O chanceler brasileiro, José Serra (PSDB-SP), foi recebido por 35 manifestantes com bolinhas de papel jornal ao chegar na embaixada brasileira, na noite deste domingo, em sua primeira viagem oficial no comando do Itamaraty. Os participantes do protesto em Buenos Aires contra o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff lembravam um episódio da campanha presidencial de 2010, quando em outubro o candidato tucano relatou uma agressão após ser atingido por um papel na cabeça durante uma caminhada no Rio.
Os manifestantes contrários ao impeachment não conseguiram
ver nitidamente Serra em sua chegada à embaixada, por volta das 20
horas. Três carros oficiais com vidro escuro entraram no edifício por
portões diferentes. Os ativistas se dividiram e arremessaram os papéis
contra todos os veículos. Eles chamaram o ministro de golpista e colaram
na região cartazes com o rosto dele sobre a inscrição "procurado".
"Também não aceitamos o rápido reconhecimento dado pelo governo
argentino a Michel Temer", disse uma das organizadoras do ato, a
tradutora Isabela Gaia.
Às 21 horas, sob 13ºC, o grupo
formado por jovens desligou o megafone com que pedia a destituição de
Temer, guardou pandeiros e chocalhos e recolheu as bolinhas do chão,
feitas com folhas do jornal Le Monde Diplomatique, em sua versão em
espanhol. Elas foram jogadas também contra o muro da embaixada, na qual
Serra se hospedará. Os manifestantes se dispersaram sob vigilância de 20
policiais federais e prometeram seguir o ministro com uma mobilização
maior nesta segunda-feira, 23. Eles pretendiam ter o reforço do grupo
kirchnerista La Cámpora e outros movimentos peronistas opositores a
Macri.
Serra será recebido de manhã pela chanceler
Susana Malcorra, na sede da diplomacia argentina, o Palácio San Martín.
Entre as diretrizes da nova política externa, anunciadas em sua posse na
semana passada, Serra colocou a relação com a Argentina. Crítico do que
considera um entrave do Mercosul a acordos bilaterais com outros
países, citou "referência semelhantes, para reorganização da política e
da economia" ao referir-se ao governo de Macri, eleito no ano passado
por uma coalizão de centro-direita. Serra salientou sua intenção de
defender uma política externa despartidarizada. O chanceler brasileiro
se encontrará ainda com o ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay, e fará
uma visita de cortesia ao presidente Macri.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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