Abertamente, ninguém fala sobre o que vai fazer a partir do momento em que a presidente Dilma Rousseff for afastada do cargo, o que é dado como certo dentro do governo. Seus principais auxiliares, que têm se reunido diariamente com a petista, guardam a sete chaves seus destinos. Mas os ministros mais próximos já preparam seus projetos para a quarentena de seis meses, período em que estarão impossibilitados de assumir funções que conflitem com o serviço que prestaram no governo
Jaques Wagner (chefia de Gabinete) voltará para a Bahia, onde fez o sucessor no governo do estado, o petista Rui Costa. A avaliação de funcionários próximos a ele é que Wagner poderia vir a integrar formalmente o governo estadual, possivelmente com um cargo de secretário. Edinho Silva (Comunicação Social) voltará para Araraquara (SP), onde pretende se candidatar a prefeito, e quer ajudar a reorganizar o PT em São Paulo. Edinho já foi presidente estadual do partido e é muito próximo ao ex-presidente Lula. Tarefa semelhante no campo partidário deverá caber a Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), que deve focar na articulação junto aos sindicatos em São Paulo, sua origem política. Nos corredores do Planalto já se comenta que o presidente do PT, Rui Falcão, pode ser substituído por Jaques ou Berzoini.
O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, bastião de defesa de Dilma, também passará por uma quarentena. No seu entorno, assessores manifestam dúvida sobre a possibilidade de ele permanecer advogando para Dilma. Caso a Comissão de Ética Pública considere essa atividade irregular, ele deverá ajudá-la informalmente, durante o período sabático. Depois, deverá voltar a advogar.
Os petistas sabem que o desafio será a reestruturação do PT, de olho nas eleições de 2018. Anteontem, Berzoini esteve com sindicalistas na capital paulista para sentir a disposição desses movimentos em se engajar no movimento por novas eleições presidenciais e em atos contra o governo Temer nos meses em que Dilma estiver afastada.
DILMA PODERÁ MANTER EQUIPE NO ALVORADA
Se for afastada do cargo pelo Senado, Dilma fará de sua residência oficial, o Palácio da Alvorada, local de trabalho. E poderá contar com uma pequena estrutura e uma equipe enxuta de apoio. Devem continuar trabalhando com ela seu assessor especial Giles Azevedo; a chefe de gabinete adjunta de informações em apoio e decisão, Sandra Brandão, e o assessor pessoal Bruno Monteiro. Nos corredores, fala-se também na possibilidade de o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, integrar esse time.
No Alvorada, Dilma conta com duas telefonistas, cozinheira, garçom, seguranças e uma pequena equipe médica. Além dela, mora no palácio sua mãe, Dilma Jane Silva, de 92 anos. Embora possa utilizar a casa de campo da Presidência, a Granja do Torto, não há planos para que o local seja frequentado por Dilma.
Apesar do abatimento que esconde atrás do discurso de que irá lutar até o fim em defesa de seu mandato, a presidente tem se preparado para estruturar uma batalha. Nesse front, auxiliares nutrem a expectativa de que entidades e partidos da esquerda se unam em apoio à petista.
O agrupamento, chamado de Frente Única de Esquerda, é formado por agremiações como PT, PCdoB, PSOL, CUT, União Nacional dos Estudantes (UNE), Movimentos dos Sem-Terra (MST) e grupos de juristas e mulheres que adotaram o discurso de que o impeachment configura um golpe de Estado.
Somente depois que houver a confirmação de que terá de desocupar a cadeira presidencial é que Dilma terá mais clareza sobre a estratégia que adotará em sua resistência: encampar a tese das eleições diretas ou manter acesa a do golpe enquanto espera o julgamento final.
Jaques Wagner: O chefe de gabinete de Dilma deve voltar para a Bahia, onde fez o sucessor no governo do estado, o petista Rui Costa. Wagner poderia ocupar uma secretaria no governo baiano, mas também é cotado para assumir posições de direção no PT para ajudar a reestruturar o partido.
Edinho Silva: O ministro da Comunicação Social pode voltar para Araraquara (SP), onde pretende ser candidato a prefeito neste ano. Ele ocupou o cargo na cidade entre 2001 e 2008. Outro plano é ajudar a reorganizar o PT em São Paulo. Edinho presidiu a legenda no estado de 2007 a 2013 e poderia voltar ao posto.
Ricardo Berzoini: O secretário de governo de Dilma quer se dedicar ao fortalecimento do contato com sua base, concentrada especialmente nos sindicatos de São Paulo. Ele também é cotado para suceder Rui Falcão na presidência do PT. Berzoini já presidiu o partido entre 2005 e 2010, assumindo no auge do escândalo do mensalão.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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