Ela já foi a protagonista de clássicos da literatura, como ‘Dom Casmurro’, de Machado de Assis, e ‘O Primo Basílio’, de Eça de Queiroz. E apesar de nos dois romances a traição ter como personagem principal a mulher, a infidelidade ainda é uma característica preponderante do sexo masculino no Brasil.
Esta é a conclusão da pesquisa Mosaico 2.0, coordenada pela psiquiatra Carmita Abdo, do Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Entre homens, 50,5% admitiram já terem sido infiéis em seus relacionamentos. Entre as mulheres, a traição foi assumida por 30,2% das entrevistadas. Entre homens e mulheres, a média nacional de traição é de 40,5%.
Pelo levantamento, a faixa etária em que a traição é mais
frequente situa-se entre 41 e 50 anos _ 53,8% dos entrevistados
confessaram ter um histórico de infidelidade. Homens e mulheres com
idade entre 51 e 60 anos também têm alto índice de traição: 50,2%. Os
jovens são os mais fiéis: apenas 23,8% com idade entre 18 e 25 anos
admitiram ter traído o parceiro.
A pesquisa ouviu três mil
brasileiros de sete regiões metropolitanas do país: São Paulo, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Belém, Porto Alegre e Distrito
Federal. Os entrevistados – 49% de mulheres e 51% de homens – tinham
entre 18 e 70 anos. Pelo levantamento, os cariocas ficam acima da média nacional quando se trata de traição: 41,2% reconheceram ter “pulado a cerca”. Mas a capital campeã de traição é Salvador, onde 45,8% admitiram ter tido uma relação extraconjugal. Já São Paulo é o local com a menor porcentagem de infiéis: 33,8%.
Há ainda uma pequena parcela da população que diz não ter um acordo de exclusividade com seus parceiros. Isso ocorre com 3,4% dos homens e com 2,6% das mulheres. Além disso, 3,2% dos homens e 5,6% das mulheres afirmaram que não fazem sexo.
Segundo Carmita Abdo, a disparidade no porcentual de traição entre homens e mulheres já era esperada.
Ela argumenta que, especialmente na cultura latina, o homem costuma não considerar relações eventuais de caráter exclusivamente sexual como algo que coloque em risco seu relacionamento com a pessoa com a qual tem um projeto de vida em conjunto.
“O homem diz que isso faz parte da natureza masculina, que ele não vai abrir mão da oportunidade”, observa Carmita. Já as mulheres quando traem estão, de modo geral, insatisfeitas com o relacionamento. “Geralmente há uma insatisfação sexual ou afetiva, por isso ela se permite”, afirma.
Apesar de continuarem traindo menos que os homens, as mulheres têm mudado seu comportamento sexual nos últimos anos. “Na medida em que a mulher começa a ganhar autonomia e a ter um maior nível socioeconômico e intelectual, existe uma mudança de ordem sexual, incluindo a questão da infidelidade”, diz Carmita.
Esse novo comportamento foi detectado em resultados da mesma pesquisa , que mostram que 57,1% das mulheres acreditam que fariam sexo com alguém só por atração.
Sexo três vezes por semana
A pesquisa Mosaico 2.0 também concluiu que a frequência sexual dos brasileiros é de, em média, 2,9 relações por semana. Mas, homens e mulheres gostariam que esse número fosse quase o dobro: a expectativa média é de 5,5 relações por semana.
De acordo com o estudo, os homens têm em média mais relações sexuais por semana do que as mulheres: 3,15 contra 2,65. As expectativas também são mais altas na ala masculina: eles gostariam de ter em média 6,48 relações por semana e elas, 4,58.
Segundo a coordenadora da pesquisa, Carmita Abdo, a frequência sexual está diretamente relacionada com a faixa etária e estado civil das pessoas. Entre os jovens, essa frequência pode ser ainda menor _ não por falta de vontade nem de tempo _ , mas pela ausência de um local adequado ou das condições econômicas necessárias.
Já os adultos têm o lugar e a vontade, mas podem desanimar por causa excesso de trabalho, preocupações com o orçamento doméstico e os filhos. Na terceira idade, as dificuldades estão relacionadas ao envelhecimento.
Dificuldades sexuais
Quando o tema é dificuldades sexuais, a disfunção erétil e a ejaculação precoce são as maiores aflições dos homens . Já as mulheres sofrem com a falta de orgasmo e de desejo. De acordo com a pesquisa Mosaico 2.0, problemas na ereção foram relatados por 32,4 % dos homens. Já 45,2 % reconheceram ter dificuldades para controlar a ejaculação. O baixo desejo sexual foi admitido por 30,9% da população masculina .
Entre as mulheres destacou-se a dificuldade para alcançar o orgasmo: quase metade das entrevistadas (44,4%) confessou sofrer desse bloqueio, de forma leve à grave, com predominância entre as mais jovens, de 18 a 40 anos. Já 40,3% das mulheres relataram ter dor durante o ato sexual.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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