O presidente em exercício, Michel Temer, afirmou nesta terça-feira (21), em entrevista exclusiva ao programa Roberto D'Avila, da GloboNews, que não traiu "ninguém" para chegar à Presidência da República. Ele deu a declaração ao ser questionado pelo jornalista sobre o discurso da presidente afastada, Dilma Rousseff, de que foi vítima de um "golpe" e as acusações da petista de que ele seria um dos principais articuladores do impeachment.
Na entrevista exibida nesta terça, Temer também criticou a proposta defendida por parte da oposição de novas eleições para presidente caso Dilma consiga barrar o processo de impeachment no Senado.No dia 10, Dilma defendeu, em entrevista à TV Brasil, uma "consulta popular" para verificar a opinião dos eleitores a respeito dos rumos do mandato, caso ela consiga retornar ao comando do Palácio do Planalto, dando a entender que apoiaria um plebiscito para avaliar a antecipação das eleições presidenciais. Na ocasião, a petista afirmou que essa seria a única maneira de "lavar" o que ela chamou de "lambança do governo Temer".
Rreportagem do jornal "O Globo" publicada em 3 de junho mostrou que Dilma já aceitou uma proposta de parlamentares petistas de convocar um plebiscito para consultar a sociedade sobre a antecipação das eleições presidenciais. Emissários de Dilma no Senado, como a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), ex-ministra da Agricultura, têm feito sondagens a parlamentares sobre a hipótese de fazer o plebiscito junto com as eleições municipais, a respeito da interrupção do mandato e da convocação de novas eleições em 90 dias, informou a publicação.
"Eu não acho útil para a senhora presidente [fazer novas eleições]. Porque, no instante em que ela diz que aceita um plebiscito para eleições, é porque ela deseja voltar para depois não governar. Não é útil porque, se vai voltar para depois convocar eleições, então é porque não quer governar", ressaltou Temer na entrevista à GloboNews.
"Muitas vezes dizem que houve golpe. E golpe é ruptura em relação à Constituição. E aquilo que está havendo é obediência estrita ao texto constitucional. Eu não traí a ninguém. Na verdade, o que houve foi um processo de impedimento. Eu não fiz nenhum movimento em relação a isso. E o impedimento se deu, convenhamos, até por uma maioria muito significativa", complementou o peemedebista.
Na entrevista a Roberto D'Avila, Temer foi questionado sobre o motivo de, mesmo tendo tido uma relação conturbada com Dilma durante o primeiro mandato da petista, aceitou voltar a ser o candidato a vice nas eleições de 2014.
Segundo Michel Temer, a decisão de se candidatar mais uma vez como vice de Dilma se deu por "circunstâncias políticas". Ele disse, entretanto, que logo após ser reeleito ao lado da petista, cobrou dela que deixasse de ser um "vice decorativo".
"Logo que nós nos elegemos pela segunda vez, eu fui a ela e disse: 'Presidente, eu vou ser muito franco com a senhora. A senhora sabe que eu fui um vice decorativo no primeiro mandato. Eu não quero repetir essa fórmula no segundo mandato. Espero que a senhora leve em conta isso, porque a senhora sabe que tenho um partido atrás das minhas costas'", relatou o presidente em exercício.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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