
O marqueteiro João Santana disse à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (25) que não sabia que deveria ter declarado à Receita Federal uma conta bancária que tem na Suíça. O depoimento durou mais de três horas, na Superintendência da PF, em Curitiba. (Veja no fim da reportagem a íntegra do depoimento)
Santana e a mulher dele, Mônica Moura, estão presos desde terça-feira (23). Eles são suspeitos de receber dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras desvendado pela Operação Lava Jato.
O dinheiro seria, de acordo com as investigações, pagamento de serviços eleitorais prestados ao Partido dos Trabalhadores (PT). Santana foi marqueteiro de vários candidatos do partido e atuou nas campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Conta
No depoimento, Santana assinou uma autorização para "acesso integral a todos os dados da conta" mantida no exterior.
Ele disse à PF que a conta, em nome da empresa Shellbill Finance SA, foi aberta em 1998 para receber cerca de US$ 70 mil por um serviço de campanha eleitoral realizado na Argentina.
Santana afirmou no depoimento que Mônica sempre cuidou da parte administrativa e financeira do casal e que, apesar de ser o controlador da conta na Suíça, era ela a responsável pelas movimentações.
O marqueteiro disse, ainda, que não saberia esclarecer a origem dos valores que ingressaram na conta, que era uma "poupança" para sua aposentadoria.
"Na época, ele achou que não tinha problema [não declarar] porque eram recursos recebidos em outro país e, ao longo de uma auditoria recente, ele foi informado que havia essa irregularidade. Ele estava já tomando as medidas, pensando na forma de regularizar esses recursos", afirmou Fábio Tofic, advogado de João Santana.
Segundo ele, os recursos recebidos no exterior são pagamentos por trabalhos feitos em campanhas eleitorais em países como Panamá e Angola, além de Argentina. Tofic voltou a afirmar que, em relação à campanha do PT, está tudo declarado à Justiça Eleitoral.
Pagamentos de Zwi Skornicki
No depoimento, Santana negou conhecer o engenheiro Zwi Skornicki e disse que nunca teve qualquer relação comercial com ele. No entanto, foi uma carta da mulher de Santana supostamente endereçada a Skornicki que motivou a 23ª fase da Operação Lava Jato.
João Santana disse não ter tomado conhecimento da carta ou de contato de Mônica com Skornicki e que não sabia que a conta Shellbill havia recebido dinheiro do engenheiro.
O Ministério Público Federal (MPF) acredita que Skornicki era operador no esquema de desvios na Petrobras e responsável por repasses ao PT por meio do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, preso desde 2015 pela Lava Jato. As investigações apontam que Skornicki era o representante do estaleiro Keppel Fels e que repassou US$ 4,5 milhões a Santana.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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