Quem tiver restituição do Imposto de Renda a receber pode ter o montante adiantado por meio de linha especial de crédito oferecida pelos maiores bancos do país. As taxas variam de acordo com a instituição, com juros a partir de 1,93%, no caso do Banco do Brasil.
Mas vale a pena fazer um empréstimo para ter o dinheiro em mãos antes de junho de 2015 — o prazo inicial para o recebimento da devolução do IR? Especialistas em finanças pessoais engrossam o coro e respondem: não! Mas ponderam ao afirmar que endividados podem ter alguma vantagem na operação.
Como os juros oferecidos são baixos em comparação com as
taxas cobradas no cheque especial ou no cartão de crédito, por exemplo,
os contribuintes que se encontram em situação devedora podem se
beneficiar com o adiantamento, trocando uma dívida mais cara por outra
mais barata.
“O dinheiro pode ser usado para pagar
a dívida, ou ao menos abater parte dela, e assim o desembolso com os
juros diminui. Em qualquer outra circunstância, não vale a pena
antecipar o recebimento. Se, por exemplo, o cidadão quiser ter o
montante em mãos para investir, existe grande risco de o rendimento ser
menor que a taxa paga para pelo empréstimo. E, em meio ao ambiente
econômico delicado, não é vantagem gastar a soma fazendo compras que
podem ser adiadas”, aconselha o diretor de Estudos Econômicos da
Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e
Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro.
Os bancos oferecem taxas de juros,
inicialmente, inferiores a 3% — a variação depende do nível de
relacionamento do cliente com a instituição. No Banco do Brasil (1,93%) e
no Santander (2,29%), o cliente pode solicitar o valor total da
restituição até o limite de R$ 20 mil. No Bradesco (2,31%), o teto é o
mesmo, mas somente os clientes que recebem salário pela instituição
podem pleitear a totalidade do valor.Para os demais, o percentual máximo é de 80%. A Caixa (2,92%) oferece empréstimo de até 75% do montante. Vale destacar que, para solicitar o crédito, o correntista precisa ter indicado o banco para receber a restituição.
Valor da restituição é corrigido pela Selic do mês
Educadora financeira, Dora Ramos afirma que é vantagem esperar para receber a restituição, pois o valor é corrigido pela Selic, que hoje está em 12,75% ao ano. “O contribuinte que adiantar o recebimento, além de perder esse rendimento, ainda irá desembolsar uma parte do dinheiro”, diz Dora, para quem a única exceção em que vale a pena antecipar o recebimento é estar endividado.
“Ainda assim, os que fazem essa opção devem ter certeza de que a declaração foi muito bem feita e não vai cair na malha fina. Se isso acontecer, a Receita não irá depositar a restituição até o dia 31 de dezembro — data limite — e o contribuinte terá de renegociar mais uma dívida com o banco, o que acaba se transformando em um problema”, afirmou.
Juros altos desestimulam dívidas
Com a taxa básica de juros a 12,75%, alguns consumidores têm evitado o endividamento para não ter que pagar mais caro no futuro. É o caso da professora Andressa Ruela, 38 anos, que procura evitar dívidas sempre que possível.
“Nunca faço um empréstimo contando com o dinheiro da restituição porque não sei quanto será ao certo, e também não gosto de ficar endividada. Prefiro usar esse dinheiro para jantar em um lugar legal com o meu marido, por exemplo”, conta ela.
O vendedor Wallace da Silva, 22, concorda. Ele costuma deixar para declarar o imposto de renda no fim do prazo, por isso demora a receber a restituição, mas também evita contar com esse dinheiro antes do tempo.
“Não costumo fazer empréstimos porque os juros são muito altos, não vale a pena, a gente acaba pagando mais depois. Prefiro gastar a restituição depois que já estou com o dinheiro na mão”, explica.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus