O clima é de guerra no PSB do Rio. E o saldo pode ser uma intervenção
e a escolha de um novo presidente no estado. Dois integrantes do partido que Romário, senador eleito com
4,7 milhões de votos no último domingo, é uma das possibilidades
levantadas por adversários de Roberto Amaral, atual presidente nacional
do PSB, para ocupar o lugar do atual presidente do regional, o deputado
federal Gláuber Braga.
Braga é considerado "um protegido" de Amaral,
que perdeu força após reunião da Executiva Nacional, nesta quarta-feira
em Brasília, na qual se estabeleceu o endosso à candidatura de Aécio
Neves (PSDB) para a Presidência da República. Amaral pode deixar a
presidência nacional do partido na segunda-feira, quando ocorrerá nova
eleição interna.
Contrariado com a escolha dos socialistas, Braga abandonou a
reunião. Além de Romário, outro nome forte é o prefeito de Petrópolis,
Rubens Bomtempo, que se cacifou na Executiva Nacional do partido ao se
colocar ao lado dos que defendiam Aécio Neves.
"Nesta sexta-feira vou ligar para o
pessoal do PSDB em Petrópolis e acertar detalhes do material de
campanha. Já vamos começar a trabalhar", disse Bomtempo.
O PSB do Rio resiste em apoiar Aécio e Luiz
Fernando Pezão (PMDB), candidato ao Palácio Guanabara, e já se
movimenta, liderados por Roberto Amaral e Vivaldo Barbosa, para resistir
à decisão desta quarta-feira. A Executiva Nacional, via Bomtempo, quer
reforçar o 'Aezão'.
Reunião é adiada para esta sexta-feira
Nesta quinta-feira, o partido realizaria
reunião para definir apoio no segundo turno no estado. Depois da decisão
da Executiva Nacional de ontem, entretanto, Amaral articulou o
adiamento para sexta-feira à tarde. Vivaldo foi o porta-voz. "Estamos
planejando um ato de resistência aqui no Rio, contra o apoio do partido
ao PSDB. Na estadual, temos maioria. Vamos enfrentar o grupo do (Rubens)
Bomtempo", prometeu à deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), numa
conversa ao telefone. "Ele (Bomtempo) nos traiu", completou.
Segundo integrantes do partido ouvidos pela reportagem, a
intervenção não seria considerada golpe, porque o estatuto do partido
concebe a possibilidade de dissolver o diretório quando a votação para
deputado federal no estado não alcança 5% dos votos válidos. No Rio, a
votação no partido ficou em torno de 3%.
"Se quiserem fazer isto será golpe, significará
que o PSB foi dominado. E que o partido se tornou igual a outras siglas
que saíram da esquerda e passaram a gravitar no campo da direita e do
fisiologismo", completou Vivaldo. Se dependesse de Roberto Amaral, o PSB
não teria rompido com o PT, mas foi vencido por Eduardo Campos que
queria se candidatar.
Com a morte de Campos, ele assumiu a
presidência do partido. Tentou se reeleger uma semana atrás. Foi
demovido da ideia pela viúva Renata Campos e remarcou para a próxima
segunda-feira a escolha do novo presidente. A família Campos defende
outro nome, no entanto. Beto Albuquerque, candidato à vice na chapa de
Marina Silva, é um nome forte. Outro que poderia fazer frente a Amaral é
Geraldo Júlio, ex-prefeito do Recife.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus