Este colunista tinha um encontro marcado com Léo Santana, o vocalista do Parangolé, antes do show da banda, domingo passado, no Salvador Fest. A assessora de imprensa do rapaz disse que o cantor e dançarino, que mede 2 metros de altura 'cravados', como ele ressalta, só poderia falar por dez minutos. A entrevista acabou acontecendo logo após a apresentação do Parangolé, nos bastidores do festival. A assessora até tentou interromper, mas o rapaz interveio: "Não, com o Leo Dias eu vou falar". Léo Santana, que usava um short amarelo e uma camisa da marca Abercrombie, a grife dos jovens ricos de Nova York, bateu um papo bem sincero com a coluna, mas o que mais impressionou foi a mudança - pra melhor - no visual do cantor. Na entrevista a seguir, o homem que cresceu musicalmente fala de seus sonhos, das propostas para posar nu que recebeu, diz que já tomou bomba pra ganhar corpo, fala da infância pobre e da carreira de 'barbeleireiro' antes da fama. Ah, e ele está namorando!
Senti falta do 'Rebolation' no seu show...
Eu sempre canto, mas aqui em Salvador o 'Rebolation' já está batido, então não canto. A música ainda faz parte do meu repertório no restante do Brasil.
Por que suas dançarinas saíram? Você ficou com mais responsabilidade no palco?
É mais responsabilidade ficar ali sozinho. O empresário viu, achou que não tinha mais a ver e falou "vamos fazer o teste do Léo sozinho no palco". Ele estava muito focado em Léo Santana. Elas ficaram 3 ou 4 anos.
Você é contratado do Parangolé?
Renovei o contrato para mais uns 2 ou 3 anos.
Pensa em deixar o Parangolé no futuro?
Não vou dizer 'nunca', acho que faz parte do processo. O Parangolé abriu as portas pra mim, sou conhecido por causa da banda, mas o Parangolé é a banda e o Léo Santana é o artista.
Como era sua vida antes do Parangolé?
Antes de cantar, eu cortava cabelo. Na verdade, comecei no salão como ajudante de cabeleireiro. Varria o salão, preparava a química para o cabelo... Eu tinha 10 anos. Comecei a tomar gosto pela coisa e, quando fiz 14 anos, montei minha própria barbearia. Aluguei um ponto que custava R$ 50 reais por mês. Era uma barbearia muito simples, aquela bibocazinha, em Lobato (bairro da capital baiana), onde eu nasci e fui criado.
Mas por que você diz barbeiro em vez de cabeleireiro? Soa como gay?
Não. É porque comecei no salão como assistente e depois fui pra barbearia. Como fiz as duas coisas, costumo dizer que eu era "barbeleireiro".
Você fez curso técnico pra se especializar?
Fiz na minha comunidade, mas não peguei diploma, não.
Você sabe cortar cabelo ainda hoje?
Corto, e muito bem. Quem aprende, nunca esquece.
Hoje você tem a vida que pediu a Deus?
É a vida que sempre sonhei.
Você foi mimado?
Sim, um pouco. Hoje sou muito mais (risos).
O que o dinheiro te trouxe de melhor?
Acho que o sonho de qualquer ser humano é a sua casa. Mas como adolescente - eu ia fazer 19 anos - meu primeiro pensamento era logo um carro. Só peguei uma casa depois. Ainda morei um ano de aluguel, hoje tenho minha casa e moro sozinho.
Você pode sair tranquilamente nas ruas de Salvador?
É raro. Shopping, nem pensar porque é muito complicado. Dá pra sair, mas eu não vou conseguir andar (risos).
Fisicamente, você é outra pessoa, né? A pele está melhor, está mais forte, se veste melhor...
É, a coisa era esquisita...
Você era magro?
Era raquítico.
Quanto você pesava?
Olha, de altura tenho 2 metros cravados. Eu pesava um pouco mais de 70 quilos, não tinha axé pra nada (risos). Hoje, tenho 112 quilos.
Essa mudança foi por causa da vaidade?
É difícil pra pessoa que é alta e magra. Nenhuma roupa cai bem, é estranho. Meus amigos falavam: "Pelo amor de Deus! Você está seco! Vai malhar!".
Você tinha algum apelido na escola?
Girafa.
E mesmo assim conseguia pegar mulher?
Sim, mas eu era muito tímido e medroso.
Mas ninguém faz o que você faz no palco sendo tímido de verdade...
Mas aquilo é só no palco, né? Se bem que hoje eu melhorei bastante.
Você tomou bomba pra ficar fortão?
Tomei hormônio masculino uma época.
Mas isso é bomba.
Não é! Bomba é anabolizante de cavalo.
Foi legal pra você?
Foi bom. Hormônio masculino é coisa natural, eu aconselho... Brincadeira!
Não, hormônio masculino é anabolizante também. Por quanto tempo você tomou?
Dois anos.
Você gosta de ir pra balada? Como se arruma alguém para namorar?
Na balada é difícil. E balada em Salvador também é muito fraca. Aqui é mais pagode.
E como você faz pra se divertir?
Vou pra minha comunidade, faço churrasco na laje, fundo de quintal...
Você anda na rua lá?
Sim. Rola assédio, mas não tanto, porque o pessoal já me conhece.
Você já recebeu proposta para posar nu?
Três vezes!
Da 'G Magazine'?
Sim.
A última proposta era sempre maior que a anterior...
Não sei, o pessoal do escritório só me disse que fui chamado. Depois, fiquei sabendo que chegava a quase quatro dígitos (R$ 1 milhão).
E por que você não aceitou a proposta?
Não tenho nada contra quem posa, mas não me vejo naquilo. Meu público infantil é muito grande.
Você já folheou a revista?
Já olhei, sim.
Qual?
Não lembro.
Para o homem, é diferente ficar nu numa revista?
É... Às vezes fica meio vulgar. É diferente da mulher, que fica mais artístico.
O que mais deslumbra? A fama ou o dinheiro?
O momento de deslumbre já passou.
O que você fez de errado e não voltaria a fazer?
Não me arrependo de nada.
Mas não houve momentos de choque?
Nunca tive nenhum deslumbre. Eu vim de um lugar muito humilde.
Que artistas você gostaria de conhecer?
O Usher (rapper americano), o Michael Jackson, se estivesse vivo, o Justin Timberlake, não o (Justin) Bieber (risos). Confesso que fui ao show dele (Bieber) em São Paulo e gostei. É uma promessa e está mudando o estilo.
Você está namorando?
Namorando enrolado. É uma médica. A gente se conheceu na noite de Salvador, num lugar bem casual. A gente se olhou, trocou contatos e depois voltou a se falar.
Estão juntos há quanto tempo?
Daqui a pouco faz um ano.
O que você quer da vida?
Crescer como artista e também como pessoa. Ah, e tenho um sonho de desfilar numa passarela de moda, sou muito fã desse negócio de roupas, vejo os caras desfilando de cueca, de sunga, de camiseta e sempre penso: "Um dia vou desfilar aí".
E ninguém te chamou até agora?
Até agora, não!
Então a gente precisa agilizar isso, né?
(risos)Postado Por:Daniel Filho de Jesus