O que é que está faltando para uma intervenção – política e judicial – da Prefeitura de Mossoró?
Motivos têm de sobra.
E o risco de dilapidação do restinho que sobrou é iminente.
Não há exagero na assertiva.
A atual gestão não tem mais legitimidade de continuar à frente do Município, porque perdeu todas as condições de governar. Coisa parecida – ou pior – do que ocorreu em Natal, quando as autoridades responsáveis pela coisa pública afastaram a então prefeita Micarla de Souza.
Em Mossoró, o caos no sistema de saúde pública é mais do que suficiente para justificar uma intervenção. A saúde entrou em colapso:
1 – A Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do São Manoel parou nesta terça-feira, 11, porque os servidores cruzaram os braços em protesto ao atraso de salário, direitos trabalhistas e à falta de condições de trabalho;
2 – Desabastecimento em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Falta tudo, do simples gaze para curativo à insulina para pacientes diabéticos;
3 – As UBSs, quase a totalidade, estão ameaçadas de sofrer paralisação. Algumas ameaçadas de despejo porque a Prefeitura não paga em dia o aluguel dos imóveis;
4 – Os pacientes com câncer têm o atendimento comprometido porque a Prefeitura não cumpre o simples dever de transferir aos prestadores de serviços os recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) que são repassados rigorosamente em dia pelo Ministério da Saúde. Inclusive, a direção do Hospital Wilson Rosado denunciou a gestão municipal ao Ministério Público Federal por suposto crime de apropriação indébita;
5 – O transporte de pacientes com câncer que faz tratamento em Fortaleza (CE) ou Natal foi suspenso no início da semana por atraso de pagamento dos serviços já prestados;
6 – As ambulâncias do Município, quase a totalidade, estão sucateadas e sem condições de uso.
Se há um completo e total desmantelo na saúde pública, pergunta-se: o que está sendo feito com os recursos da saúde? O curioso é que, quando prestadores de serviços (indispensáveis) ameaçam suspender o serviço por atraso de pagamento, de imediato aparece dinheiro para quitar parte da dívida. Isso sugere que há algo errado.
Paralelamente, e indiferente à crise financeira, o prefeito Silveira Júnior (PSD) continua nomeando cargos comissionados. Na última edição do JOM, que está no ar, foram 20 nomeações, entre elas a do pastor Micael Melo, que foi o vice-prefeito da chapa de Silveira, para o cargo de secretário do Planejamento.
Ressalte-se: faltando apenas 80 dias para o fim do governo.
Há uma temeridade de que o buraco, que já é fundo, continue sendo cavado, a ponto de inviabilizar a Prefeitura por completo, e isso só será impedido com uma intervenção.
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