O cuidado ao falar e a religião pura
Ouvir é uma arte essencial
Há na atualidade pouca disposição em se ouvir, estudar e entender,
compreender para expor um assunto. Mesmo sem maturidade intelectual,
muitos querem sair por aí questionando e opinando sobre tudo e todos os
temas antes de preparar-se para abordá-lo.
Ao ouvir alguém, quer através da comunicação verbal, escrita ou oral,
quer através da comunicação não verbal, admitimos a possibilidade de
aprender para conhecer. É esperado de quem se propõe a falar sobre
qualquer assunto que tenha o mínimo de conhecimento necessário a
respeito do tema que falará.
A fala do cristão
"Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios" - Salmo 141.3.
Tiago nos aconselha a manter nossa língua sob irrestrita vigilância.
Afirma que "todos tropeçamos em muitas coisas", incluindo-se ele próprio
entre os crentes que falham e acrescentando que "se alguém não tropeça
em palavra" tal pessoa é perfeita e capaz de refrear todo o corpo.
É muito difícil dominar a língua, porém, é extremamente necessário
combater o tropeço ao falar. A palavra dita sem pensar, fora do tempo, e
sem conhecimento dos fatos pode provocar grandes tragédias. Às vezes
dizemos algo que não gostaríamos que saísse de nossos lábios, quando
percebemos o ato falho já aconteceu e o que foi dito causa sérios
problemas a quem diz e a quem ouve.
A língua ou a maneira de falar revela o coração de uma pessoa. A língua
controlada significa um coração e um corpo controlados. A fala apresenta
o que vem do pensamento, mostra o que está no interior da pessoa; por
isso, devemos vigiar, santificando a língua, para não tropeçar em
palavras.
Jesus Cristo advertiu: "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; porque o que passa disso é de procedência maligna" - Mateus 5.37.
A calúnia, a difamação e a injúria constituem crimes cometidos com a
língua, pecados que destroem valores humanos. O boato, a murmuração, o
palavreado torpe agradam ao diabo e entristecem ao Espírito Santo. Se
quisermos atingir o perfil do homem perfeito, teremos que controlar
nosso ímpeto e evitarmos tropeçar na palavra.
O cristão alcança o domínio no falar através da constância à leitura e
prática do ensino da Palavra de Deus, vigiando e disciplinando a
conversa. Ao entregar o nosso eu ao controle do Espírito Santo, Ele pode
refrear nossos impulsos, inclusive a compulsão no falar
desordenadamente.
Através da fala, tanto podemos bendizer como amaldiçoar. É muito
importante evitar a dubiedade da língua, calar quanto ao ato de
disseminar maldição e falar apenas com a intenção de proclamar a bênção.
Na mesma linha de raciocínio de Tiago, 1.19, que ensina ser mais
importante ouvir do que falar, o apóstolo Paulo escreveu que a fé surge
no coração humano através da disposição de ouvir a Palavra de Deus.
Jesus Cristo é o Verbo Divino de Deus, a quem devemos estar atentos
(João 1.1; Hebreus 1.1).
Quem ouve o que o Senhor nos diz alimenta a própria alma e ao abrir a
sua boca para falar, falará reproduzindo a inteireza da Escritura, que "é
divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para
corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja
perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra" (2 Timóteo 3.16-17).
Que Deus nos ajude a disciplinarmos nossa língua para que sirva de
instrumento à exaltação do Senhor e à edificação espiritual do nosso
próximo.
A religião pura
O que é religião? Geralmente a religião se caracteriza pela crença na
existência de um poder ou princípio superior, sobrenatural, do qual
depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e obediência.
A religião verdadeira é composta de autênticos discipulos de Cristo,
não se consiste em ritual e regra humana, mas em vida de amor a Deus e
ao próximo, portanto, ninguém deve pensar que agrada a Deus apenas pelo
costume de frequentar um templo.
Na prática da religião pura, o crente possui autocontrole tanto no falar
quanto em suas emoções. É pronto para ouvir e não tem pressa falar e
irar-se. A Bíblia Sagrada não proíbe o sentimento de indignação, apenas
estabelece limites para a conduta cristã em momentos de raiva (Isaías
58.1, 7; Lucas 1945; Efésios 4.26; Provérbios 17.27).
Tiago compara a verdadeira e a falsa espiritualidade, a primeira chamada
por ele de religião pura (1.7), que procede do coração voltado para
Deus, é compreensiva e manifesta-se em atos positivos. No capítulo 2, o
ele trata da questão do crente não combinar a profissão de fé com a
evidência clara de transformação de vida. E em 4.1-5, 7 enfatiza que a
verdadeira espiritualidade é desinteressada, generosa, imparcial e
paciente.
Portanto, o crente não deve pensar apenas em si mesmo, mas demonstrar o
que significa amar tanto de teoria quanto de fato. Não basta dizer que
temos fé, o verdadeiro teste da fé não são as nossas afirmações
religiosas, mas as nossas ações em compatibilidade com o ensino de
Cristo. A religião e a fé verdadeira são demonstradas por obras e
atitudes que espelham o autêntico Evangelho.
O praticante da religião pura
"Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é
semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque
se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era" -Tiago 1.23-24.
No capítulo 1, versos 2 ao 18, Tiago aborda a necessidade de o crente
pedir a sabedoria do alto. E nos versos 19 ao 27 ele expõe uma análise
minuciosa sobre como o cristão deve usar esta sabedoria dentro e fora da
comunidade cristã. Ensina que o crente precisa apresentar coerência,
pois não é o discurso que mostra quem somos, mas a nossa ação.
O apóstolo usa a ilustração de uma pessoa diante do espelho para
descrever o cristão que vive a religião pura. Tal pessoa ora tal qual o
salmista, que pedia a Deus ajuda para contar os seus dias até alcançar
um coração sábio (Salmos 90.12).
Contemplar-se diante do espelho é a mesma orientação apresentada por
Cristo na parábola da trave e o argueiro: antes de observar a falha do
outro é preciso e ver-se e corrigir os próprios erros. Também, é a
mesma orientação de Paulo aos crentes à mesa de Santa Ceia (Mateus 7.5;
1 Coríntios 11.28).
Conclusão
Quem dentre os religiosos é um discípulo de Cristo?
O praticante da religião pura é um autêntico discípulo de Cristo. Ele
está pronto para ouvir e usa prudência ao falar; fala na hora certa, do
modo certo; não vive uma vida de discursos vazios. Suas palavras são
providas de uma consciência oriunda do Evangelho, através de sua conduta
as pessoas em sua volta sabem o tipo de fé e sabedoria que ele tem.
Os discípulos de Jesus são pessoas que adotam o sacrifício da
santificação pessoal diuturnamente, que é: refrear a língua; o exercício
da misericórdia; manter-se puro. Sabem que é por meio da vida
consagrada que irão influenciar positivamente o mundo, sabem que cada
cristão é responsável por sua santificação e que cada um prestará conta
de si mesmo a Deus.
Assim, em tudo que fazem aparece o respeito, a ternura e o amor.
Professam e adotam as propostas do Evangelho, como também aplicam sua
compreensão crescente da vida do Reino de Deus a todos os aspectos da
sua vida na terra. Guardam-se a si mesmos de serem contaminados pelo
sistema de valores da sociedade sem Deus; e empenham-se na busca de sua
santificação e na pureza da sua vida (Romanos 14.12; 2 Pedro 3.14).
Os discípulos de Jesus são pessoas que adoram ao Pai e servem aos irmãos.
Por:Damiana Sheyla