A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, voltou ao hospital na tarde desta segunda-feira para fazer exames pré-operatórios e será submetida a uma cirurgia nesta terça-feira pela manhã, informou o hospital Fundação Favaloro em comunicado. A proposta de repouso e observação teve que ser modificada após a chefe de Estado - diagnosticada no sábado com um coágulo na cabeça - apresentar sensação de formigamento no braço esquerdo. Não está claro se o período de repouso, inicialmente de 30 dias, será prolongado, mas Cristina não irá participar das últimas semanas de campanha para as eleições legislativas, no próximo dia 27 de outubro, e só deverá retornar à vida pública em novembro.
“Diante de tal sintoma, nossa equipe se reuniu no Palácio de Olivos para realizar o exame físico neurológico constatando uma perda transitória e leve da força muscular do mesmo membro superior”, detalhou a nota do hospital.Cristina retornou ao centro médico acompanhada do filho Máximo, que deixou o local horas depois com uma expressão visivelmente preocupada, segundo o “La Nación”. Ela chegou à clínica do bairro de Montserra, em Buenos Aires, sentada no banco de trás do carro. E entrou no hospital pelas portas de acesso localizadas na rua Venezuela.
- Força, presidente, força - gritou um grupo de pessoas que observava sua chegada.
De acordo com um repórter argentino presente no hospital, todo o quarto andar do prédio foi isolado para receber a presidente.
Incertezas diante de um vice polêmico
Carlos Pagni, colunista do jornal opositor “La Nación”, revelou que a chefe de Estado tem tido tropeções cada vez mais frequentes e tem caído repetidamente. O governo escondeu até o último sábado a queda que causou o ferimento na cabeça de Cristina. Uma visita ao hospital tinha sido justificada como um check-up ginecológico, agora negado.
- A saúde presidencial é cercada por mistérios - disse o jornalista que revelou ainda que, em junho de 2011, Cristina caiu durante uma visita ao Instituto Leloir, o que a deixou com um corte na cabeça.
Até a noite de domingo, havia dúvidas sobre o papel do vice-presidente Amado Boudou, mas ele acabou assumindo oficialmente a Presidência no lugar de Cristina. Mais cedo, cogitou-se que ela não transmitiria o cargo ao vice, com o objetivo de não demostrar fragilidade no momento em que as eleições legislativas de 27 de outubro se aproximam, cruciais para a sobrevivência do kirchnerismo.
Boudou afirmou nesta tarde que vai “manter a gestão” durante os 30 dias de repouso da presidente, e observou que “não há incertezas” e nada “raro” no problema de Cristina, frente às especulações sobre seu estado de saúde.
- Cristina está descansando e me pediu para continuar a gestão - disse Boudou.
No sábado, após oito horas de internação da chefe de Estado (fato que o governo não informara publicamente), o governo confirmou uma licença de 30 dias por um diagnóstico de hematoma subdural crônico (acumulação de sangue nos espaços meníngeos do cérebro) e arritmia. No mesmo comunicado, informou que em 12 de agosto passado, um dia depois da realização das primárias, Cristina havia sofrido um traumatismo craniano, sem dar detalhes como isso ocorrera.
O comunicado de sábado indicava que Cristina Kirchner havia chegado ao hospital com arritmia - uma alteração do ritmo cardíaco - e um quadro de dor de cabeça. Também não explicava desde quando vinha sentindo essas dores.