Deus dá sua Lei ao povo de Israel
Os Dez Mandamentos introduzem o
sistema de toda a legislação mosaica, foram escritos em duas tábuas de
pedra pelo próprio Deus (Deuteronômio 4.13; 5.22; 10.2-4). Se aplicam
primariamente aos hebreus, não a toda a humanidade
Os Dez Mandamentos são uma parte da Lei de Moisés e não a lei em si
mesma. A lei foi dada a Israel como um conjunto de normas para o povo
antes de conquistar a terra de Canaã. As leis adicionais foram ditadas
por Deus e escritas por Moisés (Êxodo 17.14; 24.4; 34.27; Deuteronômio
27.3, 8; 31.9).
Os judeus sofreram 430 anos, aprisionados em regime de escravidão, no
Egito, Naquele país, receberam a influência da cultura nativa, da
religião e da filosofia de vida. Para romper o aculturamento negativo, a
providência divina estabeleceu princípios eternos aos israelitas a fim
de que eles aprofundassem o processo de libertação.
O Decálogo, único trecho bíblico escrito pelo dedo de Deus (Êxodo 31.8),
é considerado por muitos como uma composição de leis duras, porém, os
mandamentos que os judeus receberam tinham o objetivo de garantir a
liberdade que eles haviam conquistado. Não era o bastante estar fora da
sociedade egípcia, era preciso também que todos os hebreus estivessem
livres do "espírito" do Egito.
A revelação da lei encontra-se no Pentateuco, também conhecido como
Torah (em hebraico: instrução, ensino, lei), é tratado reunido em cinco
livros da Bíblia Sagrada, cuja autoria é de Moisés em quase sua
totalidade (Números 12.6-8; Deuteronômio 34.10-12; Lucas 24.44). A obra,
cujo autor é um dos mais importante profeta do Antigo Testamento,
começa com a narração da origem dos céus e da terra e termina com o
registro da morte de Moisés - cujo relato é considerado conteúdo escrito
por Josué (Gênesis 1.1 - Deuteronômio 34.7-8).
A revelação da Lei começa no Livro de Êxodo, capítulo 20 e versículo 1. O
livro de Números relata as jornadas no deserto; Deuteronômio recapitula
a lei e traz ao povo a reflexão sobre os acontecimentos no deserto
desde a saída do Egito, exortando o povo israelita à fidelidade a Deus
(Deuteronômio 1.3; 4.1). E termina no Livro Levítico, capítulo 27 e
versículo 34.
Moisés encontrou-se com Deus no Monte Sinai e dEle recebeu, solenemente,
Os Dez Mandamentos, quando houve nos céus trovões, relampagos, sonido
de buzina e fumegação do monte. As manifestações sobrenaturais causaram
medo no povo, fortaleceram a autoridade de Moisés, deixaram de modo
claro e indiscutível a autenticidade e autoridade da lei. (Êxodo
20.18-22; 19.16-19).
Era comum celebrar um concerto com festa (Gênesis 26.28-30).
Três meses depois da saída de Israel do Egito, houve o ritual do
concerto e da promulgação da lei, quando aconteceram holocaustos e a
leitura do livro da lei numa cerimônia com profundas implicações
messiânicas no pé do monte. E naquele lugar os israelitas fizeram voto
de fidelidade e obediência à Lei de Deus, permaneceram ali durante um
ano (Êxodo 19.1-3, 8; Números 10.11, 13).
Deus revelou sua Lei aos homens através de Moisés, o seu servo, que
cumpriu o papel de legislador de Israel e o papel de mediador entre a
vontade de Deus e o povo de Israel. Porém a revelação plena consiste em
Cristo, o Filho de Deus, que trouxe para a Humanidade uma nova e
suficiente aliança ao se fazer homem. Por este motivo, no conteúdo da
Lei, o Senhor constituiu a prática de sacrifícios santos, os holocaustos
de animais, derramamento e aspersão de sangue. Os judeus deviam
oferecer sacrifícios com derramamento de sangue, ato simbólico que
servia de prenuncio à redenção realizada na cruz. O escritor de Hebreus
lembra que o concerto no Sinai foi celebrado com sangue e faz uma
analogia com a Nova Aliança, porque o Senhor Jesus a selou com seu
próprio sangue (Hebreus 9. 18-22).
A promulgação da Lei é a cerimônia oficial do concerto que Deus fez com a
nação israelita, a ratificação do concerto que havia feito com Abraão
(Êxodo 34.27; Gênesis 15.18). Sua origem é o próprio Deus, ela é santa,
por isso era preciso que os judeus a observassem de todo o coração
(Neemias 8.1; Romanos 7.12).
Êxodo 20:
1º . "Não terás outros deuses diante de mim" - versículo 3. Numa época
em que a idolatria norteava as nações, o código de leis mosaico
apresentou o regime monoteísta, que influencia o mundo inteiro através
do cristianismo. O mandamento resguarda a unidade de Deus (versículo 3).
2º. "Não farás para ti imagem de escultura..." - versículos 4-6.
Orientação ao povo de que o único Deus não deve ser adorado com uso de
representações visuais, a adoração deve ser restringida aos termos
imateriais e espirituais. A orientação resguarda a espiritualidade de
Deus. Por isso, a adoração cristã genuína repele toda representação
visual (Colossenses 3.16).
3º. "Não tomarás o nome do teu Deus em vão..." - versículo 7. É um
tratado daquilo que falamos com respeito a Deus e ao próximo, e de como
usamos o nome de Deus. Visa resguardar a divindade do Senhor no
relacionamento com e entre os homens.
4º. "Lembra-te do dia do sábado, para o santificar" - versículo 8-11.
Orientação de caráter social e espiritual. Aponta para a necessidade do
ser humano trabalhar e descansar. A lei estabeleceu para Israel o sétimo
dia da semana como dia de descanso, era o sinal do concerto entre Deus e
os hebreus (Êxodo 31.13, 17). Na graça, este dia foi substituído pelo
primeiro dia, pois Jesus Cristo ressuscitou no domingo , Jesus e seus
apóstolos não incluíram como parte obrigatória da fé cristã, assim sendo
deixou de ser mandamento para ser praticado voluntariamente (Atos 20.
7; Romanos 14.2-6; Colossenses 2.16, 17).
5º. "Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na
terra que o Senhor teu Deus te dá" - versículo 12. A observação deste
preceito contribui para o bem-estar da sociedade e da igreja. Os pais,
além de terem gerado os filhos, são seus provedores aqui na terra,
cuidam da alimentação, educação, saúde, roupas. Desonrar e desobedecer
aos pais é afrontar a Deus através da ingratidão.
6º. "Não matarás" - versículo 13. A legislação mosaica protege a vida. O
assassinato é o pior dos crimes que uma pessoa pode cometer, pois é um
golpe contra Deus, pois o próximo é imagem e semelhança do Criador
(Gênesis 9.6).
7º. "Não furtarás" - versículo 14. A proteção da propriedade remete à
necessidade do indivíduo adulto trabalhar e através do seu suor adquirir
bens necessários ou supérfluos.
8º. "Não adulterarás" - versículo 15. Este mandamento é um apelo ao
compromisso de fidelidade entre os casais, à pureza sexual e à proteção
da estrutura familiar.
9º. "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" - versículo 16. O
nono mandamento não se restringe ao perjúrio nos tribunais, é uma
proteção a honra. Trata-se também da proibição de propagação de boatos
falsos e mexericos.
10º. "Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu
próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu
jumento, nem coisa alguma do teu próximo" - versículo 17. O último entre
os dez mandamentos é contra o pecado do pensamento, sintetiza com
clareza os mandamentos anteriores e esclarece que não se deve nem
práticá-lo no campo da imaginação.
A estrutura dos Dez Mandamentos referem-se ao amor a Deus e ao próximo,
os quatro primeiros mandamentos dizem respeito ao nosso relacionamento
com Deus; do quinto em diante Deus trata do relacionamento do homem com
seu próximo, são referências à sociedade e envolvem pensamento, palavras
e obras.
A Lei mosaica não possui domínio sobre os cristãos, mas isso não
significa que tenha sido anulada. Ela foi cumprida por Cristo, e por
isso nós vivemos debaixo da graça (Gálatas 3.23-25). A maior e mais
completa lei é a Lei de Cristo, apresentada no Evangelho. Jesus cumpriu
toda a Lei de Moisés, de modo que toda moral contida no sistema mosaico
foi incorporada e restaurada sob a graça derramada por Ele através do
sacrifício no Calvário. O mandamento de Cristo é a lei do amor, o mais
importante mandamento (Romanos 13.10).
As normas apresentadas no Decálogo permanecem ainda hoje na legislação de praticamente todos os países do planeta.
Por:Damiana Sheyla