava, com a ajuda desses mestres, criando meus próprios personagens. Eu fiz o Bidu quando era repórter policial do jornal Folha da Manhã (hoje, Folha de S. Paulo), em 1959. Das tiras do cãozinho, saíram Cebolinha, Humberto e Piteco, o homem primitivo. O grande problema é que nesta época nenhum personagem brasileiro de histórias em quadrinhos se mantinha por muito tempo. Minha idéia então foi vender as tirinhas não para apenas um jornal, mas sim, distribuir para todos que se interessassem. A demanda foi crescendo junto com o trabalho e outros personagens tiveram que surgir.
Teve algum que foi mais complicado para ser criado?
O Horácio demorou 30 anos para sair da minha prancheta. Ele é o Mauricio em forma de dinossauro. Como tratava-se de um projeto muito pessoal me custava mostrar para a equipe e até hoje só eu posso desenhá-lo. É um espaço do papel que posso criar fábulas com elementos que não se encaixam nas outras histórias da Turma da Mônica. Quando vou desenhar a Magali, por exemplo, eu preciso virar a Magali. No Horácio, não preciso. Um dia descobri que amigos distantes liam o Horácio para saber novidades da minha vida, se estava triste ou alegre. Quando fiquei sabendo que estava me expondo demais passei a tomar mais cuidado (risos).
Qual o segredo de um bom quadrinho?
Muita gente pode pensar que o mais importante é o traço, mas isso não é verdade. O que faz uma boa história em quadrinho é o texto.
Hoje qual é a sua contribuição nas centenas de histórias da Turma da Mônica que são criadas?
Tudo passa por mim. Eu analiso, sugiro, penso em saídas para todas as histórias que a minha equipe de 50 artistas produz. No roteiro, percebo se o estilo, o ritmo, a mensagem e o comportamento dos personagens estão de acordo com o que penso deles. Quando há alguma sugestão de mudanças, nos reunimos e discutimos o quanto for necessário.
Serviço:
As Tiras Clássicas da Turma da Mônica (130 páginas)
Mauricio de Sousa - Biografia em Quadrinhos (98 páginas)
Caixa Turma da Mônica - Coleção Histórica (caixa com cinco revistas)
Caixa Turma da Mônica - Coleção Histórica (caixa com cinco revistas)
Todas as revistas publicadas pela Editora Panini
Personagens que não deram certo
A atriz Kim Basinger é fã da Turma da Mônica e seu sonho era construir um parque onde as crianças podiam brincar na natureza, muito diferente do que ocorre na Disneyland. Para divulgar o projeto seria criado uma personagem inspirada na própria atriz. O tempo passou e esta se tornou mais uma idéia que não deu certo.
Ele já existia: era um desenho da empresa Telemundo. Mas o traço da personagem estava antigo demais e Mauricio foi chamado para atualizá-lo. Quando tudo estava preparado para transição, a empresa resolveu, sem maiores justificativas, abandonar o projeto.
A mulher e o filho de Jim Henson, criador dos Muppets, entraram em contato com Mauricio de Sousa para criar histórias em quadrinhos desta turma. Entretanto, a equipe de Mauricio estava tão sobrecarregada de trabalho que o projeto não foi para frente.
Quando a Turma da Mônica invadiu a Argentina, por volta de 1985, Maradona pediu um personagem nos moldes do Pelezinho. Nasceu o Dieguito. Tudo estava pronto para o lançamento, mas Maradona foi jogar na Espanha e esqueceu do projeto.
Quando Mauricio de Sousa conheceu Alexandre Vostok, o dono do Circo Vostok, ficou maravilhado com aquele universo mágico. Resolveu criar personagens inspirados no mundo circense. Nasceram Tatiana, Vostok, Natasha, Abelardo, Ananias, Esmeralda, Yuri, Biscoito, Volt e Poneizinho. O circo acabou e o projeto nunca saiu do papel.
Na década de 1980, durante a presidência de Ronald Reagan, nos Estados Unidos, a primeira dama Nancy comandou uma campanha contra as drogas. A cachorrinha de um colega embaixador era o símbolo oficial do projeto. Em pouco tempo, entraram em contato com Mauricio de Sousa para que desenhassem o mascote. Entretanto, a idéia não foi adiante e a verdadeira Chloe morreu atropelada por um caminhão.
A criação de personagens inspiradas nos Beatles começou em 1990. Para o projeto, foram consultados Yoko Ono, advogados do grupo musical e até mesmo Michael Jackson, que detém os direitos das músicas que marcaram o início da carreira dos Beatles. Sean Lennon, filho de John e Yoko, recebeu os desenhos durante um jantar, mas até hoje nenhuma reposta definitiva foi dada.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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