A presidente afastada Dima Rousseff afirmou na noite desta segunda-feira (23) que a divulgação de conversa gravada entre o ministro do Planejamento afastado, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado deixa “evidente” o caráter “golpista” e “conspiratório” do processo de impeachment.
Dilma deu a declaração ao participar, em um parque de exposições em Brasília, da cerimônia de abertura do IV Congresso Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil.
No último dia 12, o plenário do Senado Federal aprovou a abertura de processo de impeachment de Dilma Rousseff, o que a deixa afastada do mandato por até 180 dias.
Diálogos entre Jucá e Machado divulgados nesta segunda pelo jornal "Folha de S.Paulo" indicam que Jucá sugeriu na conversa que uma "mudança" no governo federal resultaria em um "pacto" para "estancar a sangria" representada pela Operação Lava Jato.
“Agora, mais que nunca, está claro o caráter golpista, e verdadeiramente golpista deste processo de impeachment. A gravação que escutamos hoje [...] mostra o ministro do Planejamento interino Romero Jucá defendendo meu afastamento como sendo parte integrante, fundamental, de um pacto nacional, e tinha por objetivo interromper as investigações da Lava Jato. Deixa evidente o caráter golpista e conspiratório que caracteriza este processo de impeachment”, afirmou Dilma.
Para a presidente afastada, o episódio demonstrou que o processo de impeachment, que tramita no Senado, é a "melhor estratégia", para paralisar a Operação Lava Jato.
“Ele [Jucá] acabou de revelar que o impeachment é a melhor estratégia de paralisação da Lava Jato. Eles, que diziam que era para continaur a Lava Jato, por trás, evitavam e tomavam todas as medidas para paralisar”, completou. “Fui afastada por até 180 dias, para que seja julgado pedido fraudulento. Um dos principais articuladores confessa involutariamente ‘sou golpista, somos golpistas e o golpe está em curso’.
Ao se referir ao presidente em exercício, Michel Temer, Dilma afirmou que o "presidente provisório" não foi autorizado pelo povo a "mexer" em programas sociais e "diminui-los".
“Não podemos deixar que isso aconteça. Não foi autorizado pelo povo do nosso país a sair por aí privatizando a torto e a direito. Não foi autorizado pelo povo a mudar o regime de exploração do pré-sal. Ninguém deu a ele o direito de ser neoliberal na economia e conservador em tudo mais, em especial na área social", declarou.
A petista citou como exemplo das "mexidas" de Temer a unificação dos ministérios do Desenvolvimento Social e do Desenvolvimento Agrário. À plateia, formada por trabalhadores da agricultura familiar, ela disse que ficará atenta para "desfazer todas essas iniciativas" do atual governo.
“Nós temos memória e quem tem memória tem capacidade de lutar, tem por que lutar. Sabemos quem são esses que não olham e não dão importância à agricultura familiar. Eles desconhecem que a grandeza deste país está nos pequenos agricultores capazes de assegurar inclusive a dimensão democrática, a dimensão de inclusão social no nosso país", acrescentou.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus