
Apesar dos esforços do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em manter o apoio do PMDB, a Convenção Nacional do partido, que ocorre neste sábado (12), deve marcar o início do desembarque da sigla do governo.
Segundo parlamentares peemedebistas ouvidos pelo G1, não haverá um rompimento oficial com a presidente Dilma Rousseff, mas poderá ser aprovada uma moção por maior independência do partido e um documento que libere os votos no processo de impeachment da petista.
“Não vai ter mudança do status quo na convenção do PMDB. Mas vai ter moção de monte. Deve ter de impeachment, de afastamento...”, disse o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).
As moções que estão sendo preparadas por diferentes alas do PMDB vão desde defesa do desembarque total do partido do governo até pedido de maior distanciamento. A tendência é que seja escolhido um meio termo com defesa de, além de liberdade no processo de impeachement, independência nas demais votações no Congresso.
“Nós estamos trabalhando. Vai ser a convenção mais oposicionista da história de 11 anos que estamos com o PT. Vamos apresentar inúmeras moções, e uma delas vai ser o afastamento do governo, e independência nas votações. O PMDB, se continuar com o PT, vai morrer afogado com ele”, disse ao G1 o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), um dos defensores do rompimento com o governo.
Nova direção
A convenção também servirá para eleger a nova direção do PMDB. A expectativa é de que o atual presidente nacional da sigla, Michel Temer, vice-presidente da República, seja reeleito. Ciente da tendência de afastamento do PMDB, Lula tomou café da manhã na última quarta (9) com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e outros senadores peemedebistas.
Mas, no mesmo dia, Renan e Eunício Oliveira jantaram com a cúpula do PSDB e anunciaram que os dois partidos vão “caminhar juntos” em busca de alternativas para a crise política, o que inclui discutir a possibilidade de impeachment de Dilma. O enfraquecimento de Lula, que é investigado pela Operação Lava Jato e foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), também pesou para a aproximação do PMDB com o PSDB. O ex-presidente petista também foi alvo, nesta quinta-feira, de pedido de prisão feito pelo MP-SP.
Desde o primeiro mandato, a presidente Dilma Rousseff teve dificuldades em manter a lealdade do PMDB na Câmara, mas encontrou respaldo entre senadores peemedebistas. A reunião desta quarta com o PSDB demonstra que até mesmo a ala do PMDB que tradicionalmente defendia Dilma agora discute cenários de afastamento da petista do governo.
Desafeto de Dilma e principal defensor do rompimento do PMDB com o PT, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), opinou que a convenção deve discutir a saída do governo ou, pelo menos, declarar de forma clara independência nas votações do Congresso Nacional.
“O PMDB está dividido. Parte não quer ficar no governo, quer romper com o governo. A outra parte quer manter no governo. Então, não tem como não discutir esse assunto, nem que seja para definir independência: cada um faz o que quer. Mas alguma coisa tem que ser discutida. Não podemos fazer uma convenção e fazer de conta que não existe o problema que existe”, afirmou.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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